Os espelhos a seguir serão utilizados para efetuar a correção das provas escritas.
A divulgação das notas ocorrerá em sessão pública no próximo dia 08 de novembro a partir das 16 horas no PPGD (sala 503). Nessa ocasião serão abertos os envelopes para identificação das provas. A planilha com as notas deverá ser publicada no site do PPGD somente ao final da sessão, provavelmente no início da noite.
Att.
Coordenação do PPGD
QUESTÃO 1
O Filósofo e Psicanalista Slavoj Zizek, em sua obra “em defesa das causas perdidas”, tece uma inteligente crítica ao enfraquecimento das perspectivas emancipadoras atuais, oriundas basicamente de uma pós-modernidade que inibe, aprisiona e controla a decisão, não permitindo que a mesma possa florescer da crítica e da postura dialética. Até elementos cruciais são fragilizados, como a própria fundamentação e garantia dos Direitos Humanos. Assim, Zizek adota uma postura radical, que não se contenta apenas com micro-correções ao capitalismo. Tal atitude deve-se à urgência na solução das grandes mazelas, da extrema desigualdade, bem como da crise ecológica que assolam a sociedade atual. Nesse sentido, o autor aponta possíveis soluções a este impasse, com as quais elaboramos nossos questionamentos, a saber:
a) Para o autor, o que significa retomar o “radical” e “as causas perdidas” em tempos de um presente de conformismo liberal estagnado?
b) No sentido da questão anterior, é possível dar chance à uma “ditadura do proletariado”? O que o autor que dizer com essa expressão?
a) A resposta ao questionamento está esparsa em diversas passagens na obra. Em relação ao conformismo vale evocar a crítica do autor relacionada ao conceito de “civilidade” – Capítulo 1 páginas 29 a 70. No que tange a uma retomada do “radical” e das “causas perdidas” os elementos para analise estão nos capítulos 4 (paginas 167 a 216) e 8 (páginas 379 a 414). Em resumo, o autor propõe uma articulação entre excesso totalitário, populismo, democracia e ditadura do proletariado, evocando uma espécie de repetição \ releitura das experiências radicais anteriores (ver capítulo de Robespierre a Mao), voltando ao passado para errar menos na retomada do processo revolucionário. Dessa forma, as “pequenas reformas” não são mais suficientes para o mundo atual, fazendo-se necessária, novamente, a defesa das causas perdidas como um balanço pro-ativo das possibilidades políticas de nosso tempo.
b) Entre as páginas 407 e 414.
Ditadura não significa o oposto de democracia, mas si o próprio modo subjacente de funcionamento da democracia. (…) Portanto, devemos usar a palavra “ditadura” no sentido exato em que a democracia também é uma foram de ditadura, isto é, uma determinação puramente formal. (…) O Estado, em seu aspecto institucional, é uma presença maciça que não pode ser explicada e m termos de representação de interesses – a ilusão democrática é que isso é possível. (…) E o proletariado? Na medida em que o proletariado designa a “parte de parte alguma” que representa a universalidade, a “ditadura do proletariado” é o poder da universalidade em que os que são “parte de parte alguma” dão o tom. Por que são universalistas-igualitários? Mais uma vez por razões puramente formais: porque, como parte de parte alguma, faltam-lhes as características específicas que legitimam seu lugar no corpo social – eles pertencem ao conjunto da sociedade sem pertencer a nenhum dos subconjuntos. Como tal, seu pertencer é diretamente universal. (…) A palavra “ditadura” designa o papel hegemônico no espaço político, e a palavra “proletariado” design os “desconjuntados” do espaço social, a “parte de parte alguma” a qual falta um lugar adequado dentro dele. (…) Em última análise, o que qualifica o proletariado para essa posição é um traço negativo: todas as outras classes são capazes (potencialmente) de atingir a condição de “classe dominante”, enquanto o proletariado não pode atingi-la sem abolir a si mesmo enquanto classe.
QUESTÃO 2
Na obra “Por que a democracia precisa das humanidades”, Martha Nussbaum lança um alerta a respeito de uma grave “crise silenciosa”, na medida em que as humanidades e as artes estão sendo eliminadas dos projetos de ensino, em quase todos os países do mundo, evidenciando um descontrole mundial da educação. Nesse sentido, quais as lições sugeridas pela autora às escolas para criar cidadãos que defendam uma democracia saudável, e, em que medida essas lições podem contribuir para atuação dos juristas na atual sociedade global?
Resposta ao primeiro questionamento:
– Educar os cidadãos através da percepção de sentimentos morais e/ou antimorais (capítulo 3);
– Abordar sobre a inevitável interconectividade do mundo (capítulo 5). Nessa mesma orientação, percebe-se a interdependência global e do aprendizado intercultural – entre diferentes Estados, grupos, povoados ou pessoas – individualmente. Com isso, entra o papel da compreensão da imigração e sua história.
– Ressaltar a indispensabilidade de aperfeiçoar as ciências humanas com o estimulo da literatura de das artes (capítulo 6).
Também é possível salientar as sugestões da página 45 e 46 da referida obra:
– Desenvolver a capacidade dos alunos de ver o mundo do ponto de vista dos outros, especialmente, daqueles cujas sociedades tendem a retratar como inferiores e como “meros objetos”;
– Ensinar posturas com relação à fragilidade e à impotência humanas que sugiram que a fragilidade não é algo vergonhoso e que precisar dos outros não significa ser fraco; ensinar as crianças a não ter vergonha da carência e da incompletude, mas que percebam como oportunidades de cooperação e reciprocidade;
– Desenvolver a capacidade de se preocupar genuinamente com os outros, tanto como os que estão próximos com os que estão distantes.
–Combater a tendência de evitar os diversos tipos de minorias manifestando asco e considerando-os “inferiores”e “contaminantes”
– Ensinar coisas reais e verdadeiras a respeito dos outros grupos (minorias raciais, religiosas e sexuais; pessoas portadoras de deficiência), de modo a conter os estereótipos e o nojo que muitas vezes os acompanha.
– Promover o sentimento de responsabilidade, tratando cada criança com um agente responsável.
– Promover ativamente o raciocínio crítico, a competência e a coragem que ele exige para manifestar uma opinião discordante.
– Promover uma pedagogia adequada (aperfeiçoada por diferentes educadores ao longo do tempo), com menção à proposta socrática em que se desenvolve a argumentação e o pensamento crítico.
– Resposta ao segundo questionamento:
Na segunda pergunta será avaliada a capacidade crítica do candidato em relacionar o referido livro com os atuais problemas vivenciados pela democracia contemporânea com a área e a linha do PPGD/UFSM.