Pela primeira vez em sua história, a Universidade Federal de Santa Maria terá a oportunidade de participar do 15º International Junior Forest Contest. A estudante de Engenharia Florestal Patricia Sulzbach foi uma das 120 pesquisadoras selecionadas que vão representar 35 países – sendo somente duas do Brasil – e viajará para Moscou, na Rússia, local onde o evento ocorre. O projeto representado por Patricia – Fragmentação e Conectividade entre Habitats Florestais em Paisagem do Bioma Pampa – está vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas (Neprade), com coordenação da professora Ana Paula Rovedder, do Departamento de Ciências Florestais do campus Santa Maria. É desenvolvido com apoio financeiro da CMPC Celulose Riograndense e em parceria com a FATEC.
O projeto, que conta com alunos de graduação e pós-graduação, tem como objetivo monitorar a fauna e a flora em remanescente florestal do Bioma Pampa. Segundo a professora Ana Paula, o Bioma Pampa é um dos menos conservados do Brasil e suas florestas são pouco descritas em termos científicos: “Apesar de o Pampa ser mais conhecido por suas feições campestres, há muitas áreas florestais que desempenham serviços ecossistêmicos importantíssimos para a conservação da fauna e da flora” A partir do projeto da UFSM, já foram escritos diversos trabalhos de iniciação científica, uma dissertação, e, em andamento, existem duas teses sobre o assunto.
A coordenadora do estudo destaca que, para que sejam feitas pesquisas como esta, há muito trabalho prático, “períodos em que os alunos ficam três, quatro dias ou uma semana a campo para monitorar e trazer os dados científicos”. O projeto ainda teve descobertas científicas pioneiras, como o levantamento de pteridófitas, bromélias, lianas, orquídeas, liquens e musgos.
Para o monitoramento da fauna, existem armadilhamentos fotográficos. Tratam-se de câmeras com detector de movimento, acopladas no tronco das árvores, possibilitando assim que a fotografia seja feita quando o animal investigado passar por ali. Segundo Ana Paula, essa prática já resultou em registros raros de interações dos animais encontrados, mas que não podem ser divulgados ainda, pois a pesquisa está em andamento. Outro aspecto desenvolvido é a investigação de como essa fauna interage com o trecho de floresta natural que ainda existe na área, como está se adaptando e como ela está conseguindo alcançar outras áreas. Esse estudo é importante para a avaliação diversidade genética do bioma.
A Participação na Rússia
Para Patricia Sulzbach, participar desse projeto representa uma grande conquista no âmbito acadêmico: “É muito bom, pois a gente sai a campo e não fica somente na teoria”. O processo de inscrição no evento que acontecerá na Rússia dependia da realização de um vídeo em inglês explicando o trabalho desenvolvido e, conforme Patricia, perder a timidez foi desafiador nesta primeira etapa. Posteriormente, os estudantes selecionados tiveram que enviar o resumo do projeto com no máximo 20 páginas, também em inglês. Ao saber que conseguiu a vaga no evento internacional, a estudante destaca que todo esforço valeu a pena: “Não esperava mesmo e estou muito feliz com todo apoio que estou recebendo dos amigos, colegas e professores. Todo mundo está animado.”
O evento, que acontece entre os dias 17 e 21 de setembro, é uma iniciativa do serviço florestal russo com apoio da FAO (Organização das Nações Unidas para alimentação e agricultura) e da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Despesas como hospedagem e alimentação serão pagas pelo governo russo, já as passagens de ida e volta devem ser compradas pelos estudantes. Para realizar a viagem e representar a UFSM, Patrícia está organizando uma arrecadação online. Para ajudar, basta acessar o link até o dia 10 de setembro.
Reportagem: Gabriel de David e Paulo Ferraz, acadêmicos de Jornalismo
Edição: Tainara Liesenfeld, acadêmica de Jornalismo
Ilustração: Lidiane Castagna, acadêmica de Desenho Industrial