#ArcoAcessível: No vídeo de capa desta matéria a tradutora intérprete de libras da UFSM, Maitê Esmério, diz o seguinte: Olá comunidade surda! Vocês conhecem o projeto Mãos Livres? É um projeto que cria artefatos culturais em língua de sinais! Quer saber mais? Acesse o site da Arco!
Em uma ação de vanguarda e que reforça o pioneirismo da UFSM em questões de acessibilidade a pessoas com deficiência, o projeto Mãos Livres foi criado para produzir artefatos culturais bilíngues, em língua portuguesa e língua brasileira de sinais (libras), visando à educação de pessoas surdas. Professores e alunos de diversos cursos da Universidade, principalmente da Educação Especial, fazem parte do projeto.
A Revista Arco foi inserida nesse processo há dois anos, com a tradução do conteúdo da editoria Como surgiu para a língua brasileira de sinais. Segundo a professora do Departamento de Educação Especial Melânia de Melo Casarin, que é a coordenadora do projeto, esta seção da revista foi escolhida por ser parte de um periódico institucional e abordar temáticas que vão ao encontro daquelas que são trabalhadas pelo Mãos Livres.
Até o momento, já foram traduzidas algumas matérias da Arco: Sob Duas Rodas, que conta sobre a origem da bicicleta e Subindo e Descendo, que relata a história dos elevadores. A matéria Amassava, amassava aos poucos ia extraindo formas, que revela detalhes sobre as esculturas do Campus da UFSM de Santa Maria, também já foi traduzida – e o vídeo está em processo de produção.
A tradução do texto em português para a língua de sinais conta com a participação fundamental dos colaboradores surdos, que apontam recortes e enunciados podendo, assim, construir de forma mais adequada as narrativas em Libras. Os processos seguintes são os ensaios da tradução/interpretação da narrativa em libras e, posteriormente, a dramatização e a filmagem. A produção dura cerca de sete meses. “Há uma grande diferença entre tradução/interpretação dos textos jornalísticos e os textos usados na criação de narrativas literárias”, compara Melânia, referindo-se a outros projetos desenvolvidos pelo Mãos Livres que envolvem textos literários.
No site do projeto Mãos Livres/UFSM é possível encontrar os artefatos culturais bilíngues produzidos para as comunidades surdas, como as produções do projeto e os vídeos bilíngues do conteúdo. Eles estão disponíveis na aba Como surgiu. A divulgação é feita nas redes sociais através da página no Facebook. A coordenadora do projeto ressalta que o material tem sido recebido de forma positiva pelo público: “Vários comentários chegam até nós acerca do quanto tem sido favorável para as comunidades surdas o acesso aos conhecimentos divulgados no Mãos Livres”, relata Melania.
Saiba mais sobre o projeto Mãos Livres
O projeto Mãos Livres surgiu em 2002 frente à escassez de acervo literário em Libras na Escola de Surdos de Santa Maria, com o objetivo de elaborar artefatos culturais – produção que envolve o manuseio humano e que fornece informações sobre a cultura de quem o fez.
É pioneiro ao se dedicar à produção de artefatos visuais à comunidade surda brasileira e, consequentemente, à educação dos surdos, socialização e reconhecimento da Libras.
O projeto se dedica à pesquisa para produção de livros bilíngues, objetos de aprendizagem bilíngues, vídeos de literatura bilíngue e narrativas de vida em Libras.
Das suas últimas produções literárias, foi lançada a coleção Mamíferos Brasileiros em Extinção. Os livros são feitos para serem usados nas escolas e vêm acompanhados com um DVD que relata, em Libras, a narrativa. A coleção foi publicada pela editora UFSM e estará a venda na Feira do Livro de Santa Maria a partir do dia 9 de maio.
Reportagem: Bibiana Pinheiro
Fotografias e vídeo: Rafael Happke