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Da Itália para Santa Maria

Andrea Roberto, vencedor do Concurso Internacional “José Tomás”, realiza concerto na UFSM



Santa Maria será palco, pela primeira vez, do circuito de apresentações internacionais de um dos maiores concursos musicais da Europa. O Festival de Guitarra José Tomás reúne os maiores artistas de violão do mundo, anualmente, na pequena vila de Petrer, na província de Alicante, Espanha. Ganhador da última edição do prêmio, em 2016, o violonista Andrea Roberto conquistou a oportunidade de tocar em diferentes regiões do mundo, e se apresenta nesta quinta-feira, dia 3 de agosto, no Espaço Multiuso da UFSM. O jovem de apenas 21 anos conta que a turnê está sendo uma oportunidade de aprendizado, especialmente pela variedade de públicos: “Estar familiarizado com diferentes culturas me faz mais completo”, diz.

 

Mas esse é apenas mais um dos prêmios que Roberto acumulou ao longo da vida. Esse italiano da cidade de Foggia, no sul do país, começou a tocar violão com quatro anos, estimulado pelo pai, que também tocava o instrumento e lhe ensinou os fundamentos das cordas. “Meu interesse surgiu muito naturalmente, eu pensava que era como um jogo. O jogo mais lindo do mundo”, conta o violonista.

 

Para Roberto, o festival José Tomás foi uma experiência maravilhosa, por poder “competir com os maiores violonistas do mundo. Eu não esperava ganhar o prêmio, mas, por outro lado, fiz o que devia fazer para me sair bem”, lembra. Andrea é o mais jovem vencedor da história do festival, junto com o premiado de 2014.

 

No concerto desta quinta-feira, o artista vai tocar durante uma hora e, em sua maioria, músicas italianas. Ele espera que as pessoas gostem e aprendam mais sobre a música do seu país. “Já encontrei alguns estudantes e tenho certeza de que eles vão gostar do show”, comenta. Além da apresentação, o violonista também vai ministrar oficinas e aulas para os acadêmicos de Música da UFSM.

 

A vinda de Roberto para Santa Maria aconteceu por intermédio do professor Renato Serrano. Natural do Chile, vencedor do mesmo prêmio em 2006 e professor do curso de Música da UFSM desde o ano passado, Serrano conta que vencer o concurso também lhe proporcionou experiências importantes. “Como é uma turnê internacional, é mais significativa. Além do prêmio em dinheiro, foi um evento transcendental para mim, como artista, com a idade que eu tinha”, lembra. Serrano espera que a apresentação de Andrea Roberto tenha impacto na comunidade, e traga uma “força especial” ao movimento violonístico. “É uma atividade aberta e esperamos que o público curta”, diz ele.

 

Como funcionam os estudos em Música?

Andrea Roberto teve a atenção do pai desde pequeno, mas as técnicas que o levaram ao prêmio José Tomás foram adquiridas nos estudos que fez no conservatório internacional de sua cidade, e em outros cursos. Para se tornar um artista reconhecido, um músico precisa dedicar muito tempo ao estudo das técnicas musicais.

 

O professor do Departamento de Música da UFSM, Marco Kroning Correa, explica que a graduação em Música da UFSM é um curso com duração de quatro anos. Para se formar, os alunos aprendem sobre as técnicas musicais, mas também desenvolvem projetos de estudo teórico. No campo da pesquisa, os trabalhos de conclusão de curso (TCCs) versam, normalmente, sobre práticas de aprendizagem, aspectos da música regional ou de estética e estilos musicais. Também há pesquisas sobre performance, além de pesquisas sobre Educação Musical e espaços de aprendizagem (salas de aula, aprendizagem extra-escolar) em diferentes faixas etárias. Os referenciais teóricos são emprestados da educação, da sociologia, da psicologia, da música e da etnomusicologia, dentre outras disciplinas.

 

No caso da pós-graduação, Correa lembra ainda não haver uma tradição de pesquisa no Brasil.  “A pós-graduação em Música é muito recente, pois a implementação no Brasil dos Programas de Pós-Graduação e publicações científicas na área de Música ocorreram somente a partir dos anos 90, daí não ter a tradição [que outras áreas já têm]”, explica. A ideia é que daqui a quatro ou cinco anos o curso de Música da UFSM possa implementar um curso de Mestrado, pois muitos professores tem retornado de seus doutorados. Já um curso de Especialização em Música iniciará em 2018.

 

Reportagem: Júlia Goulart
Fotografia: Divulgação
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