Na esteira do sucesso da energia eólica, cuja capacidade instalada saltou três vezes de 2009 até agora, o chefe do Departamento de Fontes Alternativas de Energia do BNDES, Antonio Tovar, espera analisar ainda este ano o primeiro projeto de energia solar no banco de fomento. Segundo Tovar, o mais provável é que o projeto seja de uma fábrica de placas solares, com a demanda impulsionada pelo modelo de geração distribuída. O grupo Tecnometal, que também atua em eólica e tem fábrica de painéis em Campinas (SP), já foi credenciado no Finame, linha de crédito automática do BNDES para máquinas e equipamentos.
Na geração distribuída, consumidores de energia, como supermercados, shopping centers e residências, instalam painéis solares em suas coberturas e, além de gerar eletricidade para consumo próprio, fornecem para o sistema de distribuição, abatendo do que pagam pela energia. Em abril, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou o Sistema de Compensação de Energia, com regras para a geração distribuída. Com isso, segundo Tovar, o desenvolvimento da energia solar torna-se viável. A tendência é algumas empresas – inclusive distribuidoras – especializarem-se na instalação de unidades geradoras para consumidores interessados. “A solar hoje é a eólica há cinco anos”, disse Tovar.
Até 2009, o parque eólico brasileiro desenvolveu-se com subsídios do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Naquele ano, o BNDES liberou só R$ 230 milhões em financiamentos. Desde então, a energia eólica tornou-se competitiva, com leilões regulares, atraindo uma cadeia de fornecedores. A capacidade instalada saltou de cerca de 500 megawatts (MW), em 2009, para em torno de 1.600 MW hoje. Se a previsão se concretizar, o BNDES liberará R$ 2,86 para o setor.
A energia contratada garantirá capacidade instalada de 8.100 MW até 2016, caso todos os projetos sejam finalizados. No fim do ano, a capacidade deverá chegar a 3.000 MW, mas pode haver atrasos por falta de sistemas de transmissão. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), 600 dos 1.805 MW contratados no leilão de 2009 e previstos para este ano estão ameaçados pelo problema. Com o crescimento da energia eólica, o País tem hoje oito empresas com fábricas de aerogeradores e componentes, em diferentes estágios, com capacidade de produzir equipamentos para instalar 4.100 MW ao ano.
O BNDES apoia a instalação de fábricas mas, segundo Tovar, a maior parte dos financiamentos vai para os geradores. O banco também investe via BNDESPar, diretamente ou por meio de fundos de investimentos. A BNDESPar detém fatias da Renova Energia e da Tecsis, fabricante de pás.
Fonte: Jornal da Ciência