Passados três anos da realização do Seminário Internacional – América do Sul na era nuclear: riscos, desafios e perspectivas, que reuniu mais de mil pessoas entre estudantes, professores e comunidade interessada, a UFSM traz mais uma vez ao debate este importante tema. Segundo António Guterres, Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o Aquecimento Global e as Armas Nucleares são as duas grandes ameaças à continuidade da vida no planeta Terra. Portanto, nada mais oportuno e necessário que a realização de um seminário, como espaço de troca de ideias e experiências dos diversos atores envolvidos nesta temática.

Oportuno e necessário porque, inequivocamente, as inúmeras aplicações pacíficas da energia nuclear representam um potencial enorme justamente no encaminhamento de possíveis soluções para as duas ameaças apontadas. As inovações advindas de tecnologias nucleares apropriadas, quando inseridas nos processos produtivos e na saúde pública, tendem a melhorar a qualidade de vida das populações atacando a fome endêmica e as doenças, diminuindo, em consequência, as tensões sociais e as probabilidades de cenários beligerantes entre as nações. Por outro lado, a energia nuclear poderá desempenhar um papel de grande importância na luta contra o aquecimento global, sendo uma fonte energética economicamente viável, tecnicamente factível e com a menor repercussão possível, tanto no uso de recursos naturais como na produção de resíduos danosos ao meio ambiente.

Embora a América Latina tenha um histórico positivo na defesa dos usos pacíficos de tecnologias nucleares, a expansão de sua utilização dependerá do enfrentamento de um conjunto de fatores adversos. O primeiro deles é a necessidade de modificar a percepção negativa que a opinião pública tem sobre o tema. A tecnologia nuclear nasceu com um pecado original; foi utilizada pela primeira vez como ferramenta de destruição, em trágicos eventos que completaram 76 anos há poucos dias. Os perigos advindos da possibilidade de uso bélico ou criminoso dessas tecnologias, associados à criação de mitos e lendas urbanas completamente dissociadas das verdades científicas, acabam representando um grande gargalo na aceitação pública das tecnologias nucleares, criando uma narrativa desfavorável que vem sendo repercutida pela mídia e especialmente pela televisão e pelo cinema.

Esta percepção pública negativa tem ofuscado o papel construtivo de inúmeras aplicações pacíficas da energia nuclear. A criação de um apoio público favorável a uma determinada causa envolve, sem dúvida, a construção de uma percepção positiva sobre o tema na sociedade. Assim, o seminário internacional virtual América Latina na Era Nuclear – da Zona Livre ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares: próximos passos, vai discutir o papel dos governos, das universidades e da sociedade civil na construção de possíveis caminhos que incentivem as utilizações pacíficas da energia nuclear em benefício de toda a humanidade e que levem ao entendimento da necessidade de banimento total dos arsenais nucleares. O seminário reunirá especialistas de instituições de diversos países da América Latina, que apresentarão a situação atual, assim como as tendências e perspectivas para os próximos anos.

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Nota conceitual sobre este evento

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Organizações participantes: Pugwash Brasil, Associação das Universidades Grupo Montevideo (AUGM), Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), Latin American Section/American Nuclear Society (LAS/ANS), Women In Nuclear Global (WiN Global), Fundation Non-Proliferation for Global Security (NPSGlobal), Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI), Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA).

Destaca-se ainda a presença de três organizações que receberam o Prêmio Nobel da Paz: Conferências Pugwash sobre Ciência e Negócios Mundiais (laureada em 1995), Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares – ICAN (laureada em 2017), Médicos Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear – IPPNW (laureada em 1985).