Inspirados na obra de Pierre Bourdieu sobre as formas de competição e acúmulo de capital acadêmico nas universidades francesas, os autores deste livro trazem estudos detalhados sobre a formação das elites acadêmicas e legitimação do poder em uma instituição universitária brasileira.
Criada em 1960, a UFSM foi pioneira na interiorização do ensino superior federal, inicialmente para atender as demandas das elites locais. Após seis décadas de sua fundação, conta com cursos de graduação e programas de pós-graduação entre os mais bem avaliados do país. No entanto, passou por um processo de expansão e de criação de políticas de ações afirmativas nas últimas décadas, que têm gerado novos desafios e disputas.
Ao se analisar a trajetória da instituição e de distribuição de capitais acadêmicos, constata-se a existência de duas elites acadêmicas: uma política, responsável pela condução dos rumos da instituição; outra científica, com acúmulo de reconhecimento externo que valida suas pesquisas. A elite política é constituída por um grupo restrito de indivíduos provenientes de origem social similar e concentrados em poucos centros de ensino que se alternam no poder. Já a elite acadêmica-científica, que é formada pelos pesquisadores de maior prestígio e reconhecimento científico, é composta por Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, dos seus níveis mais altos. São também poucos indivíduos, de centros de ensino específicos, mas que têm capacidade de formar uma quantidade expressiva de novos professores da própria instituição ou congêneres. É também esta elite acadêmica que centraliza boa parte dos recursos financeiros destinados para a pesquisa. A fórmula capital atrai mais capital serve muito bem para explicar a sua alta concentração na instituição, o que acarreta uma desigualdade latente entre determinadas áreas com prioridade para àquelas que melhor atendem os interesses políticos e econômicos do Estado.

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