O conceito de alimentação saudável se baseia na ingestão de alimentos naturais que não tenham produtos químicos que prejudiquem a saúde de nosso corpo. No entanto, nem sempre os alimentos oferecidos nos mercados convencionais colaboram no combate e prevenção de enfermidades. Segundo a professora da UFSM do campus de Cachoeira do Sul Viviane Dal-Souto Frescura, “nós temos uma diversidade de alimentos no quintal de nossas casas, mas infelizmente, nos dias atuais, muitas pessoas ainda passam por necessidades, seja de alimentos ou de nutrientes”.
Nesse contexto, de acordo com a docente, “as plantas alimentícias não convencionais (PANCs) são aliadas da alimentação saudável para que possamos ingerir os diferentes nutrientes necessários para manter a vitalidade do nosso corpo”. Viviane coordena o Grupo de Estudos em Plantas Alimentícias Não Convencionais (Gepanc), integrado por técnico-administrativos, professores e alunos- de ensino médio, graduação e pós-graduação. O grupo investiga a viabilidade do consumo de plantas que têm, entre suas características, ocorrerem espontaneamente e não necessitarem de grandes cuidados para sua produção. “São plantas mais ‘robustas’, que toleram mais traumas”, reitera a pesquisadora.
As PANCs são plantas baratas e de fácil cultivo que ocorrem em diversos ambientes, desde o quintal de casa até as calçadas. Nesse sentido, por mais que as pessoas consumam diferentes produtos existentes no mercado, deixam de consumir novos nutrientes, novas cores, sabores, texturas. Segundo Viviane, “estamos acostumados a comer apenas o que o mercado oferece e, por não consumirmos as PANCs, os mercados acabam não as oferecendo”, reforça.
Por isso, além das pesquisas, o Gepanc também visa construir um catálogo das plantas com fotos, informações e localização, a fim de divulgá-las para a população. Além disso, o grupo vem difundindo o resultado de suas pesquisas em eventos científicos e, também, buscando se aproximar da comunidade. Nesse sentido, foi desenvolvido um trabalho sobre as PANCs nas escolas, o que possibilitou que os alunos aprendessem sobre elas e participassem de uma refeição cujo cardápio era formado por essas plantas não convencionais, das quais muitos estudantes nunca tinham nem ouvido falar.
Para efetivar suas pesquisas, o grupo realiza expedições nas ruas de Cachoeira do Sul com o propósito de fazer a identificação de espécies de plantas alimentícias não convencionais que ocorrem naturalmente em calçadas ou terrenos baldios não cercados. Dessas expedições, o grupo tira exemplares que são fotografadas, coletadas e depois analisadas em laboratório. Depois disso, o grupo elabora mapas para divulgar a ocorrência dessas plantas.
Atualmente, o grupo já mapeou as PANCs a um raio de 8,5 km do centro de Cachoeira do Sul. Até o momento, já foram identificadas 27 diferentes espécies de 17 diferentes famílias botânicas, que vão de árvores até ervas.
Reportagem: Germano Molardi
Diagramação e Ilustração: Deirdre Holanda