Na quinta-feira, 31 de agosto, foi realizado o primeiro encontro do projeto de extensão Repensando a África e o Oriente Médio (REAO), iniciou a segunda edição com o ciclo literário que abordou obra “Da Diáspora: Identidades e Mediações Culturais”, de Stuart Hall. O encontro contou com a contribuição da Profª. Drª. Mariana Selister Gomes (DCS/UFSM). A professora iniciou a fala destacando a importância do caráter multidisciplinar do projeto e da relevância de trazer a debate a questão de gênero, de raça e dos assuntos pós-coloniais para dentro das universidades. Destacou ainda o quanto é necessário, ainda, discutirmos os temas contra hegemônicos na universidade.
Na ocasião, a professora iniciou o ciclo trazendo uma perspectiva sócio-histórica sobre o pensamento Ocidental, partindo da Grécia Antiga e chegando a atualidade, contextualizando o surgimento da sociologia e do pensamento ocidental moderno. Durante estra apresentação inicial levantou questões pertinentes sobre onde estavam no pensamento ocidental as contribuições das mulheres, dos negros e dos povos não ocidentais.
Considerando esse contexto a professora abriu o debate para as considerações dos participantes do ciclo. O debate iniciou com o questionamento sobre a demasiada universalização da teoria Pós-Colonial, onde foi construída a partir do diálogo da professora com os participantes, que concordaram em geral, que por ser uma teoria que tenta contrastar com grandes teorias hegemônicas no debate internacional ela adota conceitos que vão lidar com o nível de caracterização das outras teorias, como a classe, organização política e democracia. No entanto, esse âmbito universal que a teoria proporciona não necessariamente significa que ela é homogênea, mas que apresenta uma característica de análise universal estruturante, isto é, que traz na sua percepção 3 níveis de análise. O ponto de vista macro-estrutural que tem como objetivo debater com outras teorias; o âmbito contextual, que já traz uma análise generalizada ao mesmo tempo em que adota as características do recorte temporal e espacial; e a dimensão micro da subjetividade que propõem uma visão mais específica sobre o tema/processo/país analisado.
Na segunda questão a mediadora instigou o debate acerca do caráter da teoria pós-colonial, se ela seria referente a uma periodização cronológica ou epistemológica. Stuart Hall advoga que o pós-colonial tem uma dimensão temporal e crítica, mas também busca se colocar para além disso. A superação do colonialismo é concebida não apenas no sentido do processo histórico, mas também da própria epistemologia, apresentando o lugar de fala, isto é, trazendo uma ruptura com uma forma de produzir teoria no ocidente.
O encontro foi finalizado com uma síntese sobre o que o pós-colonialismo busca trazer de novo ao debate. Segundo a professora, a maior contribuição da teoria é ela não se colocar como verdade e não admitir uma verdadeira essência, o que permite a ruptura epistêmica da forma como se reproduz ciência, e abre espaço para admitir perspectivas do lugar de fala.
Confira alguns momentos:
*Nota elaborada por Gabriela Alves de Borba, assistente de comunicação do GECAP.
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