Ir para o conteúdo Laboratório de Filosofia da Memória Ir para o menu Laboratório de Filosofia da Memória Ir para a busca no site Laboratório de Filosofia da Memória Ir para o rodapé Laboratório de Filosofia da Memória
Ir para o conteúdo
GovBR Navegar para direita
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Workshop Memory, Emotions, and Affectivity



Escrito por C. S. dos Santos

No dia 05 de fevereiro de 2025, num calor que beirava os 40 graus, participamos do workshop Memory, Emotions, and Affectivity, organizado por Flavio Williges, Róbson Ramos dos Reis, e Gabriel Zaccaro, acontecido nas instalações do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Maria.

Apesar de ser férias, apesar de ser antes do Carnaval, o evento contou com um bom público formado, majoritariamente, por atentos e inquisitivos pós-graduandos do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Santa Maria.

Com fomento do Projeto Memória & Tecnologias (Capes-PrInt), o evento contou com a participação de Celeste Vecino (Universidad Diego Portales, Chile) e de Robert Davies (University of York, Inglaterra). Dentre os pesquisadores locais, César Schirmer dos Santos e Flavio Williges apresentaram suas questões e seus resultados.

 

O workshop abriu com Vecino apresentando a teoria da singularidade e da generalidade na filosofia primeira de Edmund Husserl. Temos contato dinâmico com objetos, pessoas, e culturas, sendo que nossos contatos posteriores com coisas singulares desses e d’outros tipos nos levam a rever e aprimorar nossas ideias sobre o que são essas coisas singulares e as classificações das quais elas participam.

Esses elementos nos auxiliam a pensar na questão clássica sobre a possibilidade de se evocar uma experiência passada. Um empirista como Locke nos diz que uma percepção deixa de existir assim que deixa de ser percebida. Sendo assim, não é possível ter de novo a mesma experiência, sendo possível somente que haja uma nova experiência, a qual precisa vir acompanhada de uma experiência-de-experiência que diz que a nova experiência deve contar como re-experiência. O ponto de Locke, com o qual Husserl parece concordar, é que não é possível ter a mesma experiência novamente, ainda que seja possível referir, novamente, aos mesmos objetos, pessoas, ou culturas. 

Santos apresentou uma versão do atributivismo sobre marcadores de memória. 

Um marcador de memória é uma característica que o sujeito nota em certa imagem mental e que faz com que ele creia que se trata de uma imagem mental originada de uma experiência pessoal anterior.

O atributivismo, por sua vez, é a teoria que as crianças aprendem com os outros, principalmente os adultos, a associar certas características das imagens mentais a rótulos de estados mentais tais como “sonho”, “desejo”, “fantasia”, “imaginação” e “lembrança”.

Assim, a ideia é que aprendemos uns com os outros a tomar certas simulações mentais como sendo memórias. Segue que se e como alguém se toma como lembrando de algo depende de como esse alguém aprendeu a lidar com as características das imagens mentais.

Williges apresentou uma teoria descritiva da solidão traumática, a qual se diferencia da solidão “nutella”, a qual se resolve convivendo com os outros. A solidão traumática envolve um profundo sentimento de desconexão dos outros, de não pertencer ao aqui e agora no qual se está. Trata-se de casos nos quais, paradoxalmente, a convivência com os outros pode ser dolorosa. É como se a pessoa estivesse presa dentro de si mesma, não sendo capaz de se abrir, ou considerando o próprio corpo como um inimigo. Nesses caso, a confiança em si, nos outros, ou no mundo está profundamente abalada. No Q&A, Reis acrescentou que as intervenções terapêuticas para tais casos envolvem o cuidadoso trabalho em direção à quebra do isolamento, de modo a se fazer com que a medicina narrativa solape ou mitigue a solidão traumática.

Davies resgatou e atualizou a perspectiva da filosofia da memória britânica sobre o papel da imageria mental na memória, com destaque para o caso de memórias traumáticas ou intrusivas. Nesta tradição, enfatiza-se que pode haver memória mesmo quando não há imageria mental.

Como lidar, sendo assim, com a dor associada à imageria mental de certas memórias traumáticas ou intrusivas? A solução de Davies é associacionista. Digamos que, em t1, você tenha experienciado x. Depois, em t2, você lembra de y, algo que pode, ou não, ser igual a x. Mas em t2 você também faz outra coisa: você julga, automaticamente, ou tacitamente, que a imageria mental y tem a ver com a experiência de x. É seu julgamento que conecta o prazer ou dor de x ao prazer ou dor de y.

O evento foi concentrado e riquíssimo. Vários objetivos foram alcançados, com destaque para a internacionalização da pesquisa, a formação de novos pesquisadores de ponta, e a integração de grupos de pesquisa nos níveis intra- e interinstitucionais.

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-918-83

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.