GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E TERRITÓRIO (GPET)
Ver no Diretório de Grupos da CNPq Pesquisa Em Atividade
Contato:
gpet.ufsm@gmail.comApresentação
O GPET é formado por pesquisadores e acadêmicos de diferentes áreas do conhecimento que desenvolvem suas atividades de ensino, pesquisa e extensão através de temáticas que articulam a educação e o território. O grupo é cadastrado na Plataforma de Grupos de Pesquisa do CNPq e certificado pela instituição desde 2005.
Coordenado pelo professor Cesar De David e pela professora Ane Carine Meurer, o Grupo de Pesquisa em Educação e Território é formado por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento. As pesquisas desenvolvidas investigam as transformações socioespaciais no campo sul-americano. Também se insere nas discussões a problemática do campesinato, dos movimentos sociais e suas formas de territorialização. Associado aos territórios rurais, discute-se a educação do campo.
Linhas de Pesquisa
- Educação e Sociedade – Educação do Campo
A educação constitui-se como processo que se faz com os outros, educandos, educadores e comunidades implicadas. Essas comunidades podem ser escolas instituídas e mantidas pelo poder público ou privado, movimentos sociais organizados ou em processo de organização, cooperativas, associações comunitárias, organizações não-governamentais entre outros.
Reúne projetos de pesquisa e extensão que tratam dos seguintes temas: Educação do Campo, Pedagogia dos/nos Movimentos Sociais e Comunidades Tradicionais, Geografia e ensino em diferentes espaços pedagógicos.
- Dinâmicas Territoriais Rurais
Dinâmicas e conflitos das territorialidades rurais historicamente produzidas pelo capitalismo, os movimentos de resistência e as alternativas de desenvolvimento.
Reúne projetos que em seu conjunto trabalham com as territorialidades rurais da sociedade brasileira em suas diferentes dimensões e escalas. Os temas estudados concentram-se nas conflitualidades da questão agrária brasileira e sul-americana, nas dinâmicas socioeconômicas ligadas às atividades agrícolas e não-agrícolas, nas problemáticas da agricultura familiar e camponesa e nos desafios, sentidos e problemas do desenvolvimento rural na contemporaneidade.
Atendendo ao Projeto Político Pedagógico da UFSM, no que tange as estratégias para incentivo à pesquisa e à extensão, desenvolvem-se atividades sistemáticas atentas as demandas da comunidade, articulando teoria-prática e as diferentes dimensões escalares.
As pesquisas desenvolvidas investigam as transformações socioespaciais no campo, sobretudo as dinâmicas da modernização dos espaços agrários, a tecnologia e a força de trabalho. Também se insere nas discussões a questão agrária, o campesinato e a agricultura familiar, os movimentos sociais e suas formas de territorialização. Associado aos territórios rurais, discute-se a educação do campo, tornando-se referência em produção nesta temática, seja pela publicação de livros e artigos, seja pela realização de eventos nessa área. O GPET é um dos primeiros grupos de pesquisa na área de Geografia a ter na Educação do Campo um dos focos centrais de suas pesquisas.
Objetivos
- Desenvolver projetos de ensino, pesquisa e extensão, atentos as necessidades sociais emergentes, em especial à educação básica e superior, desenvolvimento da cultura, capacitação e qualificação de recursos humanos e de gestores de políticas públicas, movimentos sociais, reforma agrária e trabalho rural, preservação e sustentabilidade ambiental.
Antecedentes
Antes de sua formalização como grupo de pesquisa registrado no Diretório de Grupos de Pesquisa da Plataforma Lattes do CNPq, ocorrida em 2005, o GPET já existia na prática desde 1996 quando iniciaram as atividades junto as Escolas Itinerantes do MST, integrando professores dos departamentos de Sociologia e Política, Geociências e Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, e estudantes dos cursos de Geografia e Pedagogia.
O marco inicial desse processo ocorreu em agosto de 1996 quando foi realizado um trabalho de campo no Acampamento Palmeirão, do Movimento de Trabalhadores Sem Terra, situado no município de Júlio de Castilhos, onde estavam acampadas 1.421 famílias[1]. Esse trabalho de campo[2] foi promovido pelos professores Marisa Natividade e João Rodolfo Flores, da disciplina de Sociologia e Política. A visita a um acampamento de trabalhadores rurais sem terra foi a primeira oportunidade que muitos estudantes tiveram de conhecer as estratégias de ação dos movimentos sociais e interagir com eles. Como parte das atividades, discutiu-se a ação dos movimentos sociais na região, oportunizando aos professores e estudantes envolvidos o contato com a proposta de educação do MST e a realidade da Escola Itinerante. Como resultado dessa experiência organizou-se uma Exposição Fotográfica apresentada durante a Semana Acadêmica do Curso de Geografia, no ano de 1997 e elaborou-se o primeiro projeto de extensão submetido ao PROLICEN[3] (Programa das Licenciaturas da UFSM), em sua primeira edição. Teve por objetivo oportunizar a ação-reflexão docente em realidades educacionais diferenciadas, como é o caso da Escola Itinerante. Desde então, em todas as edições do programa o grupo tem sido contemplado com bolsas para os acadêmicos. Isso tem possibilitado, não só a realização de projetos de extensão, mas o acompanhamento de várias ações de diferentes movimentos sociais do campo no Rio Grande do Sul, pois em todo esse período foram vários os acampamentos/comunidades atendidas, em diversos municípios, entre os quais Júlio de Castilhos, Santo Antônio das Missões, Tupanciretã e São Gabriel.
