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Alternativas à experimentação animal

Pesquisas na UFSM utilizam diferentes organismos para reduzir uso de roedores em experimentos



Durante séculos, médicos e pesquisadores utilizaram animais para conhecer melhor o funcionamento dos órgãos e sistemas do corpo humano e ainda aprimorar suas habilidades cirúrgicas. Para os cientistas, experiências em animais eram fundamentais para a expansão do conhecimento e importantes para novas descobertas na ciência.

 

Os animais mais tradicionais utilizados em pesquisas são roedores, como ratos e camundongos. A similaridade com o genoma humano, o tamanho pequeno e a fácil reprodução estão entre as características que tornaram esses mamíferos cobaias dos experimentos. Eles precisam ser mantidos nas melhores condições de saúde e higiene possível; caso contrário, não poderão ser usados com propósito científico, pois existe legislação de bem-estar animal a ser respeitada.

 

No entanto, as críticas que surgem de vários segmentos da sociedade sobre o sofrimento dos animais que são utilizados nos experimentos são cada vez mais frequentes. Em 2014, o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, reconheceu outros métodos alternativos com o objetivo de reduzir o número de animais usados em pesquisas. Há estudos que buscam a substituição para a experimentação animal propondo modelos celulares in vitro, computadorizados, entre outros.

 

A utilização de métodos alternativos também vem acontecendo na UFSM. Se ainda não é possível substituir totalmente os animais nos experimentos, os organismos modelos representam um passo a mais nessa direção. A ciência considera organismo modelo qualquer organismo vivo utilizado para estudos de diferentes situações que mimetizam aspectos que ocorrem com seres humanos. Já os organismos alternativos são seres que podem complementar o estudo com roedores tradicionais. Na Universidade existe a Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA), que iniciou as atividades em 2005 e foi regulamentada em 2008. Ela realiza aprovação, controle e vigilância das atividades de criação, ensino e pesquisa científica com animais para garantir o cumprimento das normas de controle da experimentação animal definidas pelo CONCEA. Segundo a coordenadora da CEUA/UFSM, Daniela Bitencourt Rosa Leal, a Comissão tem como uma de suas atribuições incentivar a adoção dos princípios de refinamento, redução e substituição no uso de animais em ensino e pesquisa científica.

 

 

Professores do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica Toxicológica da UFSM têm estudado organismos diversos para trabalhar em experimentos. O pesquisador Félix Antunes Soares realiza estudos com vermes (Caenorhabditis elegans) desde 2010. O professor Denis Rosemberg desenvolve pesquisas com peixes (Zebrafish) desde 2005, quando estava na graduação.

 

A professora Nilda Barbosa trabalha com pesquisas envolvendo moscas (Drosophila melanogaster) desde 2011 e já realizou pesquisas com leveduras (Saccharomyces cerevisiae) entre o período de 2014 a 2016. O pesquisador João Batista da Rocha executa estudos com baratas (Nauphoeta cinerea) há cerca de 5 anos. Esses são apenas alguns exemplos de pesquisas que são desenvolvidas na instituição com os organismos modelo, sendo que alguns professores chegam a trabalhar paralelamente com mais de um tipo de organismo.

 

“O objetivo é reduzir o número de animais de grande porte e de custo elevado em pesquisa e, ainda, ter alternativas que respondam a questões complexas”, afirma o pesquisador e vice-coordenador da CEUA, Denis Rosemberg.

 

Desde o início dos estudos com organismos alternativos na UFSM, a quantidade de mamíferos como camundongos e ratos usados em pesquisas na Universidade diminuiu consideravelmente, pois alguns professores deixam de usar ou passam a utilizar menos esses animais depois de adotarem outros organismos vivos na pesquisa.

 

O professor do Departamento de Ciências Biológicas Félix Soares enfatiza que, apesar de substituir mamíferos em experimentos, ainda são utilizados alguns animais. “Futuramente talvez possamos trabalhar com linhagens celulares, porém o custo é bastante elevado. Além disso, é necessário um laboratório adequado e profissionais especializados. Hoje, esses organismos alternativos ainda são nossa opção”, afirma.

 

O armazenamento desses organismos modelo é mais prático, já que os mamíferos precisam ser acondicionados em ambiente com temperatura, luminosidade e espaço adequado. Além disso, Félix acredita que para os estudantes pode ser mais fácil trabalhar com esses organismos já que, em relação aos mamíferos, eles podem ser mais fáceis de se manusear.

 

 

Esta matéria foi editada, na versão online, em 29 de dezembro de 2017

 

Repórteres: Gabriele Wagner de Souza e Luciane Volpatto Rodrigues 

Fotografias: Rafael Happke

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