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10 curiosidades sobre o câncer de boca

O mês de conscientização sobre o câncer bucal, Maio Vermelho, busca alertar a população sobre possíveis sinais de lesões na região da boca



Em referência a 31 de maio, instituído pela Lei Estadual 12 535/06 como Dia de Luta Contra o Câncer Bucal, este mês é marcado por campanhas que visam aumentar a discussão acerca desta doença, que afeta mais de 15 mil brasileiros e resulta em mais de 6 mil óbitos por ano, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA)

Para colaborar com a disseminação de conhecimento sobre o assunto, a Liga Acadêmica de Patologia Oral e Maxilofacial, do curso de Odontologia, da Universidade Federal de Santa Maria listou algumas dúvidas sobre o câncer de boca. 

1. O que é câncer de boca?

O câncer de boca está entre os mais prevalentes no Brasil e no mundo. Pode ser definido como um conjunto de tumores malignos que afetam diversas áreas bucais, como lábio, língua, gengiva, bochecha, assoalho da boca, palato duro, dentre outras. A língua e o lábio inferior são as regiões mais acometidas, e o carcinoma de células escamosas (CCE) é o tipo de tumor mais frequente, correspondendo a cerca de 95% dos casos. 

É uma doença agressiva com uma taxa de sobrevivência de apenas 50% ao longo de 5 anos. As pessoas que sobrevivem apresentam sequelas severas do tratamento, que limitam ou comprometem as atividades profissionais, sociais e também familiares.

2. Quais são os principais fatores que podem levar a pessoa a ter câncer de boca?

O câncer bucal é uma doença potencialmente fatal que pode afetar pessoas de todas as idades, inclusive jovens, ainda que seja mais comum em homens tabagistas acima de 40 anos. Além do fumo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode aumentar as chances de desenvolver o câncer. Por outro lado, as lesões pré-câncer (lesões com potencial de malignidade), são mais comuns em mulheres que não fumam e não bebem.

Somado a isso, outros fatores podem levar ao desdobramento da doença, como a exposição solar sem proteção, que é o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de lábio, assim como a alimentação pobre em frutas, legumes e verduras. A infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) pode também estar relacionada à ocorrência desse câncer.

3. Quais os principais sinais de alerta para o câncer de boca?

  • Feridas nos lábios e na boca que não cicatrizam por mais de 15 dias; 
  • Manchas ou placas vermelhas ou esbranquiçadas na boca; 
  • Sangramentos sem causa conhecida em qualquer região da boca; 
  • Nódulos (caroços) no pescoço;
  • Rouquidão persistente;
  • Em fases mais avançadas da doença, a pessoa pode apresentar dificuldade para falar, mastigar ou engolir.

No entanto, apenas esses sinais podem não se confirmar como câncer de boca e precisam ser investigados por um profissional de saúde.

4. Trauma causa câncer de boca?

As evidências científicas disponíveis não comprovam o trauma crônico como uma possível causa de câncer, como o potencial trauma que é gerado pelo chimarrão, por exemplo. No entanto, alguns estudos indicam que traumas crônicos causados por prótese dentária mal adaptada e a má higiene da cavidade bucal ou da prótese podem ser fatores de lesões de câncer na boca pela recorrência.

5. Como descobrir o câncer de boca?

Por meio do exame clínico da boca, realizado por dentista ou médico, em qualquer unidade de saúde. O exame bucal é um procedimento simples de observação que não requer instrumentos especiais, podendo ser feito nas consultas odontológicas ou médicas. Com esse exame é possível visualizar lesões suspeitas e diagnosticar o câncer de boca ainda no início.

6. O que fazer para diminuir o risco do câncer de boca?

  • Não fumar; 
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas; 
  • Ter uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes; 
  • Usar preservativo (camisinha), inclusive durante a prática do sexo oral;
  • Cuidar da higiene oral.

Lembre-se, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para quem deseja parar de fumar.

