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Sônia Bridi: “Ou você é um jornalista do clima, ou não está fazendo o seu trabalho como deveria”

A jornalista da Rede Globo participou da transmissão de “Futuros Possíveis: Comunicação, Informação e Desastres”, evento da UFSM no Dia Mundial do Meio Ambiente



“Futuros Possíveis: Comunicação, Informação e Desastres” foi tema de evento promovido pelos grupos milpa – laboratório de jornalismo, Mão na Mídia e Agenda 2030, da Universidade Federal de Santa Maria, campus Frederico Westphalen. Na programação, o painel “Jornalismo na Cobertura de Desastres” discutiu a tarefa de narrar acontecimentos de grande impacto que mobilizam o jornalismo tradicional e as mídias independentes. O momento contou com a participação da jornalista Sônia Bridi, da Rede Globo, e do jornalista Luís Gomes, do portal Sul21. A mediação foi realizada pela jornalista Anna Júlia C. da Silva.

Sônia Bridi é jornalista e escritora, referência em reportagens investigativas e na cobertura de questões sociais e ambientais. Foi correspondente da Rede Globo em Londres, Nova York, Pequim e Paris. No programa Fantástico, são destacadas produções assinadas por ela abordando de forma aprofundada as transformações do nosso tempo. “Terra, que Tempo é Esse?”, de 2010, “Planeta Terra: Lotação Esgotada”, de 2012, e “A Jornada da Vida”, de 2014, são alguns exemplos. Entre as suas principais coberturas, estão o desastre da região serrana do Rio de Janeiro, em 2011, e a tragédia humanitária dos Yanomami, em 2023. É autora dos livros “Laowai – Aventuras de uma repórter brasileira na China”, de 2008, e “Diário do Clima”, de 2012. 

A transmissão pode ser revista neste link

Leia a transcrição do painel* com Sônia Bridi, realizado no dia 5 de junho de 2024:

 

ANNA JÚLIA: Diante do cenário de mudanças climáticas e da repetição de eventos extremos, como você define o papel do jornalismo?

SÔNIA: Há muito tempo, temos repetido que não existe jornalista que não seja um jornalista do clima. O jornalista não vai estar prestando um papel, o seu papel como jornalista, se para cada assunto que ele for tratar, ele não estiver tratando também da questão climática. Todos os setores de nossa vida estão relacionados a essa pauta: nossos costumes, nossa cultura, nossa economia, a maneira como consumimos, produzimos energia, usamos a terra, nos deslocamos para o trabalho, tratamos o lixo, construímos infraestrutura urbana, desenvolvemos políticas públicas e, principalmente, fazemos política. A política tem ficado extremamente alienada das questões climáticas e nós jornalistas não temos feito o nosso trabalho de provocar e cobrar os políticos com a intensidade necessária para o momento que vivemos. Então, tratarmos das questões climáticas neste momento é fundamental. Hoje, ou você é um jornalista do clima ou você não está fazendo o seu trabalho de jornalismo como deveria ser feito.

E este trabalho se torna ainda mais urgente porque permitimos que a situação chegasse a esse ponto. Até este momento, nós já esquentamos o planeta quase um grau e meio. Hoje, foram divulgados dois relatórios bastante alarmantes que mostram que os últimos 12 meses foram os mais quentes da história. Assim, podemos afirmar que junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março, abril e maio foram os meses mais quentes já registrados. Isso não apenas em comparação com os dados instrumentais, mas também com evidências como marcos históricos, testemunhos, gelo, árvores, entre outros. Só esteve quente desse jeito há alguns milhões de anos e esse calor esteve relacionado a processos de extinção em massa. Logo, nós temos uma urgência muito grande e precisamos não só informar sobre o clima, mas também sobre o processo dos cientistas

Uma grande parte do descrédito que as pessoas têm na ciência, é porque infelizmente as nossas escolas e universidades não explicam como funciona um processo científico. Na pandemia, vimos que nem mesmo as faculdades de medicina. Tem médico que acha que se ele deu um remédio para um paciente e o paciente melhorou, isso é um estudo científico. Não é, isso não é uma comprovação de que o remédio funciona. Existe todo um processo de testagem e de garantias. E toda ciência trabalha assim. E quando a gente faz as matérias e diz que os cientistas estão afirmando isso ou aquilo, a gente tem que sempre responder como é que eles sabem isso. Explicar um pouco do processo científico ajuda não só as pessoas a se sentirem mais satisfeitas de compreender uma informação, mas aumenta a credibilidade da ciência, que tem sido bombardeada por mentiras profissionais como a gente tem visto nos últimos tempos. Enfim, acho que a tarefa é longa e árdua.

