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Educação popular como alternativa

Há 21 anos, cursinho popular da UFSM democratiza o acesso dos santa-marienses ao ensino superior



As noites no prédio da Antiga Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no centro da cidade, têm um movimento diferente – não só de alunos universitários, mas de quem ainda quer chegar lá. Nos corredores do 6o andar, as expectativas e dúvidas sobre a temida prova do Enem e a faculdade são as mesmas, do jovem de 18 que está no ensino médio à senhora de 60 que decidiu voltar a estudar.

Ilustração horizontal e colorida de uma roda de pessoas sentadas em cadeiras verde água. Na frente de algumas, há mesas escolares. São nove pessoas: seis mulheres e três homens, quatro pessoas brancas e cinco pessoas negras. Em duas carteiras, há cadernos abertos e xícaras com líquido preto fumegante. Em uma cadeira há outra ficará com líquido preto fumegante, ao lado de uma mulher branca de óculos preto, cabelos castanhos claros, que está com a boca aberta e uma mão levantada; veste camiseta preta e calça azul. Uma mulher, de costas no canto inferior direito, está com uma caneta preta sobre o caderno. Há duas mochilas cinzas e uma vermelha perto de cadeiras ou pendurada em cadeiras. A roda de pessoas está em primeiro plano. Em segundo plano, quadro escolar verde escuro azinzentado e com moldura de madeira clara. O quadro é retangular, horizontal e comprido. No fundo, parede bege.

Desde 7 de março de 2000, o Pré-Universitário Popular Alternativa democratiza o acesso ao ensino superior de pessoas sem condições financeiras para pagar um cursinho particular. Até hoje, mais de 3 mil vagas já foram abertas. Além disso, possibilita que acadêmicos de graduação e pós-graduação da UFSM e de outras instituições ganhem experiência em sala de aula, como educadores.

 

O projeto é vinculado à Pró-Reitoria de Extensão, que abriga o cursinho e cuida do financeiro. Já o Laboratório de Metodologia de Ensino (Lamen), órgão do Centro de Educação, orienta a parte político-pedagógica. Na coordenação executiva, responsável por gerir o espaço físico, os educandos e educadores, estão alunos bolsistas da UFSM e voluntários.

 


“É um lugar acolhedor, onde você não só recebe conteúdo, mas compartilha conhecimentos e troca experiências com pessoas que estão na faculdade, o que é muito positivo para estarmos preparados”, diz Vinicius dos Santos Borges, que foi aluno do Alternativa, passou no Enem e hoje cursa Engenharia Florestal na UFSM – seu sonho.

 

Fui professora de redação do Vinicius na segunda passagem dele pelo cursinho, em 2019. Na turma, o olhar crítico e as experiências de vida, que muitos compartilhavam, davam rumo aos debates sobre temas atuais –como trabalho informal, situação indígena e saúde mental – que depois virariam redações. As correções, ao longo do ano, diminuíam. As notas aumentavam. E era visível o orgulho deles com a própria evolução.

 

O projeto, pautado pela educação popular, também oferece atividades extracurriculares e formações pedagógicas para educandos e educadores. A equipe de biologia, por exemplo, fazia o Sábado da Biologia, com aulas práticas nos laboratórios da UFSM. Em 2020, com aulas a distância devido à pandemia do coronavírus, encontros online abordaram educação sexual e desastres ambientais.

 

Atualmente, 120 novos alunos ingressam por ano, selecionados de acordo com critérios socioeconômicos. Cerca de 50 chegam até o final. Muitos acabam desistindo porque precisam procurar emprego, ajudar financeiramente em casa ou não têm dinheiro para a passagem de ônibus. “Nossa principal dificuldade continua sendo a evasão ao longo do período letivo”, diz Júlia Bolzan Cardoso, uma das coordenadoras do pré-universitário.

 

Para Vinicius, o cursinho representa exatamente o que está em seu nome: a alternativa para os santa-marienses que não têm condições de pagar um cursinho particular. “Cada um que faz parte do projeto faz por que ama, pois são todos voluntários. Muitos ex-alunos que foram beneficiados voltam como professores para fazer a sua parte em retribuição e gratidão”, diz o ex-aluno.

 

Depois do Enem 2019, recebi mensagens de alguns alunos felizes com o desempenho na prova e na redação. Não havíamos debatido em aula sobre o tema daquele ano, o acesso ao cinema, mas eles sabiam o que fazer. E essa é a essência da educação popular: acolher, preparar e abrir caminhos. Vida longa ao Alternativa!

Expediente:
Reportagem: Andressa Motter (jornalista formada pela UFSM que foi professora de redação no Alternativa em 2018);
Ilustração e diagramação: Yasmin Faccin, acadêmica de Desenho Industrial..
Conteúdo produzido para a 12ª edição da Revista Arco (Dezembro 2021)
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https://ufsm.br/r-601-9210

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