Desde 1981, Santa Maria conta com um espaço de preservação das espécies florestais nativas do Rio Grande do Sul: o Jardim Botânico. Vinculado ao Centro de Ciências Naturais e Exatas da UFSM, trata-se de um local de produção de mudas, conservação ambiental e, principalmente, recepção do público que vem conhecer a diversidade vegetal que existe ali.
O biólogo Renato Zachia é o coordenador do Programa de Extensão em Educação Ambiental do Jardim Botânico da UFSM e também o responsável pelas visitações ao lugar. Junto a uma equipe de bolsistas, eles apresentam a educação ambiental de formas diversas e visam tornar o espaço lúdico e divertido, adaptando a linguagem aos diferentes grupos que visitam o local.
Renato esclarece que, apesar de estar entre as atividades desenvolvidas no Jardim Botânico, o foco principal não é a produção e venda de mudas de plantas (ações que são desenvolvidas em outra área da UFSM, no Horto Florestal): “Aqui é muito mais importante o aprendizado durante a produção das mudas do que o aumento da coleção de espécies”. Nesse sentido, aprendizado é uma palavra que pode caracterizar bem o Jardim, uma vez que o conhecimento produzido no ensino e na pesquisa são repassados pelos guias durante as visitações das escolas, em aulas ao ar livre e na participação de eventos.
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As visitas
A maior parte das visitas ao Jardim Botânico da UFSM são de escolas da rede pública e privada da região. Em 2017, o lugar recebeu cerca de 7.500 visitantes. Grande parte deste público vem de instituições que marcam presença anualmente no local. A exemplo disso, Deise Londero, professora do ensino fundamental do Colégio Fransciscano Sant’Anna comenta: “Há mais de oito anos realizamos visitas anuais e percebemos quanto o atendimento foi evoluindo”.
A cada grupo de 30 pessoas, um monitor é designado a guiá-los. Em um terreno de treze hectares, o guia pode escolher diversas trilhas que se conectam. A intenção em cada visita é falar sobre ecologia e biodiversidade, bem como conscientizar para a educação ambiental – abordando pontos como a coleta seletiva de lixo, o preparo de compostos orgânicos e também as áreas de preservação permanente. O professor Renato destaca ainda que “o objetivo é ultrapassar a educação ambiental e falar sobre como vemos nossa origem, que têm muito a ver com o contato com a natureza”. Na perspectiva dele, há um poder transformador, que se desloca do pensamento de ‘obrigação’ quanto à redução dos danos ambientais para o prazer da conservação e a naturalização do cultivo.
Cada espécie da flora tem uma história de origem e um uso específico em cada cultura. Desta maneira, a escolha da espécie e quais as características que serão ressaltadas aos visitantes é uma forma de dialogar com o imaginário cultural. Como o Jardim Botânico recebe públicos de diferentes idades, podem ser explorados diversos aspectos. A professora Deise Londero levou 70 alunos da faixa etária de 7 anos – recorde de público em uma só visita. Ela relata que a turma teve a oportunidade de conhecer desde plantas carnívoras a plantas medicinais, além de muitas histórias curiosas: “Trazer as crianças para cá é uma forma de estimulá-las a serem cada vez mais curiosas e encantadas com as belezas naturais”.
O Jardim Botânico é um espaço aberto da Universidade, que pode ser desfrutado pela população, gratuitamente, como centro de lazer . O agendamento de visitas pode ser feito pelo site ou por telefone (55) 3220-8973.
Reportagem: Bibiana Pinheiro
Fotografia: Rafael Happke