Dentro das atividades da 33ª Jornada Acadêmica Integrada (JAI) da Universidade Federal de Santa Maria, o grupo Migraidh/CSVM (Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão Direitos Humanos e Mobilidade Humana Internacional/ Cátedra Sérgio Vieira de Mello) promoveu a oficina “Faces da Migração e do Refúgio: direitos humanos e desafios político-sociais”. O espaço aconteceu na tarde de quarta-feira, dia 24, no campus sede da UFSM.
A dinâmica foi pensada de forma a incentivar todos os participantes a refletir e discutir sobre o grande tema das migrações. “Trabalhamos em três grupos a partir de matérias difundidas em diferentes mídias e, assim, podemos discutir as percepções sobre as matérias”, explicou a professora do Departamento de Direito da UFSM e coordenadora do Migraidh, Giuliana Redin. A discussão foi norteada pela perspectiva dos direitos humanos, entendendo a migração como um fato social total, de forma que a reflexão se dirigiu para apontar como discursos na mídia impactam no imaginário da migração na sociedade. Para a professora, a ideia é pensar em como se estabelece um senso que estrutura a xenofobia. “Ela [a xenofobia] é bastante estrutural e reproduzida no discurso midiático”, enfatiza. Dentro disso, questionou-se: “qual imigração é bem vinda?”, o que serviu para instigar diversas faces e os interesses das relações políticas em torno das migrações. O momento também incitou a pensar as semânticas que estão presentes nos posicionamentos que protegem fronteiras – preconceito, xenofobia, nacionalismo, racismo, ódio, moralismo.
A atividade foi interdisciplinar e teve a presença de imigrantes membros da comunidade, assim como de alunos de diversos cursos, como Ciências Sociais, Comunicação Social, Direito, Letras, Relações Internacionais, Psicologia, entre outros. Para a estudante do curso de Relações Internacionais da UFSM Julia Martins, a interdisciplinaridade foi bastante importante. “Foi uma surpresa chegar hoje aqui, a discussão se tratou daquilo que quero estudar, então me senti muito confortável e me senti motivada a falar no ambiente de discussão que foi proposto”, disse.
Além de servir como um momento de integração entre as diferentes linhas de pesquisa do Migraidh, a atividade teve a função de aproximar pessoas que tiveram pouco contato com a temática e estão iniciando suas investigações. Foi o caso da nutricionista Vanessa Rodrigues Pucci, doutoranda no Programa de Pós-graduação da Enfermagem da UFSM, que busca trazer as discussões das migrações para a área da saúde, pois, conforme ela, os profissionais, muitas vezes, não estão preparados para abordar esta questão. “Venho no espaço sedenta por informação. Penso que, quando alguém sai de seu país, o qual tem suas características alimentares, os profissionais que o recebem podem, de alguma maneira, trabalhar para que o ser se reconheça fora de seu país”, conta.
A oficina foi conduzida pelas professoras Giuliana Redin, Liliane Dutra Brignol (do Departamento de Ciências da Comunicação) e pela pesquisadora Bruna Ribeiro Troitinho (mestranda em Ciências Sociais pela UFSM), com a colaboração do restante da equipe do Migraidh/CSVM. “O momento foi rico ao aproximar as discussões que fazemos no nosso coletivo ao interesse de estudantes, pesquisadores e comunidade. Trata-se de uma ação de extensão que busca sensibilizar para a importância do fenômeno migratório e fomentar os debates que fazemos em nossos grupos de pesquisa”, concluiu a professora Liliane Brignol.
(Texto: Equipe Migraidh/ bolsistas Leandra Cruber Teixeira e Bibiana Pinheiro Ribeiro)