 

ANNA JÚLIA: Via chat do YouTube, temos uma pergunta de Heverton Lacerda (UFRGS): como os jornalistas podem furar as barreiras da estrutura de redação que estão ligadas de alguma forma ao comercial de grandes redações e ainda à direção geral dos donos das grandes redes?

SÔNIA: No meu caso, nunca senti uma pressão externa, digamos assim, comercial. Eu acho que o maior desafio para mim sempre foi convencer os meus colegas da gravidade da questão climática. Não há uma reunião de pauta em que eu participe e não traga pelo menos três pautas relacionadas ao clima e às questões ambientais, seja denúncia ou solução. Portanto, uma coisa é: devemos bombardear os chefes de redação com essas pautas. Trazê-las, sermos propositivos. Eu fiz isso e as coisas foram acontecendo; consegui cada vez mais espaço e hoje acredito que convencer se tornou muito mais fácil e conseguimos emplacar mais matérias.

É difícil assistir a um Jornal Nacional inteiro sem que o tema do clima seja abordado; é raro ver um Fantástico sem uma reportagem sobre meio ambiente, seja propositiva, de denúncia ou relacionada a algum outro assunto. E eu acho que essa nova geração de jornalistas que está nas redações já chega com esse conhecimento. A minha geração é cheia de negacionistas, jornalistas negacionistas do clima. É claro que eu estou falando de uma regra cheia de exceções, mas há uma tendência a tratar o clima e a questão ambiental como uma perfumaria, um assuntinho menor. Eu já ouvi coisas do tipo: “você é tão boa repórter, pena que se dedica tanto a ficar gastando tempo com essas matérias de meio ambiente”. Como se a sobrevivência da humanidade fosse um assunto pequeno. Então eu acho que a resistência das grandes redações não é tão grande assim, basta apresentarmos nossos projetos. 

Há uma dificuldade que se relaciona ao custo. Por exemplo, qualquer viagem para a Amazônia custa trinta, quarenta mil reais para uma equipe de televisão. Produzir matérias in loco, conversar com as pessoas, captar imagens, tudo isso demanda tempo e dinheiro, e dinheiro tem sido escasso nas redações brasileiras. As TVs e os jornais trabalham com publicidade. Então uma coisa que se pode fazer talvez é até botar o comercial como proativo, que tente comercializar, vender um determinado espaço que vai ser sempre dedicado a questões do clima. Porque qualquer empresa séria e constituída hoje tem um departamento de ESG (environmental, social e governance – traduzido para o português como ambiental, social e governança), e o E é de environmental (ambiental). As empresas estão sendo obrigadas a cada vez mais passar de greenwashing, de criar aquela imagem verde, para realmente agir verde. Então, acho que a gente tem que ser mais propositivo dentro das redações. 

Lembro da reação do meu chefe em 2009, quando sugeri uma série sobre lugares que já mostravam os efeitos das mudanças climáticas. Em 2009, ele achava que a gente iria ver mudança climática em 2070, 2080, mas já havia muitos exemplos. Quando provei isso a ele, fizemos a série, possivelmente a primeira na TV aberta mundial dedicada exclusivamente às mudanças climáticas, em horário nobre e com bastante tempo. Então, acho que a gente tem que ser mais propositivo com as chefias, porque às vezes eles já tem todo um planejamento, um espelho, uma programação, e ao chegarmos com uma coisa diferente temos que insistir, mostrar porque que é relevante e apresentar alternativas. Acho que a única maneira de dar a volta em todos os problemas para poder emplacar matéria é ser propositivo e insistente.

ANNA JÚLIA: Quais são os principais desafios que você costuma enfrentar ao cobrir desastres ambientais? 

SÔNIA: Eu acho que a maior dificuldade geralmente é o acesso, porque é quando acontece o desastre que o jornalista se desloca, e, às vezes, quando ele começa a se deslocar, o acesso já não é fácil. Nós vimos o que aconteceu no Rio Grande do Sul: havia jornalistas levando trinta, quarenta horas para conseguir chegar ao estado e fazer a cobertura. Aí, chegam em Porto Alegre e não conseguem ir para outros lugares. Então, há muita dificuldade de acesso. Também há dificuldade em conseguir enviar material, porque, quando há um desastre ambiental, há um desastre na infraestrutura, e essa infraestrutura acaba influenciando também a comunicação. Aí, você grava, tem um monte de arquivos, precisa subir pela internet, mas não tem uma internet confiável ou com velocidade. São problemas mais técnicos, né? Eu acho que precisamos estar preparados para ir a esses lugares. Quando você vai a um desastre ambiental, enfrenta um desafio físico. Você tem que saber se organizar para ir, não quer se tornar mais um problema, mais uma pessoa para socorrer, mais alguém a ser tratado no hospital. Então, você tem que ir com equipamentos de segurança e garantir que terá alimento por alguns dias, sem precisar usar os poucos recursos que as pessoas já têm. O jornalista não quer ser um estorvo diante de uma situação difícil.

