TRAJETÓRIAS DA FORMAÇÃO (GTFORMA)
Pesquisa Inativo
Material Adicional
Bases Teóricas
Os estudos do Grupo privilegiam aportes voltados para a dimensão pessoal (subjetiva) da docência sem desconsiderar suas facetas pedagógicas e profissionais. Preocupamo-nos em considerar o modo peculiar como a pessoa/professor filtra os acontecimentos decorrentes do contexto sociocultural e histórico em que está inserido.
Dentre uma série de conceitos teóricos que orientam a produção do grupo, destacamos alguns que se encontram na base de nossos estudos.
A noção de trajetória, em sua dupla dimensão, pessoal e profissional, envolve, por um lado, a perspectiva subjetiva do professor quanto ao desenrolar de seu ciclo vital, no qual as marcas da vida e da profissão se interpenetram, sem, contudo, interferir na especificidade deste transcorrer. O percurso pessoal tem com marco significativo a idade adulta e todas as alterações dela decorrentes. O transcorrer profissional, por seu lado, compreende um processo que envolve o percurso dos professores em uma ou em várias instituições de ensino, nas quais estão ou estiveram atuando, envolvendo diferentes gerações pedagógicas. Deste modo a Educação Superior é percebida e enfrentada de forma idiossincrática pelos professores.
As diversas tessituras das trajetórias implicam nas noções de processo formativo e trajetória formativa. A primeira diz respeito ao movimento transformativo dos docentes, contemplando de forma inter-relacionada ações auto, hétero e interformativas. Contudo sua constituição compreende um sistema organizado no qual estão envolvidos tanto os sujeitos que se preparam para serem docentes quanto àqueles que já estão engajados na docência. A segunda implica em um contínuo que vai desde a fase de opção pela profissão, passando pela formação inicial, até os diferentes espaços institucionais onde a profissão se desenrola, compreendendo o espaço-tempo em que cada professor continua produzindo sua maneira de ser professor, formando-se e transformando-se em interação com grupos que lhe são significativos. Esta dinâmica indica outro elemento conceitual importante que é o processo identitário. Nesse processo, apesar dos múltiplos caminhos percorridos, cada docente pode se reconhecer ao longo de toda a trajetória e construir seu modo próprio de ser professor. Ao trabalhar-se com trajetórias, surge a necessidade de se estudar e discutir a noção de ciclo de vida profissional docente. Este pode ser entendido como um processo complexo representativo da trama de percursos profissionais possíveis vividos em diferentes espaços institucionais, nos quais a profissão docente se desenrola. Abarca uma sucessão de anos combinadas com fases que podem apresentar mais de uma temática e, para cada fase, entradas e saídas diversificadas ao longo da carreira docente. Os ciclos de vida profissional correspondem aos momentos de ruptura ou oscilação, responsáveis pelo aparecimento de novas fases ou percursos que podem ser trilhados pelos docentes. Sobre os ciclos específicos aos professores do ensino superior não existem estudos conclusivos, por isso o grupo tem investido em pesquisas na tentativa de apreender os prováveis percursos e suas temáticas significativas ao longo da carreira docente. Esta, por sua vez, está intimamente relacionada com a concepção de ciclos de vida na medida em que representa a trajetória especificamente docente dos professores.
Outra noção em estudo pelo grupo é o desenvolvimento profissional docente que precisa ser entendido e vivenciado nas instituições como um processo contínuo, sistemático, organizado e auto-reflexivo que envolve os percursos trilhados pelos professores, abarcando desde a formação inicial até o exercício continuado da docência. Envolve a construção, por parte dos professores, de um repertório de conhecimentos, saberes e fazeres voltados para o exercício da docência que é influenciado pela cultura acadêmica e escolar e pelos contextos sociocultural e institucional nos quais os docentes transitam. O saber e o saber como da profissão não são dados a priori, mas arduamente conquistados ao longo da carreira docente. Entretanto o desenvolvimento profissional para ser efetivo necessita de determinados condicionantes que compreendem a construção de redes de relações docentes, propícias à construção de conhecimentos pedagógicos compartilhados, sendo que tanto um como o outro são concebidos como os alicerces para a aprendizagem docente. A constituição de redes pressupõe processos de interação e mediação, bem como o compartilhamento de significados e idéias sobre o conhecimento pedagógico, permitindo a construção conjunta de saberes e fazeres de forma compartilhada. O conhecimento pedagógico compartilhado, decorrente dessas redes docentes, é um sistema que implica em uma trama de relações interpessoais. Seu processo de constituição implica na reorganização contínua dos saberes pedagógicos, teóricos e práticos, da organização das estratégias de ensino, das atividades de estudo e das rotinas de trabalho dos docentes, onde o novo se elabora a partir do velho, mediante ajustes desses sistemas.
A partir das redes de conhecimentos compartilhados, pode ter lugar o que se denomina de aprendizagem docente. Compreende-se que ela é um processo simultaneamente interpessoal e intrapessoal, voltado à apropriação de conhecimentos, saberes e fazeres próprios ao magistério e está vinculado à realidade concreta da atividade docente em seus diversos campos de atuação e em seus respectivos domínios.
