O uso de álcool é um assunto abordado desde o começo do surto do novo coronavírus. Dentre a certeza a respeito do benefício do álcool em gel 70% como prevenção do novo coronavírus ao higienizar as mãos, a hipótese da ingestão de bebidas alcoólicas surge como crença rarefeita ao público.
A verdade é que, em primeiro lugar, o vírus é transmitido por vias aéreas. Portanto, não adianta beber álcool ou água. Qualquer indicação de bebida, alimento ou receita caseira para prevenir ou combater o vírus não faz sentido.
Para além disso, é preciso atentar para males que podem surgir com o consumo do álcool, inclusive de procedência duvidosa.
Alerta da OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou posicionamento, em seu site, no dia 16 de abril. A entidade manifestou preocupação diante da vulnerabilidade de crença do público em relação a qualquer informação que possa parecer verdadeira para si, sem apuração ou comprovações científicas.
De acordo com a OMS, o uso de qualquer tipo de bebida alcoólica representa um risco à saúde, mas, principalmente, caso tenha sido adulterado com metanol, tornando as consequências mais graves ao organismo, podendo levar à morte.
A entidade, ainda, foi contra a liberação total de bebidas com teor alcoólico em todos países, limitando o consumo para a população. Tal afirmação relacionadas à ampla ingestão da substância, está associada a uma gama de doenças crônicas e transtornos mentais, além do possível comprometimento do sistema imunológico.
Mais de 700 iranianos morrem de intoxicação por metanol
Apavorados com o avanço da doença no Oriente Médio, os iranianos ajudaram a espalhar a notícia falsa de que o álcool ajudaria a combater o novo coronavírus. Milhares de pessoas recorreram à ingestão da substância.
Conforme matéria publicada pela rede Al-Jazeera, em 27 de abril, com base em números oficiais do Irã, 728 pessoas morreram entre 20 de fevereiro e 7 de abril de intoxicação por metanol – tipo de álcool utilizado em solventes. Ainda conforme a reportagem, 90 iranianos tiveram perda da visão ou outro tipo de dano nos olhos após ingerirem álcool adulterado.
Até o dia 21 de maio, o Irã registrou 129.341 casos e 7.249 mortes, conforme a Universidade de Hopkins.
Presidente de Belarus recomenda vodka
O presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, aconselhou a população que tomasse de vodka se proteger da doença. O presidente daquele país concedeu entrevista ao jornal inglês The Times, publicada no dia 29 de março, em que recomenda o consumo da bebida, o trabalho no campo e a visita à sauna, como métodos de combate ao novo coronavírus.
É importante salientar que Lukashenko mantém uma postura negacionista em relação à pandemia, e Belarus não adotou até o momento nenhum tipo de medidas preventivas.
Belarus registrou 33371 casos e 185 mortes até o dia 21 de maio, segundo a Universidade de Hopkins.
Mitômetro Coronavírus é um projeto de checagem de fatos da revista Arco voltado para a temática da pandemia com o objetivo de combater a desinformação.
O projeto é desenvolvido pela equipe da revista e tem a colaboração de egressos do curso de Jornalismo da UFSM e de estudantes da disciplina de Checagem de Dados e Eleições, do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana.
Compreenda os selos:
Comprovado – fato com evidências científicas e que pode ser explicado a partir de relatórios, documentos e pesquisas confiáveis e com metodologias factíveis.
É possível – selo para uma checagem com elementos reais. Não há comprovação 100% em função de determinados indícios, detalhes ou situações.
Depende – é o meio termo entre o que é mito e a verdade. Não existe um consenso entre as fontes e os especialistas. Também usado para quando faltam evidências ou para destacar que o fato pode ocorrer em uma determinada situação.
Improvável – refere-se a uma situação com pouquíssima possibilidade de ser real.
Mito – não existe possibilidade alguma de ser verdade. Existem evidências que provam o contrário. Enquadram-se aqui as teorias da conspiração, as lendas da internet e as noticias falsas.