Agora, no que se trata de falar com as pessoas, o desafio é controlar as emoções, porque é muito duro, numa hora tão difícil e trágica. Eu não fui para a cobertura no Rio Grande do Sul, porque fui diagnosticada com uma pneumonia na semana anterior e permaneci em tratamento. Aqui, tentei ajudar na redação, na pauta, enfim, com tudo o que pude. Mas, quando você está lá, compartilha a dor das pessoas. Você não quer sofrer mais do que a vítima, né? Então, é importante administrar suas emoções para que o repórter não se torne a notícia. Na televisão, essa linha é muito difícil e, às vezes, escorrega. Acho que esse é um desafio: estar muito aberto para ouvir as pessoas e dar o tempo delas. Numa tragédia, as pessoas querem desabafar; você não pode sair correndo de uma pessoa para outra. Deve dar o tempo necessário para a pessoa falar, desabafar, contar sua história. Às vezes, as pessoas começam a voltar no tempo 20 anos, e vão e voltam… faz parte do trauma que o discurso delas seja mais confuso, e precisamos ter paciência para ouvir.

Outro grande desafio é conseguir cobrir as etapas da notícia [o antes, o durante e o depois da tragédia], mas isso o Luís Gomes explicou muito bem. Há a etapa em que foi feito o aviso, o alerta de que as coisas podiam acontecer. Quando a tragédia ocorre, você deve se concentrar nela, mas não pode demorar muito para começar a apontar responsabilidades. Ainda mais num país como o nosso, onde temos que lidar com duas manifestações horríveis da mesma fonte, do mesmo movimento, que são o negacionismo e as mentiras plantadas e disseminadas de maneira profissional e planejada. Então, precisamos ter um momento ali, aquele tempo de cuidar, o resgate, o socorro, a ajuda humanitária e tal, mas também é necessário apontar as culpas e responsabilidades rapidamente. Tristemente, digo que me dói no coração saber que até hoje não há ninguém preso pelo que aconteceu na Boate Kiss. E ninguém vai pagar pelo que aconteceu com essa tragédia no Rio Grande do Sul. Ninguém pagou por Brumadinho, pelo Ninho do Urubu. Mas isso não deve ser razão para nos calarmos e pararmos de apontar os culpados. É preciso que isso seja feito no tempo certo, sem demorar muito.

 

ANNA JÚLIA: Como fazer uma cobertura eficaz e sensível, considerando o contexto de desastres?

SÔNIA: Na hora do desastre, você precisa ver o que está acontecendo agora, as consequências desse desastre. Uma cobertura sensível, eu acho, é a que deixa as pessoas falarem, que abre espaço para que elas contem as histórias do que está acontecendo ali. Mas, é preciso também haver uma compreensão de como tudo aconteceu, isso precisa ser feito, porque, quando compreendemos como tudo aconteceu, já estamos começando a desenhar a cadeia de responsabilidades.

Então, por exemplo, na semana seguinte à inundação no Rio Grande do Sul, no Fantástico, eu fiz a apuração e as artes que foram apresentadas pelas apresentadoras – porque eu estava em casa, com pneumonia, e isso era a contribuição que eu podia dar –, sobre como é a topografia da região, como as águas se movimentam, por que Porto Alegre inundou, como foi a sequência das comportas que falharam, das bombas que não funcionaram, mostrando a rapidez com que essa água subiu por causa dessa falha em todos os sistemas, enfim, todo esse processo. Por mais que essas coisas já tivessem sido ditas, uma coisa aqui, outra ali, eu acho que o Fantástico tem esse papel importante de agrupar aquelas informações que vão saindo picadas e colocar uma linha do tempo e um sentido nelas. Porque, quando você faz isso, já tem um caminho de responsabilidades, mostrando como as coisas aconteceram.

Enfim, acho que essas duas coisas precisam ser feitas: contextualizar o que e como aconteceu, tentar dar uma explicação mais completa do passo a passo de todas as coisas que influenciaram, mas também parar e ouvir as pessoas e entender como estão sendo atendidas. Eu me lembro que, quando estava na faculdade, tinha uma matéria do jornalista Ricardo Kotscho, da Folha de São Paulo, que era um estudo de caso em que ele mostrava uma inundação em São Paulo em que o prefeito estava em uma festa e não saiu. Então, você tem que mostrar como estão posicionadas e o que estão fazendo as autoridades. Nesse caso, algumas coisas foram muito bem feitas, como, por exemplo, a entrevista da jornalista Kelly Matos [Grupo RBS] com Hamilton Mourão [senador eleito pelo RS, do partido Republicanos], que revela muito sobre com quem se pode contar numa hora de desgraça.

