Todo equipamento, antes de entrar no mercado, deve passar por uma série de ensaios para determinar sua conformidade com as normas e especificações de operação e segurança definidas pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Os inversores de frequência utilizados em um grande número de aplicações industriais e residenciais também devem ser submetidos a esses testes, os quais chegam a durar dias de ensaios intensos. Essa é uma etapa importantíssima e indispensável na concepção de um novo produto, porém o gasto em energia é significativo para que o ensaio se realize.
Toda a energia utilizada nos ensaios é totalmente descartada, sendo consumida em sua maior parte no banco de resistores e convertida em energia térmica; a outra parte corresponde às perdas de comutação do inversor e de outros equipamentos conectados à rede. Essa perda, porém, tende a ser uma pequena parcela da energia total consumida.
É o que defende José Adriano Damacena Diesel em sua dissertação, a qual é orientada pelos professores Joselito Anastacio Heerbt e coorientada pelo professor Leandro Michels, ambos vinculados ao INCT-GD. Diesel, que é oriundo do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UDESC, desenvolveu parte da coleta de resultados experimentais para sua dissertação no Laboratório Multiusuário de Processamento de Energia do Instituto de Redes Inteligentes da UFSM (INRI). Segundo Diesel, é possível o uso de cargas ativas em ensaios de inversores em detrimento de cargas passivas, como usualmente o é feito. A diferença reside na substituição de um banco de resistores que dissiparia toda a energia utilizada nos ensaios por uma carga eletrônica que emula os componentes passivos mas não consome a energia, o que permite drenar essa energia do ensaio para um conjunto de condutores elétricos de baixa impedância e, de lá, para um inversor de frequências que devolve a energia para a rede elétrica.
Outro ponto interessante é a flexibilidade em se utilizar uma carga eletrônica: enquanto as cargas passivas têm seu valor variado discretamente pela associação de componentes, a carga ativa pode emular qualquer valor dentro de uma faixa, uma vez que este valor é definido via software. Outro ponto relevante é a praticidade, já que cargas ativas têm um tamanho muito reduzido quanto comparadas com as cargas passivas.
Quanto a estrutura disponibilizada pelo Laboratório Multiusuário de Processamento de Energia, Diesel afirma que o fator mais positivo, em relação a outros laboratórios, é a segurança, uma vez que os equipamentos são bem protegidos, distantes e controlados remotamente, o que oferece uma tranquilidade para trabalhar.
O Laboratório Multiusuário de Processamento de Energia possui investimentos superiores a R$ 1.000.000,00 em equipamentos e infraestrutura, e é um dos quatro laboratórios multiusuários vinculados ao INCT e que estão instalados no Instituto de Redes Inteligentes da UFSM.