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Documentário produzido na UFSM exibe projetos de arte colaborativa em comunidades Kaingáng

Iniciativa objetiva dar visibilidade para saberes e conhecimentos oriundos das comunidades e culturas indígenas brasileiras



DNA afetivo: processos de arte colaborativa em comunidades Kaingáng é o nome de um documentário que estreou em setembro de 2022 no Youtube. A iniciativa, desenvolvida no Laboratório Interdisciplinar Interativo (LabInter) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), objetiva exibir as atividades realizadas em comunidades indígenas, pelo projeto DNA Afetivo Kamê e Kanhru (DNA A.K.K).

O projeto envolve práticas artísticas colaborativas a partir da organização social da cultura indígena kaingáng, por meio de uma rede de trocas, conectividade e afetos. Entre as ações desenvolvidas, está a produção do documentário que objetiva registrar as atividades realizadas. Sua narrativa é contada através da comunidade kaingáng Terra do Indígena do Guarita km10, localizada no noroeste do estado do Rio Grande do Sul e a comunidade kaingáng de Santa Maria. A produção também traz o relato de Kalinka Mallmann e Joceli Salles, idealizadores do projeto.

Joceli Salles, figura central da narrativa, é historiador pela UFSM, educador na escola Indígena Augusto Ope da Silva e também em aldeias kaingáng. Em relato ao documentário, Joceli destaca que não é possível falar ou construir algo sobre os Kaingáng sem conhecer a cosmologia e as identidades de cada família, seja ela Kamê ou Kanhru. “É importante saber como cada indivíduo pensa, como cada indivíduo é e como se vê no mundo”, diz. Isso será possível através da circulação do filme e do debate, um dos objetivos da produção audiovisual.

Kalinka, doutoranda em Artes Visuais pela UFSM, evidencia a importância do documentário a partir da urgência de se compartilhar histórias, culturas, conhecimento artístico e tecnológico. “Há muitos saberes e conhecimentos oriundos das comunidades e culturas indígenas brasileiras. Esse conhecimento necessita ser compreendido e absorvido, para que modifiquemos, pouco a pouco, a hegemonia da ciência advinda de culturas dominantes”, salienta a pesquisadora.

O documentário foi contemplado com a Lei Aldir Blanc, que dispõe sobre ações emergenciais destinadas ao setor cultural. O diretor da obra, Eliseu Balduino, conhecido pelo nome artístico Vicent Solar, é mestrando em Artes Visuais na linha de Arte e Tecnologia com ênfase em fotografia urbana pela UFSM, e conta que a lei auxiliou não só financeiramente, mas também no reconhecimento do produto final. “Pôde-se providenciar as oficinas que foram feitas e também investir em equipamentos para produzir o documentário”, explica.

Espaço de pesquisa de criação

As atividades propostas no LabInter objetivam o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas e artísticas, cursos e oficinas, intercâmbio de conhecimentos e propagação de metodologias nas áreas de Arte, Ciência e Tecnologia. Conforme apresentado no site do laboratório, o LabInter é um espaço de pesquisa e criação em projetos artísticos interativos e imersivos. As atividades são realizadas de modo interdisciplinar e colaborativo, voltados para a inovação e desenvolvimento tecnológico.

Andréia Machado Oliveira, professora do Departamento de Artes Visuais e do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais e coordenadora do LabInter, pontua que o documentário é mais um dos resultados do trabalho feito no laboratório. “O objetivo não é fazer uma ação específica, mas desenvolver o projeto de forma colaborativa e interdisciplinar”, ressalta.

A partir dessas metodologias é que projetos como ‘DNA Afetivo Kamê e Kanhru’, o jogo colaborativo sobre os mitos de criação da cultura Kaingáng e o próprio documentário puderam ser concluídos.

Projetos desenvolvidos

Projetos artísticos interativos e imersivos, realizados de modo interdisciplinar e colaborativo, voltados para a inovação e desenvolvimento tecnológico são realizados no LabInter. Algumas dessas iniciativas são exibidas no documentário:

  • DNA afetivo Kamê e Kanhru

O projeto DNA A.K.K surge com a dissertação de Kalinka Lorenci Mallmann. Além de servir como base para sua dissertação, o projeto é usado em seu doutorado, e diz respeito a uma pesquisa em poéticas visuais, envolvendo práticas artísticas colaborativas em comunidade a partir da ativação dos modos específicos de organização social da cultura indígena kaingáng.

É por meio de ações em arte que o uso de tecnologias emergentes possibilita a prática de atividades do projeto DNA A.K.K. Essas práticas visam ativar as marcas exogâmicas, ou seja, identificar e apresentar as principais características kamê e kanhru que dividem a sociedade kaingáng. Em conteúdo apresentado pelo LabInter em seu site oficial, entende-se que as ações do projeto partem da concepção de laboratórios experimentais de criação audiovisual no território da aldeia, que ativem as questões locais e permitam uma colaboração efetiva da comunidade no projeto em geral.

Atividades realizadas na região Terra do Guarita
  • Mapeamento afetivo

Outra prática proposta pelo LabInter foi a ação colaborativa na comunidade Terra do Guarita, localizada no noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Desde 2017, as atividades têm participação de Joceli Salles.

Kalinka, em sua dissertação, apresenta que a ação partiu da concepção de um laboratório experimental de criação audiovisual que estivesse unido às questões locais e que permitisse uma colaboração efetiva da comunidade. A busca é pela ativação das marcas da cultura kaingáng em meio à arte e à tecnologia. Joceli foi o ponto central para que isso fosse possível, pois fez o diálogo entre a escola local, as autoridades da aldeia e a UFSM.

Aos poucos, o projeto teve desdobramentos: o mapeamento colaborativo – feito por meio de narrativas digitais -, que localiza e identifica famílias como Kamê ou como Kanhru, serviu como base para o jogo RPG direcionado principalmente às crianças kaingáng.

Menu de seleção de personagem no jogo colaborativo
Menu de seleção de personagem no jogo colaborativo
  • Jogo digital Kamê e Kanhru

O jogo colaborativo para Android foi desenvolvido a partir dos mitos de criação da cultura kaingáng e possibilita o trabalho colaborativo entre a arte e a tecnologia. O projeto está em funcionamento desde 2016, quando crianças das escolas indígenas colaboraram desenhando personagens, conversando sobre sua rotina e hábitos, como a coleta de frutas e a pesca. Como apresentado no site do LabInter, toda significação cultural kaingáng vem a direcionar o desenvolvimento do jogo: através da ambientação do cenário, do modelo dos personagens e das interfaces visuais. O objetivo principal é dialogar com as crianças por meio da sua própria cultura.

O jogo foi concretizado a partir do mapeamento afetivo apresentado anteriormente. Joceli, ao falar para o documentário, destaca que a iniciativa busca instigar as crianças a ir na casa de parentes, vizinhos e colegas de aula para conhecer mais sobre a cultura kaingáng.

Menus iniciais do jogo

Expediente:
Texto: Gustavo Salin Nuh, estudante de Jornalismo;
Imagens: Reprodução / DNA afetivo: processos de arte colaborativa em comunidades Kaingáng
Arte de capa: Daniel Michelon De Carli
Edição de Produção: Samara Wobeto, acadêmica de Jornalismo;
Edição geral: Luciane Treulieb e Mariana Henriques, jornalistas.

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