É como se o pulmão ficasse do tamanho de um punho. Os pequenos goles de ar que entram não são o suficiente. O aperto no peito segue enquanto o coração se acelera, sem saber o porquê da situação. Isso é o que um asmático enfrenta ao longo da vida. É difícil de apontar qual é o gatilho que desencadeia uma crise, mas os sintomas são semelhantes: é quase impossível respirar. E o tratamento varia entre medicamentos contínuos e broncodilatadores, as famosas bombinhas, usadas para aliviar a crise. No Centro de Educação Física e Desportos da UFSM, é realizado um projeto, junto à comunidade, que auxilia de um modo ímpar na recuperação e no controle de asma e de problemas respiratórios crônicos desde a infância.
O projeto de extensão Natação e Ginástica para Asmáticos é coordenado pela professora Sara Teresinha Corazza e existe desde 1998. Ao longo do tempo, houve algumas mudanças metodológicas, a partir de resultados de pesquisas, mas a estrutura básica continua a mesma: a turma de crianças de 7 a 17 anos, com problemas como asma leve e moderada e rinite crônica, aprende a respirar.
Um asmático possui brônquios mais sensíveis e inflamados. Durante uma crise, o organismo da pessoa identifica um agente externo que provoca a contração da musculatura do órgão. Isso impede a saída de ar. Ou seja, a pessoa não consegue realizar completamente o processo de respiração: inspirar e expirar. “Um asmático não expira”, conta Corazza. As aulas de respiração ocorrem duas vezes na semana e funcionam da seguinte maneira: os pequenos chegam e iniciam os exercícios de respiração diafragmática ou ,como dizem, “respirar com a barriga”, depois todos passam para as piscinas térmicas e exercitam o equilíbrio e a lateralidade paralelamente à respiração. Segundo a professora, é evidente a importância do uso do diafragma para amenizar quadros de enfermidades respiratórias. “A musculatura que sustenta o pulmão é a diafragmática, então se trabalharmos bem essa musculatura, ela vai tratar da expansão do ar”, diz.
As aulas fazem com que a criança tenha uma maior consciência corporal. Com o repertório motor aumentado, as crises respiratórias tendem a diminuir em quantidade e intensidade. Paula Pacheco traz a filha asmática Emanuelle, de sete anos, há dois anos ao projeto. Ela relata que, apesar do pouco tempo de exercício, a melhora do quadro de Emanuelle é evidente: “Ela começou a ‘se atacar’ menos depois do projeto. A última crise foi há uns seis meses e bem mais fraca, bem mais controlada”, comemora Paula, o que confirma que o projeto tem cumprido o seu papel: ajuda a aliviar sintomas e melhorar de forma significativa a qualidade de vida de muitas crianças que sofrem com problemas respiratórios.
Reportagem: Vitor Rodrigues
Diagramação e Fotografia de capa: Juliana Krupahtz