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Colaboração internacional entre UFSM e Espanha busca desenvolvimento em telessaúde

Inserção de tecnologias na área contribui para a agilidade dos serviços oferecidos e a sustentabilidade dos sistemas de saúde



Telessaúde é um sistema de prestação de serviços de saúde a distância, realizados com a ajuda das tecnologias da informação e de comunicação (TICs), como ferramentas online e aplicativos móveis. Para Manuel Grandal Martín, especialista na área, a telessaúde faz parte de um processo global de digitalização da vida humana: “Eu tenho aqui no celular meu banco, meus sistemas de informação e atendimentos em saúde. Tudo”. O médico espanhol é professor na Universidade Alfonso X el Sabio, diretor geral dos Hospitais e Infraestruturas do serviço de saúde de Madrid e consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele esteve na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para compartilhar experiências na área e consolidar uma parceria com a Universidade para o desenvolvimento da telessaúde.

Descrição da imagem: fotografia horizontal e colorida de um homem de meia idade em primeiro plano. Ele tem pele branca e enrugada, olhos pequenos e esverdeados, boca pequena, cabelos curtos, ralos e brancos. Ele veste jaqueta verde marinho sobre camisa branca com listras azuis e gravata azul. O fundo é uma parede branca.
Manuel Grandal. Fotografia: Luis Gustavo Santos.

Ivana Beatrice Mânica da Cruz, professora no Centro de Ciências da Saúde e gerente de Ensino e Pesquisa no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), explica que a Universidade está em processo de implementação do Programa Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Assistência em Saúde Digital. A iniciativa prevê a realização de dois projetos integrados: um deles voltado a ações de educação em saúde digital, com a oferta de disciplinas na graduação e na pós-graduação, além de cursos e oficinas para profissionais da área da saúde e gestores. O segundo projeto buscará desenvolvimentos na pesquisa e inovação para a criação de estratégias de telessaúde que podem auxiliar no diagnóstico e no atendimento aos pacientes.

 

A professora destaca que pesquisadores da Universidade e profissionais de saúde do HUSM trabalham juntos na organização do programa. “A UFSM tem um papel relevante na construção de ações que possibilitem a implantação de modelos de telessaúde. Isso porque é um centro de referência regional para a saúde, principalmente devido à formação de profissionais em nível de graduação e pós-graduação”, afirma. Além disso, eles contam com a colaboração de instituições de países que já têm serviços de saúde digital estruturados, como é o caso da Espanha.

Descrição da imagem: Ilustração horizontal e colorida de duas pessoas sentadas em frente a um notebook. A imagem está dividida no meio. Na esquerda, homem de pele parda e cabelo escuro, veste jaleco azul claro e calça azul escuro. Está em frente a um notebook preto. Na parede atrás dele, quadro com diploma e ilustração de um coração humano. Na parte direita da imagem, homem de pele clara e cabelos escuros, está curvado e enrolado em uma coberta azul marinho, veste calça branca com círculos vermelhos. Está em frente a uma xícara e um notebook brancos. Na parede atrás dele, quadro branco com o Batman em preto e estante suspensa com cinco livros em tons de azul, branco, rosa queimado e preto.

A telessaúde se caracteriza como um grande campo que engloba a tecnologia e a saúde a serviço da sociedade. Atividades de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças, gestão e promoção de saúde estão entre as aplicações. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamenta a telemedicina no país por meio da Resolução nº 2.314/2022. Para o CFM, ao ser exercida com a utilização dos meios tecnológicos e digitais, a medicina deve priorizar o benefício e os melhores resultados ao paciente. Cabe ao médico avaliar se a telemedicina é o método mais adequado de acordo com a situação. A resolução define algumas modalidades em que o atendimento a distância pode ser realizado:

Teleconsulta: Consulta médica não presencial com médico e paciente localizados em diferentes espaços.

Teleconsultoria: Consultoria mediada entre médicos, gestores e outros profissionais, com a finalidade de prestar esclarecimentos sobre procedimentos administrativos e ações de saúde.

Teleinterconsulta: Troca de informações e opiniões entre médicos, com ou sem a presença do paciente, para discussão diagnóstico ou terapêutico, clínico ou cirúrgico. Pode ocorrer, por exemplo, entre um médico de Família e Comunidade e outro especialista sobre determinado problema do paciente.

Telediagnóstico: Emissão de laudo ou parecer de exames, por meio de gráficos, imagens e dados enviados pela internet.

Telecirurgia: Quando o procedimento é feito por um robô, manipulado por um médico que está em outro local. 

Televigilância: Também conhecido como telemonitoramento, é o acompanhamento a distância dos sintomas do paciente. Pode ser por meio de imagens, dados de equipamentos e dispositivos próximos ou implantáveis nos pacientes.

Teletriagem: Realizada por um médico para avaliação dos sintomas do paciente, a distância, para regulação ambulatorial ou hospitalar, com definição e direcionamento do mesmo ao tipo adequado de assistência que necessita ou a um especialista.

Legado da pandemia

Antes da pandemia, as práticas de telemedicina não eram regulamentadas no país. Mas com a necessidade de distanciamento social, o uso de tecnologias interativas se impôs como um recurso alternativo e seguro para proteger pacientes e profissionais. A estratégia também contribuiu para reduzir a sobrecarga de unidades de saúde. Com a implementação desses recursos em caráter emergencial durante o período pandêmico, abriram-se caminhos para a consolidação das tecnologias como aliadas no atendimento em saúde no Brasil.

Benefícios e desafios

A ampliação do acesso a serviços de saúde para a população está entre os principais benefícios observados na área.Grandal destaca o potencial da telessaúde para alcançar lugares de difícil acesso, como áreas rurais que não estão cobertas por redes assistenciais. Além disso, a implementação de serviços assim tende a contribuir para a sustentabilidade dos sistemas de saúde. Para o médico espanhol, as técnicas de saúde digital ainda estão em processo de desenvolvimento: “Temos que construir, tijolo por tijolo, com cada uma das especialidades. Com cada paciente.  Ainda temos resistências para mudar”, ressalta. Ele também destaca que a prioridade é que os serviços sejam da mesma qualidade que as consultas presenciais.

 

A professora Ivana lembra que a falta de capacitação de estudantes e profissionais sobre o tema, e a popularização de ações de saúde digital junto à população, ainda são desafios para o avanço na área. “É difícil que um programa de telessaúde uniforme e sincronizado seja implementado em todo o Brasil, o que abriria a possibilidade de construções de estratégias mais localizadas e adaptadas a realidades específicas”, comenta.

Expediente:

Reportagem: Caroline de Souza, acadêmica de Jornalismo e voluntária;

Design gráfico: Luiz Figueiró, acadêmico de Desenho Industrial e bolsista; e Vinícius Bandeira, acadêmico de Desenho Industrial e volun´tário;

Fotografia: Luis Gustavo Santos, acadêmico de Jornalismo;

Mídia social: Eloíze Moraes, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Rebeca Kroll, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Ana Carolina Cipriani, acadêmica de Produção Editorial e bolsista; Alice dos Santos, acadêmica de Jornalismo e voluntária; e Gustavo Salin Nuh, acadêmico de Jornalismo e voluntário;

Edição de Produção: Samara Wobeto, acadêmica de Jornalismo e bolsista;

Edição geral: Luciane Treulieb e Maurício Dias, jornalistas.

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