Todo ano, 1,2 mil estudantes que integram ou pretendem integrar algum programa de pós-graduação na UFSM realizam o Teste de Suficiência em Leitura em Língua Estrangeira (TESLLE). Destes, 700 alunos prestam o exame para a língua inglesa (TESLLE-LI). Até a chegada da prova, ansiedade, apreensão e dúvidas são naturais frente a esse processo que compõe a vida acadêmica. Mas, a partir da edição de 2021, os alunos que irão realizar o teste em inglês contarão com uma grande ajuda: o guia prático de estudo para o teste de suficiência em inglês da UFSM.
O guia para o TESLLE-LI é fruto de um Trabalho Final de Graduação (TFG) ( equivalente ao TCC na área de Letras) e de uma dissertação, de autoria de Amanda Petry Radünz e William Dubois, respectivamente.
Segundo Patrícia Marcuzzo, professora no Departamento de Letras Estrangeiras Modernas (DLEM) da UFSM e elaboradora do guia, o objetivo das pesquisas era compreender os testes de suficiência e fazer uma análise minuciosa de determinados aspectos com base em teorias da linguística. Ou seja, inicialmente os trabalhos não tinham sido pensados para servirem como manual.
O contexto atual, marcado pela desvalorização da ciência e cortes orçamentários para a educação pública, fez com que a professora começasse a pensar em maneiras de divulgar de forma didática o que produzia com seus discentes. “Eu me questionei: como as pessoas vão valorizar o que a gente faz se elas nem conhecem? Então eu pensei, junto com os meus alunos, em um projeto que divulgasse os nossos resultados”. Assim, nasceu o projeto de extensão “Didatização e divulgação de resultados de pesquisas da área de Linguística Aplicada”, que tem como objetivo popularizar o conhecimento científico na área de língua inglesa.
No ano passado, esse mesmo projeto lançou o Manual para o ENEM, também desenvolvido com base em resultados de pesquisas científicas. O manual para o TESLLE-LI se baseia nas questões dos últimos seis anos. “É algo inédito, nunca foi feito nada semelhante. Analisamos todas as questões que tínhamos disponíveis, tentando ver o enfoque dessas questões, a estrutura, os textos bases dessas questões”, destaca Patrícia.
O conteúdo do material é dividido em cinco itens. O primeiro trata sobre a estrutura do TESLLE-LI, a quantidade e o tipo de questões, a aplicação dos idiomas português e inglês, o que e como o candidato deve responder cada questão. O segundo tópico aborda o texto base que compõe o teste, sua origem, seu tema e tamanho. Já o terceiro explica sobre a forma que as questões são estruturadas, e quais os cinco tipos mais frequentes – de acordo com os testes anteriores. O quarto tópico complementa o anterior, com orientações sobre os 12 tópicos mais exigidos no exame.
Por último, é mostrado o processo de resposta às questões, o tempo total de resolução, qual deve ser o tempo médio para desenvolver cada uma das atividades, por onde começar e o que fazer ao se deparar com palavras desconhecidas. Exemplos de questões são apresentados para ilustrar a explicação.
A professora Patrícia acredita que essa análise estrutural do TESLLE-LI também pode ser útil para os examinandos que realizarão a prova em outros idiomas, visto que há um padrão lógico similar em todos os testes. “É preciso que haja uma semelhança entre as provas, os textos base serão autênticos em todas as línguas, o que fazer e o tempo de duração do teste permanecem iguais”, complementa.
A história e a importância do TESLLE
Toda instituição de Ensino Superior com ao menos um curso de pós-graduação credenciado pela Capes deve ofertar testes de suficiência, principalmente para alunos de pós-graduação, uma vez que a suficiência em língua estrangeira é pré-requisito para a defesa da dissertação. Seu formato atual, no entanto, é bastante diferente do que era no passado, como relata Patrícia: “Colegas mais experientes contam que, no passado, os alunos chegavam no departamento para pedir uma comprovação e era realizado um teste de balcão, feito na hora. Com o tempo e crescimento da universidade e dos programas de pós-graduação, o teste foi intitucionalizado”.
As regras para o TESLLE foram estabelecidas por meio de uma portaria publicada em 2010. O documento definiu que o DLEM seria o responsável pela elaboração de um teste padrão, aplicável a alunos de todos os departamentos. Além disso, foi estabelecida a criação de uma comissão específica para o teste, composta por professores de Letras e servidores da universidade.
Foi por influência desta comissão que Patrícia começou a definir sua área de pesquisa. Ao ingressar como docente na universidade em 2011, logo ela foi encarregada de atuar na comissão do TESLLE junto a outros professores. Ao longo de seis anos, ela participou e influenciou algumas das mudanças que o teste sofreu. “Minha trajetória começa participando da comissão e, com o tempo, eu pensei em investigar esses testes, sempre com o objetivo de melhorar, de dar uma visão de fora como perspectiva de pesquisa”.
TESLLE ou TOEFL? Proficiência ou suficiência?
Uma dúvida que surge em boa parte dos examinandos é a diferença entre o TESLLE-LI e o TOEFL. O primeiro ponto a se destacar é a abrangência: o TESLLE-LI é feito apenas por pessoas vinculadas à UFSM, enquanto o TOEFL é aberto para o público em geral. Ainda, o TESLLE aborda apenas a questão da leitura, enquanto o TOEFL pode englobar compreensão e expressão oral. Outra diferença é a fonte dos textos: enquanto o teste da Universidade seleciona textos de publicações científicas, o TOEFL cria os textos especificamente para as suas avaliações.
Apesar das diferenças, o TOEFL também serve como atestado de suficiência para a Universidade, porém é preciso apresentar o resultado do teste para que ele seja validado.. A certificação do TESLLE, por sua vez, fica registrada no histórico assim que o candidato for aprovado.
Uma dúvida que, segundo Patrícia, atinge até mesmo colegas de sua área é a diferença entre o teste de suficiência e o teste de proficiência. Apesar do significado distinto entre proficiência (maestria) e suficiência (quantidade o suficiente para algo), o objetivo dos testes é o mesmo. “Eles, muitas vezes, são equivalentes, mas em outras instituições é chamado de teste de proficiência”, explica Patrícia.
Próximos passos do projeto
Para aqueles que estão interessados em realizar o TOEFL, a previsão de Patrícia é que, no início de 2022 ou até mesmo no final deste ano, comece a elaboração de um manual específico para o teste: “Nós também já temos resultados de pesquisa referentes a ele. E, nesse caso, o TOEFL é mundialmente conhecido e tem um alcance maior entre o público brasileiro”.
Já a prova do TESLLE-LI ocorrerá no dia 7 de novembro. Para os que irão realizar o exame, o guia completo já está disponível. Boa sorte!
Expediente
Repórter: Bernardo Salcedo, acadêmico de Jornalismo e bolsista
Ilustrador: Noam Wurzel, acadêmico de Desenho Industrial e bolsista
Mídia Social: Samara Wobeto, acadêmica de Jornalismo e bolsista; e Eloíze Moraes, estagiária de Jornalismo
Edição de Produção: Esther Klein, acadêmica de Jornalismo e bolsista
Edição Geral: Luciane Treulieb e Maurício Dias, jornalistas