A aprendizagem docente ocorre no espaço de articulação entre modos de ensinar e de aprender, em que os atores do espaço educativo intercambiam essas funções, tendo por entorno o conhecimento profissional compartilhado e a aprendizagem colaborativa. Outra noção em estudo são os sentimentos, entendidos como reflexos apreciativos das trajetórias formativas e dinamizadores responsáveis pelos professores investirem em seus processos formativos. Eles compreendem vivências afetivas que condicionam a atitude valorativa docente frente ao que é importante ao mundo pessoal e profissional. Os sentimentos, assim entendidos, envolvem uma dinâmica entre as experiências, competências e expectativas próprias a cada docente em relação a valores, a expectativas e a normas elaboradas no contexto em que estão inseridos.
As rápidas mudanças do mundo atual e a falta de formação adequada ao magistério com os sentimentos decorrentes de desamparo, frustração, solidão e angústia pedagógica, podem levar os professores a desenvolverem sintomas relativos ao mal-estar docente. Este é entendido como um conjunto de reações adversas que repercute negativamente em toda a personalidade dos professores.
Metodologia
A metodologia adotada é preferencialmente de cunho qualitativo, envolvendo variadas formas de pesquisa e seus modos de tratamento de dados. Pela natureza da própria temática, a investigação narrativa instaura-se como um dos dispositivos metodológicos mais utilizados. Isto porque ela volta-se para o estudo de como os professores e os demais atores da cena educativa experimentam o mundo e o reconstroem, através dos fios da memória. Tal procedimento compreende, não só como os atores relatam suas vidas (pessoal e profissional), mas também como os pesquisadores narram esses relatos. As duas narrativas convertem-se em uma construção, reconstrução compartilhada. Na linha das narrativas, o Grupo trabalha com o que Isaia denomina de auto-reconstrução biográfica, ou seja, a reconstrução escrita por parte dos professores de suas trajetórias formativas, demarcando as fases das mesmas, suas principais características e a temáticas que as orientam, complementada por entrevista narrativa que envolve o fluxo das recordações de cada docente e tem por finalidade aclarar e complementar pontos obscuros da auto-reconstrução.
A forma de pesquisar adotada, por suas características, possibilita o que se denomina de investigação-formação, ou seja, pelo dinamismo empregado, uma comunidade docente vai se constituindo na interação, seja em ambiente de compartilhamento presencial ou virtual. Partindo de um processo reflexivo da própria trajetória narrada, possibilita o desenvolvimento profissional em um contexto cooperativo de educação permanente. Pensar a prática investigativa como um processo formativo, conduz à aprendizagem de como fazê-la, favorecendo o desenvolvimento dos professores envolvidos no processo. Desta forma, o trabalho docente cotidiano, ativado por recursos mediadores auxiliares e sociais, pode tornar-se ocasião para um continuum de formação do professor em professor-investigador.
Contribuição para o Campo da Pedagogia Universitária
O Grupo tem produzido artigos, capítulos de livros, comunicações em eventos; organizado seminários de pesquisa, mini-cursos e desenvolvido pesquisas que envolvem prioritariamente professores de cursos de licenciatura e de bacharelado de instituições públicas, comunitárias e privadas, tendo por objeto de pesquisa as concepções de docência que estes sujeitos desenvolvem e, conseqüentemente, de seus processos de aprendizagem, bem como de suas etapas de desenvolvimento profissional docente no intuito de investigar a especificidade dos ciclos de vida profissional de professores do ensino superior, uma vez que não existem estudos voltados para a este nível de ensino. As pesquisas do grupo são integradas e interinstitucionais.
Estas pesquisas trazem aportes para a discussão da aprendizagem docente que a líder e a vice-líder do Grupo vêm desenvolvendo. O Grupo Trajetórias de Formação trabalha em estreita colaboração com o Grupo de Formação de Professores e Práticas Educativas: Ensino Básico e Superior. Assim, ambos os grupos contempla pesquisas voltadas para as construções pedagógicas e epistemológicas na formação profissional de docentes em serviço explicitando como o processo de formação e desenvolvimento profissional é constitutivo do ser professor. A produção acadêmica dos dois grupos de pesquisa além dos estudos pessoais e compartilhados das autoras resulta em teses, dissertações e monografias, constituindo-se assim como os alicerces teórico-metodológicos para produções voltadas para a formação de professores
Redes Associadas
RIES – Rede Sul Brasileira de Investigadores da Educação Superior Grupo Montevidéu – AUGM, integrando o Núcleo Educação para a Integração/Investigadores em Políticas Educativas. PRONEX- CNPq/FAPERGS – Núcleo de Excelência em Pesquisa, em colaboração com a PUCRS, UFRGS e UNISINOS OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO – INEP/CAPES, envolvendo a colaboração da PUCRS, UFRGS e UNISINOS
Financiamentos
CNPq – recursos financeiros, bolsas: Produtividade em Pesquisa, Apoio Técnico e Iniciação Científica.
CNPq/FAPERGS – PRONEX – recursos financeiros
FAPERGS – recursos financeiros e bolsa de IC.
INEP/CAPES – recursos financeiros e bolsa de mestrado