A obra “A trama tecida por mulheres palestinas: relatos biográficos dos usos táticos de tecnologias digitais”, desenvolvida pela doutora Simone Munir Dahleh sob orientação da professora Liliane Dutra Brignol no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria (Poscom/UFSM), está entre as cinco teses finalistas do Prêmio Compós de Teses e Dissertações Eduardo Peñuela Cañizal – 2025. O anúncio foi realizado nesta quinta-feira, 10 de abril de 2025, pela Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós). Simone atualmente é professora substituta no Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM.
A respeito da aprovação, a pesquisadora relata: “Fiquei muito feliz e grata, primeiramente pela indicação do Poscom e, em seguida, pela indicação da Compós. Este trabalho significa muito para mim — foi feito com muito empenho e responsabilidade diante da Questão Palestina”. Além do compromisso acadêmico, a tese também a atravessa pessoalmente: “Sou descendente de palestinos, morei na Palestina quando criança e vivenciei de perto as opressões que marcam a vida do povo palestino. Por isso, incluí uma parte autobiográfica na tese, como forma de reconhecer que minha trajetória também está entrelaçada com essas histórias de luta, resistência e memória. Ver a tese ganhando visibilidade neste momento tão delicado para o povo palestino é gratificante. Isso mostra o quanto é necessário falar sobre essa causa e reforça a importância de difundir informações relevantes para a sociedade”.
A autora explica que a tese busca demonstrar como mulheres comuns utilizam as tecnologias digitais como táticas em seus cotidianos, ou seja, como formas de atravessar as adversidades em contextos que lhes são desfavoráveis. O trabalho se baseia em relatos biográficos de dez mulheres migrantes ou descendentes de palestinos que vivem no Brasil. “Ao longo da pesquisa, nos deparamos com narrativas corajosas, fortes e emocionantes. As mulheres compartilham desde os desafios de adaptação e episódios de xenofobia até as microrresistências que constroem para atuar socialmente, manter vínculos com seus familiares, com a comunidade e com a religião, seguir nos estudos, conquistar autonomia financeira, entre outros aspectos. A proposta foi realizar uma tese que afirmasse a EXISTÊNCIA da Palestina e das vidas palestinas — historicamente silenciadas —, além de evidenciar a força e a autonomia das mulheres palestinas, rompendo com os estereótipos que as retratam como submissas”, completa Simone.
O Prêmio Compós de Teses e Dissertações busca incentivar a qualidade da produção científica dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, além de ampliar a divulgação dos trabalhos. O resultado final será divulgado até 12 de maio de 2025.

Texto: Anna Júlia C. da Silva | Doutoranda (Poscom/UFSM)