7. Como é feito o tratamento?

Na grande maioria das vezes é cirúrgico, tanto para lesões menores, com cirurgias mais simples, como para tumores maiores. O cirurgião de Cabeça e Pescoço é o profissional que vai avaliar o estágio da doença. Essa avaliação, associada a exames complementares, determinará o tratamento mais indicado. 

A cirurgia normalmente consiste na retirada da área afetada pelo tumor associada à remoção dos linfonodos do pescoço e algum tipo de reconstrução quando necessário. Nas lesões mais simples, muitas vezes é necessário apenas a retirada da lesão.

Nos casos mais complexos, além do tratamento cirúrgico, é necessária a realização de radioterapia para complementar o tratamento e obter melhor resultado curativo. A radioterapia e a quimioterapia são indicadas, também, quando a cirurgia não é possível ou quando o tratamento cirúrgico pode trazer sequelas funcionais importantes e complicadas para a reabilitação funcional e a qualidade de vida do paciente. 

Em todas as etapas do tratamento é importante o aspecto interdisciplinar (com a participação de vários profissionais de saúde) visando prevenir complicações e sequelas.

8. Tem cura e risco de morrer?

O câncer de boca tem cura, principalmente se diagnosticado e tratado nas fases iniciais. No entanto, se o diagnóstico e o tratamento são feitos quando a situação está avançada, aumenta a chance de se disseminar para outras regiões e, consequentemente, cresce o risco de morte e a qualidade de vida pode ser comprometida.

O problema é que, em estágio inicial, a lesão pode passar despercebida, uma vez que costuma ser assintomática. Os sintomas só são experimentados quando os pacientes estão em estágios avançados, quando já há comprometimento de outras estruturas. 

A falta de conhecimento acerca da existência da doença e a dificuldade dos profissionais em identificar lesões resulta em atraso para referenciar os pacientes a realizarem diagnósticos e tratamentos, consequentemente, isso faz com que as taxas de mortalidade sejam altas no Brasil. Conforme o INCA, o país apresenta a maior taxa de incidência da América do Sul, de 3,6 casos por 100 mil habitantes, e a segunda maior taxa de mortalidade, de 1,5 morte por 100 mil habitantes.

9. O que objetiva o Projeto Maio Vermelho?

A ideia de ampliar as ações de prevenção ao câncer bucal resultou na criação do Maio Vermelho, que surgiu nas reuniões do Comitê das Entidades de Classe do RS (CECO/RS), em 2011. Na ocasião, representantes da odontologia gaúcha trabalharam em conjunto para dar forma ao projeto e, anualmente, seguem atuando para alcançar os objetivos traçados, que incluem:

  • Complementar e ampliar a formação de profissionais de saúde acerca de doenças que se manifestam na boca, com foco principal nas lesões malignas ou com potencial de malignização, assim como seus fatores de risco;
  • Unir os profissionais da saúde na campanha de prevenção ao câncer bucal para que seja contínua e reconhecida por informar e orientar a população através de diferentes meios de comunicação;
  • Oferecer oportunidade de exame clínico profissional para a população, tanto em campanhas específicas quanto nas unidades de saúde da rede pública e outros locais de assistência, para que os pacientes com necessidades sejam identificados e encaminhados aos serviços especializados para diagnóstico definitivo e tratamento;
  • Promover a saúde bucal da população, alcançando os 497 municípios do Rio Grande do Sul, com extensão para outros estados.

10. O que significa a logo do projeto?

A flor da boca, símbolo da luta contra o câncer bucal, foi inspirada na peça “O homem com a flor na boca!” do dramaturgo italiano Luigi Pirandello. Nesta obra, um homem recebe a flor da morte sobre os lábios como símbolo do câncer, propondo uma reflexão sobre o sentido da vida. A flor, usada sobre o peito, busca sensibilizar a todos para a importância dessa luta. A gérbera, flor escolhida pelo Projeto, representa a positividade e a beleza da vida.

Expediente:
Texto: Gabriela da Luz Machado e Gabriela Bernardon Peixoto Silva
Edição de Produção: Laurent Keller
Edição geral: Luciane Treulieb e Mariana Henriques, jornalistas

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