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Até debaixo d’água

Série de fotografias retrata cenas cotidianas em ambiente aquático



Comer uma maçã, tomar um café, passar batom ou falar ao telefone são ações tão comuns no nosso cotidiano que passam despercebidas. Mas tente imaginar-se fazendo isso embaixo d’água. Não consegue? Carlos Donaduzzi, aluno do Mestrado em Artes Visuais da UFSM, pode dar uma ajuda a sua imaginação. O estudante está desenvolvendo um projeto de pesquisa cuja ideia básica é exatamente esta: trabalhar com cenas cotidianas deslocadas para um ambiente aquático.

A ideia da dissertação de mestrado partiu de uma primeira série de fotografias tiradas pelo estudante em 2011. Carlos havia acabado de comprar uma câmera que fotografava embaixo d’água e estava ansioso por testá-la. “Não tinha as cenas em mente, foi algo de momento, de brincar e ver o que sairia”, conta. Nessa primeira leva de fotos, Carlos buscou observar o comportamento do corpo humano na água e a relação entre eles.

Para isso, utilizou uma Aquapix, câmera analógica muito simples, que possui somente o disparador, não possibilitando nenhum ajuste manual na hora de realizar a foto.

Os resultados da primeira série agradaram e inspiraram Carlos a desenvolver um projeto para trabalhar com uma segunda série de fotografias. Fotografia Submersa: Cenas Cotidianas é o título de seu projeto de mestrado, orientado pela professora Nara Cristina Santos, cujo objetivo é retratar cenas habituais em fotografias produzidas embaixo d’água. A banalidade é um dos pontos que Carlos procura destacar em suas fotografias, explorando situações que passam despercebidas diariamente e que, fora de contexto, ganham importância. “Queria passar a ideia da simplicidade do cotidiano e levar para a água foi um jeito que achei de destacar o que é banal”, explica Carlos.

A adaptação à água, assim como utilizar o equipamento nela – principalmente por ser mais difícil de observar o que está sendo fotografado – foram dificuldades que apareceram logo no início. Outros problemas surgiram e foram sendo contornados. “Como gosto de trabalhar com luz natural, demorei certo tempo para encontrar o horário ideal do dia para fotografar, além do fato de precisar de uma condição climática que ajude. O frio e o tempo nublado são os maiores inimigos”, afirma Carlos. A câmera digital também teve que passar por uma adaptação. Para fotografar embaixo d’água, ele a coloca dentro de uma caixa estanque elaborada para fotografia subaquática, não permitindo a entrada de água no equipamento.

Nessa segunda série de fotografias, ainda em andamento, Carlos trocou a câmera analógica por uma digital e pela edição posterior das imagens. O motivo principal da mudança foi a necessidade de testar as cenas fotografadas, os movimentos das modelos e dos objetos utilizados na composição da imagem. A câmera digital oferece maior praticidade e respostas imediatas ao fotógrafo. “Como a câmera analógica que uso é bastante limitada, a digital neste caso me dá todas as possibilidades de ajustes para ter uma foto bem realizada, já que são elaboradas inúmeras de cada cena”, complementa.

A defesa da dissertação de mestrado de Carlos será em abril de 2014. Alguns dos resultados alcançados até o momento são as fotografias que compõem este ensaio e, como se trata de um projeto em andamento, para Carlos cada final de sessão é um aprendizado: “Vejo aspectos que posso mudar ou manter nas fotografias. Até finalizar o mestrado ainda há muito trabalho pela frente”.

Repórter: Camila Marchesan Cargnelutti

Fotografia: Carlos Donaduzzi

Confira o ensaio completo na versão flip.

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