Pandemia, Arte e Tecnologia: Expografias Virtuais
A COVID-19 tem, na sua chegada inesperada e na partida sem previsão, desestabilizando a vida de todos, no mundo inteiro. Suspensos entre o aqui e agora de confinamento, seguimos vivendo o presente contínuo do meio acadêmico, o que significa a mesma coisa que produzir muito. Sempre. Em todas as áreas. Porque pesquisador não para. E na área da Arte, no campo cultural, nunca para. Produzir arte, organizar uma exposição, artistas em movimento, curadores em ação, obras e projetos em exibição. Manifestação de pensamento, de sensibilidades, de opinião. Onde e como fazer uma mostra em tempos de pandemia? Na Internet?
A discussão sobre como expor obras de Net Art e alternativas para exposições de obras de Arte Digital foi objeto de importantes reflexões de curadores e críticos, como Christiane Paul, Peter Weibel, Gustavo Romano e Patrick Lichty, entre outros. No atual contexto pandêmico, tornou-se urgente. E é perceptível que esse debate, tão marcante na primeira década dos 2000, se arrefeceu, conforme se consolidaram as redes sociais e espaços corporativos, como o Google Arts and Culture.
A atuação de artistas e curadores têm sido na maioria das vezes, improvisada, diante da urgência em encontrar soluções expográficas para ocupar o ambiente da Internet. Como pensar e propor uma “expografia para o virtual” (sem cair no lugar comum do catálogo, da sequência de imagens com fotos e, no máximo, apresentando vídeos ou registros)? Como analisar e discutir diferentes plataformas de exibição e suas linguagens próprias, pensadas para o Facebook, Instagram e outras redes sociais? Quais seriam as estratégias de tempo e espaço para disponibilizar online uma exposição, suas obras e todo o trabalho de comunicação, de divulgação e de acesso que envolvem? E como, conseguir, nesses ambientes, mobilizar, cognitivamente, o público?
Por fim, como problematizar o campo da arte contemporânea, e não apenas da arte computacional? O campo da cultura digital e não apenas o das plataformas em rede? O campo da tecnologia e seus impasses políticos e ideológicos? Essas são as perguntas que norteiam a chamada de trabalhos desta edição. São bem-vindos textos analíticos, resenhas de exposições e obras pensadas para o contexto da Internet.
Prazo: 03 de outubro de 2020.
Nara Cristina Santos (Linha de pesquisa Arte e Tecnologia – PPGART/CAL/UFSM)
Giselle Beiguelman (Linha de pesquisa Projeto, Espaço e Cultura – PPGAU/FAU/USP)