Ir para o conteúdo Revista Arco Ir para o menu Revista Arco Ir para a busca no site Revista Arco Ir para o rodapé Revista Arco
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Aula em dois idiomas

Programa promove interculturalidade entre crianças que estudam em cidades fronteiriças



Em extensão territorial, o Brasil é o maior país da América Latina e possui fronteira com dez países. Para quem vive em cidades fronteiriças, visitar o país vizinho não é difícil. Em algumas delas, como é o caso de Chuí no Brasil e Chuy no Uruguai, só é necessário atravessar uma rua. A proximidade física faz convergirem culturas e idiomas diferentes, e, para os moradores desses locais, saber se comunicar com o vizinho de uma nacionalidade diferente é importante.

Na Argentina, existe uma espécie de curso técnico em língua estrangeira, em que alunos do ensino secundário (que corresponde ao Ensino Médio brasileiro) podem ter uma carga maior de aulas em estudos de língua estrangeira, como inglês e português. A partir dessa experiência, começou a ser planejada uma maneira de ampliar o ensino de português na Argentina e o de espanhol no Brasil. Entre 2004 e 2005, os ministérios da Educação dos dois países começaram o projeto das Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira, em cidades como Passo de Los Libres/Uruguaiana e Bernardo de Irigoyen/Dionísio Cerqueira. O objetivo era promover a integração de culturas e idiomas entre escolas municipais brasileiras e argentinas, a partir das séries iniciais.

Primeiramente, o projeto foi financiado pela Unesco; porém, institucionalizou-se e tornou-se um programa, com recursos fixos. Em 2009, incluiu Paraguai e Uruguai e, desta maneira, passou a fazer parte do setor educacional do Mercosul. Com a entrada do Paraguai, o programa foi adaptado e deixou de adotar a palavra “bilíngue” no nome, pois em países como Paraguai e Bolívia algumas crianças saem de casa falando apenas guarani.

A ideia do programa é oportunizar à criança o aprendizado de conteúdos através do uso de dois idiomas em sala de aula. Para isso, as professoras das escolas trocam de cidade de uma a duas vezes por semana. Na escola brasileira, por exemplo, no dia em que os alunos têm aula de matemática e as professoras fazem a troca, eles aprendem a matéria com alguma atividade ensinada em espanhol. Sendo assim, o aluno não aprende sobre o idioma, mas no idioma.

Para a formação continuada dos professores que cruzam as fronteiras, entra a função das universidades. Na UFSM, o programa é coordenado pela professora do curso de Letras Eliana Sturza, desde 2009. Junto a alunos de graduação e pós-graduação, Eliana acompanha as atividades de extensão, planeja oficinas, seminários e palestras, e desenvolve projetos de pesquisa e trabalhos acadêmicos sobre o Projeto Escola Intercultural de Fronteira (PEIF) e seus resultados. Por motivos de proximidade física, a UFSM trabalha na fronteira do Brasil com a Argentina.

A professora Cecília Saueressig, coordenadora do PEIF na Escola Municipal Ubaldo Sorrilho da Costa, em São Borja, conta que é difícil manter o funcionamento do programa, porque a Argentina ainda não o institucionalizou. No entanto, em sua escola ocorrem oficinas para as séries iniciais. As crianças aprendem em espanhol sobre o alfabeto, numerais, profissões e canções. De acordo com a experiência de Cecília, há uma dificuldade de aprendizado maior das crianças brasileiras do que das argentinas, pois do lado de lá eles assistem aos canais de televisão e escutam a música brasileira. O PEIF contribui para mudar isso: “a diferença e o distanciamento estão diminuindo”, completa a professora.

Por depender da afinidade de gestões políticas entre os países, o programa enfrenta dificuldades. No entanto, como informa Eliana Sturza, a realização das atividades depende muito do comprometimento das escolas e dos responsáveis. “Deve-se pensar que o programa vai contribuir para a formação dos alunos. É aquilo que se pode fazer localmente. A escola pode fazer essa ligação, estimular essa cidadania, através do compartilhamento de experiências, e também eliminar preconceitos”, ela finaliza.

Repórter: Myrella Allgayer
Ilustradora: Carolina Delavy Chagas

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-601-1727

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes