Agrônomo acelera produção de frutíferas como a jabuticabeira com técnica milenar
Bonsai significa árvore na bandeja. A técnica foi usada pela primeira vez na China, há cerca de 2 mil anos, para embelezar casas e mosteiros. Mais tarde, no Japão, o bonsai evoluiu ao estado de arte e foi difundido mundialmente.
Essas pequenas árvores são estudadas na UFSM por Marcelo Hernandes, que faz Engenharia Florestal. Bonsaísta há 20 anos e formado em Agronomia, o acadêmico avalia a produção de jabuticabeiras na forma de bonsai utilizando a alporquia – método assexuado para desenvolver raízes nos galhos de uma árvore-matriz para, posteriormente, gerar uma nova planta.
Segundo Marcelo, na natureza a jabuticabeira pode levar de 8 a 12 anos para atingir a maturidade fisiológica e gerar flores e frutos. Com a alporquia, os resultados podem ser obtidos em torno de dois anos, visto que o galho com raízes é retirado da matriz já madura. O agrônomo espera que, no futuro, produtores também consigam acelerar a produção de mudas e obter frutos em curto prazo a partir dessa técnica.
Miniatura idêntica
Se um bonsai for plantado no chão, crescerá até o tamanho natural da espécie. Isso acontece porque as características fisiológicas permanecem as mesmas, porém, o vaso limita o crescimento da planta. Além disso, as folhas do bonsai são menores que as da árvore grande. A flor e a fruta continuam da mesma proporção.
Vida milenar
O tempo de vida de um bonsai varia conforme as características fisiológicas de cada planta. Segundo a Classificação Sucessional das Espécies, as árvores definidas como primárias têm, entre outras particularidades, expectativa de vida de uma a duas décadas. Já as secundárias iniciais podem chegar a 30 anos de vida. Quanto às árvores secundárias tardias, o tempo de vida pode durar até um século. Já as árvores clímax são as que mais vivem, podem alcançar séculos ou até milênios. Quando um bonsai é feito a partir de uma árvore matriz, já desenvolvida, sua idade é igual a da planta que o gerou.
Planta de dinheiro
O preço de um bonsai varia de acordo com diversos fatores, como a idade da planta: quanto maior o tempo de vida, maior o preço. Outras características que garantem a valorização do trabalho são: a raridade da espécie; a estilização feita pelo bonsaísta; e a qualidade do vaso em que a planta está, que pode ser feito com materiais mais simples como plástico ou cerâmica. Os bonsai artísticos, trabalhados por bonsaistas durante um tempo maior, podem ser vendidos por milhões de reais, dependendo de cada trabalho. Já os bonsai comerciais são produzidos em larga escala, vendidos por algumas centenas de reais e com menor tempo de trabalho.
Período de dormência
Durante as épocas mais frias, as árvores entram em um estado de dormência, quando ficam paralisadas. Com a chegada do inverno, essas plantas diminuem o metabolismo, param de crescer e perdem folhas. Após esse período, à medida que as temperaturas aumentam, a árvore volta a crescer e gerar folhas e frutos.
Cuidado com as raízes
Ao contrário da árvore na natureza, o bonsai não tem área vasta para crescer, visto que o vaso limita a planta. Por isso, no início de cada primavera – ou em um intervalo de dois anos – é feita a poda das raízes. O bonsaísta retira a árvore do vaso, troca o substrato e elimina as raízes envelhecidas. Assim, a planta permanece com raízes mais novas e mais eficazes para a alimentação.
Reportagem: Paulo Cézar Ferraz
Diagramação e ilustração: Pollyana Santoro e Lidiane Castagna
Fotografia: Pollyana Santoro
Edição: Maurício Dias e Melissa Konzen
Revisão: Alcione Bidinoto
*Matéria publicada na 11ª edição impressa da revista Arco.