Apresentadas ao público no Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, 21 de março, as fotografias de Dartanhan Baldez Figueiredo têm o propósito de mostrar o dia-a-dia, as produções e as contribuições da população negra santa-mariense. Além disso, buscam protestar contra acontecimentos racistas evidenciados nos diretórios dos cursos de Direito e Ciências Sociais da UFSM no último semestre. “A minha fala sobre negros é a fala que está nas fotografias”, declara o fotógrafo, que criou a exposição Negros e Negras na Ciência, Cultura e Movimentos Sociais. A curadoria da mostra é da Associação Ará Dudu e Pondá Assessoria.
“O Dartanhan é de extrema importância para os coletivos e para o movimento negro, pois ele mostra de uma forma artística o que está sendo produzido e quais são as lutas traçadas”, comenta a integrante da Associação Ará Dudu, Isadora Bispo. A fala dela converge com os registros espontâneos das diversas performances que passam pelas lentes de Dartanhan: “Eu não vivencio o racismo, eu percebo o racismo, é diferente. Somente quem sente o que é ser agredido pela sua cor tem condições de explicar”.
Ao todo, 85 fotos estão expostas e outras 600 projetadas no Centro de Convenções da UFSM.
Dartanhan: o artista da visibilidade
“Minha ligação com o Centro de Artes e Letras (CAL) está diretamente ligada à minha formação. Quando eu estava fazendo licenciatura em Física, fiz duas disciplinas de fotografia no CAL e tive contato com alguns professores no período. O CAL é o local onde tem uma produção que poucos sabem, o que é um grande problema de divulgação da UFSM. Como meu objetivo é dar visibilidade à cultura e aos movimentos sociais e fazer a minha arte conversar com a arte dos outros, eu passei a acompanhar vários alunos na graduação de música, dança e teatro. Antes eu aparecia no Caixa Preta para fotografar. Ultimamente, o pessoal já faz eventos e, instantaneamente, me marca para participar. No final de 2017, em algumas semanas, eu estive de segunda a domingo no Caixa Preta”.
Dartanhan Baldez Figueiredo é professor de Física, já aposentado, da UFSM e fotógrafo amador. Teve seu trabalho apresentado em duas exposições coletivas e em duas individuais: “Arte no Espaço Público”, no aniversário da Rádio Armazém de Santa Maria, e “Rota Viva”, na Praça Saldanha Marinho, com fotos da Banda Rotações.
Além do trabalho com movimentos sociais, Dartanhan fotografa a natureza e sua preservação, e registra crianças e idosos acompanhados de cães em sessões de fisioterapia, na UFSM.
Associação Ará Dudu
O Coletivo Ará Dudu surgiu em 2015, fundado por vários artistas e produtores negros de Santa Maria. Em 2017, após ter sido selecionado para integrar a Incubadora Social da UFSM, o Coletivo se tornou a Associação de Arte e Cultura Ará Dudu. O objetivo do grupo é dar sustentabilidade para o povo negro de forma que empodere e traga para o cenário cultural os artistas negros e suas produções. A Associação tem várias atividades na cidade, como o Festival Municipal de Arte Negra (Fesman) e o Sarau DasPrê.
Programação da semana
A exposição Negros e Negras na Ciência, Cultura e Movimentos Sociais fica aberta até 30 de março, de segunda a sexta, das 11h às 16h, e de sábado e domingo, das 16h às 18h.
Durante a semana estão previstas outras ações alusivas ao Dia Internacional de Luta pela Discriminação Racial:
25 de março, domingo, às 17h, no Viva o Campus – Momento Música de Preto com Elen Ortiz, Zan Ribeiro e Ariane Teixeira.
29 de março, quinta-feira, no Centro de Convenções – Roda de conversa com mulheres negra – Militância e protagonismo das pretas; participação especial – Malu Viana.
Todos os dias: mostra de bonecas negras de Lúcia Severo.
Reportagem: Bibiana Pinheiro
Fotografia: Dartanhan Baldez Figueiredo – arquivo pessoal