O CORPUS – Laboratório de Estudos de Fontes da Linguagem (PPGL) – recebeu, na última segunda-feira (12), a pesquisadora Irène Fenoglio do CNRS – Centro Nacional de Pesquisa Social -, de Paris, França, para falar sobre suas incursões no campo de estudos da Genética do texto e de teorias linguísticas, um trabalho inovador, empreendido nos diferentes acervos de arquivos e manuscritos de linguistas, especialmente no acervo de Émile Benveniste da Biblioteca Nacional da França (BnF). Com o mini-auditório do PPGL lotado, a pesquisadora falou do lugar primordial de Benveniste na linguística contemporânea e do seu entusiasmo em percorrer-lhe “suas mais ínfimas notas e seus rascunhos”.
Para a Drª Fenoglio, uma noção ou conceito não é produto de um só “texto”, por mais fundador que ele possa ser, mas de um trabalho de longo tempo, cuja elaboração e gênese podem ser estudadas no conjunto de um acervo de arquivos e de manuscritos. É nessa elaboração escritural que a pesquisadora procura compor o “corpus” de pesquisa, o avant texte, ordenamento crítico do processo de investigação científica para tornar visíveis os documentos, de forma a explicar a maneira como Benveniste pensa e elabora conceitos,“escrevendo, ruminando, rasurando, retomando, etc”. Para tanto, ela citou Roland Barthes: “corrigir é aqui, estranhamente, acrescentar”, para quem as rasuras não são supressões, mas acréscimos para afinar o tema, definir, enunciar, diferenciar o laborioso processo de construção do pensamento à frase.
A coordenadora do CORPUS, profª Amanda Scherer, fez a tradução da conferência de Irène Fenoglio e, por diversas vezes, não escondeu a sua emoção com a singularidade intelectual da conferencista e a riqueza metodológica de suas análises – uma produção que ultrapassa o descritivo, o sutil, e alcança a teoria do discurso enunciativo em sua gênese. Ainda, a professora Amanda elogiou o “trabalho de formiga” – perseverante e incansável – que a pesquisadora empreende nos dossiês genéticos, uma espécie de revolução epistemológica.
No final da manhã, Irène Fenoglio foi recebida pelo vice-reitor, Prof. Dalvan José Reinert, que demonstrou interesse pela pesquisa empreendida pela pesquisadora convidada, explicitando a importância da internacionalização dos laboratórios de pesquisa e dos programas de Pós-graduação, bem como da relevância do desenvolvimento de ações conjuntas como esta jornada proposta pelo Laboratório Corpus/PPGL.
Durante a tarde, Irène Fenoglio participou de uma reunião de trabalho no CORPUS, oportunidade em que o diretor do Centro de Artes e Letras e também pesquisador do Laboratório Corpus, Prof. Pedro Brum Santos expôs o seu trabalho de pesquisa e a DrªSimone de Mello de Oliveira, doutora em Linguística e pesquisadora pós-doutorado CORPUS (PNPD/CAPES) expôs, em audiovisual, o trabalho de constituição do Fundo Documental Neusa Carson, bem como o dos outros Fundos que advém de livros, objetos, fotos, manuscritos, documentos oficiais, etc., doados por pesquisadores renomados, que tiveram parte de suas trajetórias vinculadas à UFSM. Também foram selados acordos para intercâmbio de grupos de estudos entre a UFSM e o CNRS-ENS, Paris, França.
CORPUS (PNPD/CAPES) expôs, em audiovisual, o trabalho de constituição do Fundo Documental Neusa Carson, bem como o dos outros Fundos que advém de livros, objetos, fotos, manuscritos, documentos oficiais, etc., doados por pesquisadores renomados, que tiveram parte de suas trajetórias vinculadas à UFSM. Também foram selados acordos para intercâmbio de grupos de estudos entre a UFSM e o CNRS-ENS, Paris, França.
Ao final da tarde, com a mesma disposição da hora inicial dos trabalhos da manhã, a profª Fenoglio respondeu a perguntas sobre seu trabalho e conversou informal e descontraidamente com os pesquisadores, professores e alunos do CORPUS. Ao pequeno grupo, recomendou entusiasmo como ingrediente primordial ao avanço de qualquer investigação científica e asseverou: “Benveniste nos faz voltar ao fundamento da humanidade: uma relação intersubjetiva que somente toma forma e ato pela linguagem; a faculdade da linguagem toma forma somente na atualização do discurso; a pessoa e o tempo só são observáveis psicologicamente porque a sua experiência como linguagem aconteceu previamente, e não o inverso”.