As atividades realizadas possibilitaram aos integrantes o acompanhamento da luta dos movimentos sociais, associações, instituições e entidades que articulam sem-terras, camponeses e outros grupos sociais e sua pedagogia. A formação cidadã dos acadêmicos e sua sensibilização para trabalhar com realidades sociais e educacionais diferenciadas é uma das prioridades do Grupo de Pesquisa em Educação e Território ao articular suas atividades de ensino, pesquisa e extensão.
As atividades realizadas nos últimos anos representaram um salto qualitativo no processo de interlocução entre a universidade e a sociedade, pois possibilitou não apenas o diagnóstico de problemas, mas a construção de alternativas e caminhos para a superação dos limites e dificuldades das escolas, através do diálogo de saberes, cursos e oficinas à comunidade escolar, que compreendem momentos do processo de formação dos educadores dos movimentos/entidades e dos acadêmicos e professores da universidade, ou seja, um componente cooperativo com o sujeito pedagógico.
Essa prática oportunizou a reflexão sobre a Educação Popular e a Educação do Campo, temáticas que permeiam os projetos desenvolvidos em suas linhas de pesquisa.
Com a inserção de novos pesquisadores e com a qualificação de seus integrantes, outras demandas surgiram, ampliando as temáticas dos projetos desenvolvidos, porém mantendo as características que dão identidade e coesão ao grupo. Assim, fortemente ligado a perspectiva das ações dos movimentos sociais e ao espaço rural desenvolvem-se os projetos de pesquisa e extensão que têm como foco as dinâmicas territoriais, a outra Linha de Pesquisa do GPET.
As atividades desenvolvidas têm possibilitado que os acadêmicos e professores envolvidos nos projetos socializem saberes e reflexões sobre a educação popular, a questão agrária brasileira e a inserção e atuação dos movimentos sociais e de outros sujeitos do campo.
O Grupo de Pesquisa em Educação e Território ao longo de sua trajetória vem promovendo e ampliando os estudos e pesquisas referentes as temáticas que envolvem a educação do campo e as territorialidades rurais contemporâneas em suas mais diversas abordagens. Esse interesse também surge nos acadêmicos comprometidos com a realidade ainda desigual do campo e da educação, interessando-se pela superação do quadro de pobreza e concentração que persiste no espaço rural gaúcho, brasileiro e latino-americano. Seu percurso é marcado pelo seu enraizamento nos territórios rurais, analisando e sistematizando trajetórias de camponeses, agricultores familiares, pescadores, assentados, cooperativados, populações tradicionais e demais grupos que compõem a diversidade dos povos do campo, e pelas trajetórias de educadores e educandos das escolas do campo, também diversas e plurais como também é a universidade e suas possibilidades de formação. Assim, a práxis em um ambiente universitário, somente pode vir a realizar-se mediante um processo de inserção/aproximação com as diferentes realidades educacionais e sua necessária discussão/reflexão.
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[1] Essa experiência é relatada e analisada em maior profundidade no texto: NATIVIDADE, Marisa de Oliveira. De que marca é esse peixe? In: MEURER, Ane Carine; De DAVID, Cesar. Espaços-tempos de Itinerância: Interlocuções entre Universidade e escola itinerante do MST. Santa Maria: Editora UFSM, 2006.
[2] Por trabalho de campo entendemos, como explica Radaelli da Silva (2002, p. 66): “uma e não única forma de construir conhecimento e de gerar atitudes e habilidades específicas do ensino da Geografia e, mais amplas, de formação social, pelo seu papel integrador, uma vez que estimula relações afetivas e cognitivas, da mesma forma que desenvolve uma percepção apreciativa do espaço geográfico num contexto menos formal que o da sala de aula tradicional”.
[3] O PROLICEN – Programa das Licenciaturas – é um programa institucional da UFSM que tem por finalidade oportunizar aos acadêmicos dos cursos de licenciatura desenvolver projetos de ensino, pesquisa e extensão articulando a formação pedagógica na universidade com a realidade dos ambientes educativos, escolares e não-escolares. O programa financia bolsas para os acadêmicos.