Por que a UFSM foi considerada a Sorbonne do Sul por José Mariano da Rocha?
Escrito na década de 1960, o hino institucional da UFSM cita em sua primeira estrofe: “A criança dos campos da serra cresceu forte, sadia e gentil e em ti, ó Sorbonne do sul, aprendeu a amar o Brasil”. Com quase 800 anos de existência, a Universidade de Sorbonne, na França, é uma das mais tradicionais universidades da Europa. Mas qual sua relação com a UFSM? De acordo com Eugenia Barichello, filha do ex-reitor e fundador da UFSM, José Mariano da Rocha, seu pai nutria enorme admiração pela Universidade de Sorbonne por ser um exemplo mundial de qualidade nas diferentes áreas de conhecimento. Curiosamente, outro motivo para a escolha dessa referência se deu porque, até o final do século 20, acreditava-se que a universidade francesa era a mais antiga do mundo, fato que foi corrigido posteriormente, migrando-se o título para a Universidade de Bologna, na Itália.
Onde foi a primeira Reitoria da UFSM?
Durante os primeiros anos da construção da Cidade Universitária em Santa Maria, não havia um espaço onde o reitor José Mariano da Rocha Filho pudesse receber seus visitantes, realizar reuniões e discutir sobre o desenvolvimento da obra da Universidade. Foi então que, em 1964, o professor Luiz Gonzaga Isaia decidiu
criar uma pequena casa de madeira que funcionasse como um ambiente para o reitor recepcionar convidados e também como um Escritório de Obras. A ideia de Isaia foi concretizada pelo carpinteiro Adalberto dos Santos Ferraz em agosto daquele ano. Assim, surgiu a primeira Reitoria da UFSM. A casinha é simples, com telhas de cimento-amianto, tábuas de madeira horizontais e apenas um espaço em seu interior, que é ligado a um sanitário limitado. Depois de ter sediado a primeira reitoria, a casinha de madeira tornou-se o espaço dos Correios
e Telégrafos da Cidade Universitária e, depois, sediou o Serviço de Vigilância do Campus, que permanece até hoje.
Você sabia que Ana Primavesi, pioneira nos estudos em agroecologia, trabalhou na UFSM?
Era 1961 quando Ana Maria Primavesi mudou-se para Santa Maria, juntamente com os filhos e o marido, Artur. Até 1974, o casal de engenheiros agrônomos lecionou na recém-fundada Universidade de Santa Maria. Aqui, ela pesquisou sobre produtividade de solos, deficiências minerais e agrostologia. Comandou o laboratório de biologia e análise de solos. Motivou a criação do Programa de Pós-Graduação em Biodinâmica do Solo em 1971. Foi pioneira nos estudos do solo e agroecologia, temas que originaram 12 livros. Antes de vir ao Brasil, Ana Maria era Annemarie Conrad, nascida em 3 de outubro de 1920, em meio às montanhas da Estíria, na Áustria. Graduou-se em Boku, Universidade Rural para Agricultura e Ciências Florestais. Era uma das três mulheres entre cem alunos. A época da faculdade coincide com o período da Segunda Guerra. Perdeu dois irmãos em combate. Mãe, pai e irmãos foram para campos de concentração. Ela também, na tentativa de libertar o pai. Em liberdade, após nove meses presa, casou-se com Artur Primavesi. Dois anos depois, em 1948, o casal mudou-se para o Brasil. Ana Maria Primavesi inspirou a criação da Feira Orgânica que leva seu nome em Santa Maria. Ela morreu em 5 de janeiro de 2020, em consequência de problemas no coração.
Conteúdos produzidos para a 12ª edição da Revista Arco (Dezembro 2021).