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O passado no futuro: aplicativo criado por doutorando da UFSM ajuda a valorizar a história local

Ideia que partiu de uma pesquisa sobre a história de São Sepé foi parar na telinha dos smartphones



“Antes de sermos do mundo, temos que ser regionais”, já dizia o poeta gaúcho Anomar Danúbio Vieira. A frase representa os objetivos que Felipe Rios Pereira buscou no seu projeto de doutorado. Historiador há sete anos, Felipe ingressou no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) motivado a trazer novos meios de difundir informações históricas para a comunidade, especialmente as de sua terra natal: São Sepé.

A ideia era clara: transformar uma pesquisa sobre a história de um município do interior do Rio Grande do Sul em um aplicativo. São Sepé tem cerca de 23 mil habitantes, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e foi fundada em 1876. O município está a 266 quilômetros de distância da capital do Estado, Porto Alegre. Segundo Felipe, são raros os arquivos ou livros que falam da história sepeense. Ele conta que, em 2016, quando lecionou pela primeira vez em uma escola municipal, notou a dificuldade de encontrar materiais para ensinar os alunos. Os poucos que encontrava haviam sido feitos por memorialistas, advogados ou antigos médicos da cidade que relatavam fragmentos da história ou eventos importantes. 

Foi com a aprovação em um edital da Faculdade Antonio Meneghetti, que liberou recursos para pesquisas, que Felipe decidiu pôr em prática seu projeto. A primeira ideia foi escrever um livro e narrar a história da construção de São Sepé. As pesquisas começaram, no início de 2021, com base nos arquivos da Fundação Cultural de São Sepé. Como o material era escasso, foi preciso que o autor buscasse o Arquivo Público do Estado e o Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. O segundo passo da pesquisa incluiu entrevistas orais com pessoas da comunidade local, especialmente as mais idosas. “Foi muito bacana esse contato, geralmente eles me mostravam fotos, objetos, e tudo ajudava a construir uma linha narrativa”, diz Felipe. Em oito meses, o livro “Histórias de São Sepé” foi lançado na Feira do Livro do município, que contou com a presença de autoridades locais.

Lançamento na Feira do Livro de São Sepé

Em 2022, veio a aprovação para o doutorado na UFSM e a esperança de expandir o projeto. Felipe decidiu levar para o ambiente acadêmico a ideia de pesquisar novos meios que pudessem divulgar a história local. O objetivo era que o conteúdo chegasse até a comunidade leiga e, especialmente, às crianças e aos jovens das escolas. “Foi pensando no principal meio de comunicação usado atualmente, o celular, que surgiu a ideia de desenvolver um aplicativo com a pesquisa que já estava no livro”, conta o doutorando.

Felipe levou os rascunhos do projeto para um antigo amigo, que havia conhecido na Casa do Estudante da UFSM, o desenvolvedor de software Maicon Luiz Anschau. Após algumas reuniões, estava pronto o primeiro esboço de um aplicativo que viria a se concretizar em dezembro de 2022.

Maicon conta que foram necessários sete meses para a construção do produto. O aplicativo foi lançado oficialmente em uma cerimônia no dia 22 de dezembro, no Museu Municipal de São Sepé.

Perspectivas

Felipe acredita que o estudo histórico desempenha um papel importante, na medida em que contempla pesquisa e reflexão da relação construída socialmente e da relação estabelecida entre indivíduo, grupo e o mundo social. Por isso, para 2023, os planos continuam. Felipe idealiza a implantação de QR Codes em espaços públicos e históricos de São Sepé. A proposta é que o aplicativo possa ter acesso à câmera do usuário e capturar o código. O link vai direcionar a uma página com informações sobre a história do local ou objeto. O historiador menciona que a realidade virtual pode ser uma grande aliada da História, pois consegue unir o passado e o presente.

Expediente:

Reportagem: Tayline Alvez Manganeli, acadêmica de Jornalismo;
Design gráfico: Lucas Zanella, estagiário de Desenho Industrial
Edição geral: Luciane Treulieb e Mariana Henriques, jornalistas

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