Ep6: O universo é um grande cassino
O que uma máquina de cara ou coroa e um mágico amador têm a ver com o fato de que não existe sorte, tudo é uma questão de cálculos determinísticos? Isso, claro, a menos que estejamos falando de quântica.
Acesse a transcrição do episódio e a tradução para o inglês.
Por que o cara ou coroa não é decidido na sorte? E se for um cara ou coroa quântico? No episódio 6 a gente fala sobre probabilidade. No primeiro bloco, a gente fala sobre por que essas coisas que a gente gosta de chamar de aleatórias, como o cara ou coroa, num certo sentido não são realmente aleatórias. Já no bloco dois, a gente conta um pouquinho mais sobre medições quânticas e por que, essas sim, são aleatórias de verdade. E no bloco 3 a gente fala sobre criptografia e o que ela tem a ver com tudo isso.
A gente abre o episódio contando sobre experimentos sobre o aprendizado de probabilidade por animais. A gente deixa aqui duas referências para artigos sobre experimentos realizados com pombos:
- P. Shimp, Probabilistically reinforced choice behavior in pigeons, J Exp Anal Behav. 9(4): 443–455 (1966).
- T. Herbranson and J. Schroeder, Are Birds Smarter Than Mathematicians? Pigeons (Columba livia) Perform Optimally on a Version of the Monty Hall Dilemma, J Comp Psychol. 124(1): 1–13 (2010).
No bloco 1, a gente fala sobre probabilidade intrínseca e probabilidade aparente, e menciona alguns resultados do matemático Persi Diaconis. O resultado do Diaconis e de colaboradores sobre as probabilidades de um cara-ou-coroa é encontrado no artigo: P. Diaconis, S. Holmes, and R. Montgomery, Dynamical Bias in the Coin Toss, SIAM Review 49, Iss. 2 (2007). O resultado sobre o número de embaralhadas necessário para deixar as cartas de um baralho aleatórias está no artigo: D. Bayer, P. Diaconis, Trailing the Dovetail Shuffle to its Lair, Ann. Appl. Probab. 2(2): 294-313 (1992). Nesse link você encontra a entrevista do Diaconis para o canal do YouTube Numberphile, onde ele fala dos seus resultados sobre embaralhamento de cartas. E aqui você pode ler uma entrevista do Diaconis, para o jornal Português Nascer do Sol, que inspirou boa parte do episódio.
No bloco 2, a gente falou sobre como os resultados de medições quânticas são intrinsecamente probabilísticos, já que a ideia de completar a teoria quântica, pelo menos assumindo algumas hipóteses muito naturais, falha. O artigo do trio EPR que levantou a questão sobre o completamento da teoria quântica pode ser encontrado aqui: A. Einstein, B. Podolsky, and N. Rosen, Can Quantum-Mechanical Description of Physical Reality Be Considered Complete?, Phys. Rev. 47, 777 (1935). Outra figura importante nessa discussão, e que acabou ficando de fora do episódio, é o físico norte-irlandês John Bell. Em seu artigo On the Einstein Podolsky Rosen paradox, Phys. Phys. Fiz., 1, 195 (1964), o Bell formalizou a ideia de completamento local e introduziu o que hoje é chamado de Desigualdades de Bell. Essas desigualdades foram cruciais para a realização de experimentos que demonstram a não-localidade quântica, o que levou ao prêmio Nobel de física de 2022.
E, finalmente, no bloco 3, a gente falou de criptografia quântica e como essa é uma tecnologia quântica já está em estágio avançado. A gente deixa aqui referências para algumas implementações de redes de criptografia quântica pelo mundo:
- Elliott et al., Current status of the DARPA Quantum Network, arXiv:quant-ph/0503058 (2005)
- Peev et al., The SECOQC quantum key distribution network in Vienna, New J. Phys. 11 075001 (2009)
- Sasaki et al., Field test of quantum key distribution in the Tokyo QKD Network, Optics Express 19, Issue 11, 10387-10409 (2011)
E aqui você pode ler sobre a primeira videoconferência encriptada usando a quântica, que foi realizada entre a Academia Austríaca de Ciências e a Academia Chinesa de Ciências.
Créditos do episódio:
Idealização: Leonardo Guerini e Gláucia Murta
Produção: Gláucia Murta, Leonardo Guerini, Luciane Treulieb, Samara Wobeto e Vitor Zuccolo
Apresentação: Glaucia Murta, Leonardo Guerini e Luciane Treulieb.
Roteiro do episódio: Leonardo Guerini, com contribuições da Gláucia Murta, Luciane Treulieb e Samara Wobeto
Consultoria de roteiro: equipe do podcast Ciência Suja
Edição de som: Leonardo Guerini
Suporte de gravação: Pablo Ruan
Mixagem: Felipe Barbosa
Música original: Pedro Leal David
Identidade visual e as ilustrações de capa: Augusto Zambonato
Mídias sociais: Milene Eichelberger
Site: Daniel M. De Carli
O Q Quântico é produzido dentro de universidades públicas. Contamos com o apoio de diversos funcionários das nossas instituições que contribuíram para que o podcast chegasse ao seu formato final. Agradecemos o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do cluster de excelência “Matter and Light for Quantum Computing” (ML4Q) da Alemanha. E o suporte e infraestrutura da Heinrich-Heine-Universität Düsseldorf e das rádios da Universidade Federal de Santa Maria.