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Estrangeiro na UFSM



Meu nome é Nicásio Gouveia, tenho 33 anos, e sou natural de Bolama, Guiné-Bissau, África. Desde a infância, meu maior sonho era ser jogador de futebol, porém, por falta de um empresário para fazer a apresentação em um clube de Portugal, o projeto da minha vida tomou outros caminhos. Em 2009, surgiu a possibilidade de fazer o processo de admissão do Programa de Estudantes – Convênio de Graduação (PEC-G) na Embaixada do Brasil em Guiné-Bissau. Após prestar o processo, fui aprovado para uma vaga no curso de Bacharelado em Estatística na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul.

Nicásio Gouveia é bacharel (2016) e especialista (2018) em Estatística pela UFSM. Atualmente, é doutorando em Estatística e Experimentação Agronômica na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq- USP).

Cheguei ao Brasil em março de 2010, aos 22 anos, com o sonho de cursar Estatística na UFSM. No primeiro dia em Santa Maria, era necessário fazer os documentos na Polícia Federal para legalizar a minha estadia no Brasil. Além disso, me deparei com a dificuldade de encontrar uma casa para morar. Consegui um quarto na Pensão do Alemão, que fica na Avenida Roraima, em Camobi, próximo à UFSM. No dia seguinte, o Paulo (que era responsável do Departamento de Registo e Controle Acadêmico da Universidade) me indicou a pensão da Dona Sônia Behr. Quando cheguei na casa da Sônia, encontrei ela e o marido, Severo, que me receberam. Disse que estava à procura de uma casa para ficar durante o tempo de estudos na Universidade. Entretanto, não havia vaga naquela casa. Diante disso, ela me orientou a continuar pela procura de um outro local e, caso não encontrasse até o final do dia, poderia voltar a procurá-la.

Depois de caminhar por quase todo Camobi, voltei a falar com ela. Ela me acolheu por uma semana, sem cobrar um centavo. Depois disso, consegui outro local, mas a Sonia me disse que, quando liberasse uma vaga, seria avisado para retornar. Depois de três meses, um quarto finalmente foi liberado. Imediatamente fiz a mudança e foi onde fiquei por oito anos. Não tenho palavras para descrever o que Sônia e Severo fizeram por mim. Desde o primeiro dia que a encontrei, me tratou como um filho, até os dias de hoje. Ela, sem dúvida, é minha mãe adotiva no Brasil, e agradeço muito por tudo.

Na época, tudo era novo para minha adaptação. A cultura da cidade, os hábitos, o clima, a gíria gaúcha, entre outras coisas. Quando comecei o curso de Bacharelado em Estatística, tive muitas dificuldades, que não cabem mencionar aqui. Pensei em desistir e trocar pelo curso de Administração, mas a professora Luciane Jacobi, na época a coordenadora do curso, me incentivou a não desistir e me deu todo o suporte para seguir. Ela foi fundamental para a minha formação, tanto em relação aos estudos, quanto financeiramente para minha estadia nos primeiros seis meses. Devo muito a ela, e também à secretária do Departamento, Rosa, e demais professores do Departamento de Estatística. Vale ressaltar também um agradecimento ao professor Marcio Miotto, do Departamento de Matemática, que sempre me incentivou nesta jornada.

Tentei resumir aqui a minha história ao longo dos oito anos em Santa Maria, mas o que vivi na cidade, especialmente na Universidade, poderia render um livro! A UFSM foi muito importante na minha formação acadêmica, pessoal e profissional: abriu-me portas e proporcionou-me novos horizontes e conhecimentos. Atualmente, sou doutorando no Programa de Pós-Graduação em Estatística e Experimentação Agronômica na Universidade de São Paulo, no Campus Luiz de Queiroz.

Ilustração e diagramação: Cristielle Luise

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