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Noveleiros no Twitter

Professora da UFSM recebe prêmio por estudo sobre a repercussão da novela Salve Jorge entre os espectadores



Com o tema “Consumo, telenovela e um vestido de periguete: posições de sujeito (e de classe) em conflito”, a professora e pesquisadora do Departamento de Comunicação  da UFSM, Sandra Depexe, conquistou o prêmio Comunicon 2015, promovido pelo PPG em Comunicação da ESPM.

 

A pesquisadora dedicou sua tese de doutorado, intitulada “Distinção em 140 caracteres: classe social, telenovela e Twitter”, defendida em 2015 e orientada pela professora Veneza Ronsini, a entender o consumo simultâneo entre TV e Internet, exemplificado pela repercussão da novela Salve Jorge, veiculada na Rede Globo entre 2012 e 2013, no microblog Twitter. No artigo premiado, Depexe foca no caso da personagem Aisha, protagonizada por Dani Moreno, sendo um pequeno recorte da sua tese. A personagem, pertencente à elite, ganha um vestido floral da sua mãe biológica, moradora da favela. A pesquisadora monitorou a repercussão da telenovela por sete meses no Twitter, obtendo mais de 500 mil postagens, e pôde acompanhar a trajetória dos comentários sobre a personagem no microblog.

 

(da esquerda para a direita) Delzuite, Aisha e Lurdinha, em cena da novela onde Aisha coloca o vestido que ganhou da mãe

 

Segundo Sandra, no início da novela,  Aisha era tida pelos espectadores como “mimada” e “sem graça”. Quando a personagem ganha o vestido, os internautas do Twitter mudaram sua percepção sobre ela, caracterizando o vestido como “de piriguete”, torcendo para que ela o experimentasse, e objetificando o corpo de Aisha. Para a pesquisadora, Aisha, que era uma menina rica, ganha a atenção do público quando coloca o vestido. “Aisha apenas vestiu uma roupa, não mudou quem ela era. Mas o modo do público ver Aisha mudou. O discurso do público mostra que há preconceito de classe, já que a visibilidade do corpo não pode estar atrelada a uma moça de elite”, afirma Depexe. Para a pesquisadora, a distinção de classe também pode ser percebida através de um vestido.

 

 

 

Sandra fala da satisfação de ter ganho o prêmio, e o vê como um reconhecimento para pesquisas sobre representação da mulher, ainda com pouco espaço na academia. “A gente sofre certo preconceito por dizer que pesquisou sobre “piriguete”, mas é um lugar que mostra essas relações de classe e gênero funcionando”, diz a pesquisadora.

 

Os vencedores terão seus textos publicados em livro organizado pela ESPM. Também serão beneficiados com um diploma, isenção na inscrição e hospedagem em São Paulo para participarem do Comunicon 2016.

Reportagem: Andressa Foggiato
Infográficos: Nicolle Sartor
Fotografias: Divulgação

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