 

ANNA JÚLIA: Via chat do YouTube, temos uma pergunta de Márcia Franz Amaral (UFSM): o que se espera do jornalismo neste momento pós-desastre que viveremos no Rio Grande do Sul. Quais as especificidades deste momento?

SÔNIA: Eu acho que existem várias frentes. Uma delas é um jornalismo que aponte as responsabilidades, não só em casos criminosos, mas também na política pública. Como a política pública é e foi negligenciada, isso precisa ser muito bem acompanhado. Outra coisa que podemos fazer, e eu produzi no Fantástico também nos bastidores, é o exemplo da matéria que foi feita em Nova York e em Londres sobre as cidades-esponja: podemos ajudar divulgando informações de que existem, sim, soluções baseadas na natureza, que podem tornar os ambientes mais resilientes.

Então, no Rio Grande do Sul, eu gostaria muito de ver um mapeamento de como está a vegetação nas cabeceiras do Rio Taquari, que permitiu que esse volume de chuva fosse absorvido e escoado para o rio com tanta rapidez. As margens desse rio são protegidas ou têm pasto e lavoura até a margem? Existe mata ciliar ao longo do rio e de seus afluentes? Qual é a cobertura de mata nativa nas propriedades dessa região? Está respeitando os 30% de reserva natural? Esse tipo de levantamento, eu acho, é fundamental até para ajudar a pautar a discussão de política pública.

Se você não tiver um ambiente resiliente… é como ter um paciente doente que qualquer gripe pode matar. Agora, se você tem um paciente mais resiliente, ele vai suportar melhor os ataques à sua saúde. E isso é muito verdadeiro para o meio ambiente. Se você tem rios com margens bem florestadas, cujos afluentes são igualmente bem cuidados, um sistema de microbacias bem mantido, com solo que absorve a água. Em um evento extremo como esse que aconteceu, provavelmente não vai evitar que tanta chuva ocorra, mas talvez evite a gravidade e a rapidez com que os danos se espalhem. A velocidade com que a água desceu essa serra pode ser um indicativo. Isso precisa de um estudo. Isso eu gostaria de ver, por exemplo. Isso é trabalho para nós. Trabalho para nós, jornalistas.

 

ANNA JÚLIA: Muito obrigada pelo relato, Sônia. Gostaria de fazer mais algum comentário?

SÔNIA: Eu queria dizer o seguinte: hoje é Dia Mundial do Meio Ambiente e também o dia em que se completam dois anos desde que Bruno Pereira e Dom Phillips foram brutalmente assassinados no Vale do Javari, defendendo o que o Estado deveria estar defendendo, que é a integridade do território contra crimes ambientais.

Quando falamos, por exemplo, da proteção dos banhados, é porque os banhados são as cidades-esponja já prontas. Eles existem para isso, para absorver o impacto de grandes inundações. Quando acabamos com eles, criamos instabilidade. E eu acho que algo que precisamos sempre conectar é a questão da nossa segurança com a questão ambiental. As pessoas que morreram e que perderam tudo foram vítimas dos crimes ambientais.

Os analistas de economia agora finalmente estão falando do impacto econômico do clima, que vai impactar o PIB do Brasil e tal, mas quando você fala de licenciamento ambiental, muitas vezes você os vê dizendo que isso “atrapalha e atrasa obras, torna difícil fazer infraestrutura”. Há uma tendência a diminuir e desvalorizar a importância de rigorosos licenciamentos ambientais de proteção. Dizem, “ah, mas querem deixar 30% [de reserva natural] da terra, coitado do agricultor, não pode aproveitar a terra dele”. A terra é um bem público também. E se ele não cuidar dos 30% de preservação ambiental ou, enfim, de acordo com a legislação para cada tamanho de propriedade – 50%, 80% na Amazônia –, não vai ter nada para colher. A terra vai embora, o solo fértil vai embora.

Então, temos que conectar o clima com essa destruição de vidas, de formas de vida e de meios de vida – que são o seu trabalho, o seu emprego, a empresa que você tem, ou a vendinha, a sua casa, os seus móveis, a escola das suas crianças. Tudo isso se perde e é um gasto de infraestrutura absurdo comparado com o custo do plantio de árvores, reservas legais e licenciamento ambiental. Isso vira troco, é irrisório perto do desastre. E essas contas precisam ser feitas e escancaradas sempre que falarmos sobre os desastres. É isso, gente. Obrigada pelo convite.

 

*Editado para fins de concisão.

Texto: Anna Júlia C. da Silva | Doutoranda (Poscom/UFSM) e pesquisadora discente do milpa – laboratório de jornalismo (CNPq/UFSM)

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