Sob o título “Imagem, imaginários e circulação”, mesa reuniu as pesquisadoras Isabel Löfgren (Södertörn University), Ana Paula da Rosa (Unisinos) e Aline Dalmolin (UFSM)
O V Seminário Internacional de Pesquisas em Midiatização e Processos Sociais iniciou o último dia de exposições e debates nesta quinta-feira (15) com a Mesa 4, intitulada “Imagem, imaginários e circulação”. As pesquisadoras que integraram a mesa – em formato híbrido – foram Isabel Löfgren (Södertörn University), Ana Paula da Rosa (Unisinos) e Aline Dalmolin (UFSM). A mediação foi de Celestino Joanguete, professor da Universidade Eduardo Mondlane, de Moçambique, e professor visitante da UFSM.
A primeira exposição ficou por conta de Isabel Löfgren, sob o título “Para não dizer que não falei das nuvens: pensamentos sobre imaginários sócio-técnicos da terra dos anjos tronchos e algumas considerações planetárias para a midiatização”. A pesquisadora radicada na Suécia provocou os participantes do seminário com uma reflexão crítica sobre as nuvens digitais e o uso de dados. Isabel propôs a problematização de temas como inteligência artificial, algoritmos, ecologia e poder dos conglomerados de plataformas digitais – porém, alerta a acadêmica, sem recair em uma racionalidade instrumental que impeça de ver outros caminhos e usos possíveis.
Em seguida, Ana Paula da Rosa apresentou uma reflexão a partir das imagens, imaginários sociais e imaginários maquínicos, visitando vários materiais empíricos atuais. A comunicação da pesquisadora da Unisinos teve como título “In the image and the likeness: machine, man, and imaginaries in circulation”. Por meio de experimentações com imagens nas plataformas digitais e em outros meios, Ana Paula tensionou a questão da inclusão e exclusão no ambiente digital. Uma das provocações foi a de que a discriminação não é algo originário apenas das máquinas ou plataformas – apesar de ser operada e reproduzida nesses espaços. A discriminação, para a pesquisadora, tem suas bases mais profundas na cultura das sociedades. Os imaginários sociais alimentam os imaginários midiáticos e os imaginários das máquinas, conforme Ana Paula, em atravessamentos múltiplos.
Fechando as apresentações da mesa, Aline Dalmolin se propôs a pensar sobre a polarização na sociedade brasileira, principalmente no contexto dos fenômenos comunicacionais protagonizados por apoiadores do presidente derrotado nas urnas em 2022, Jair Bolsonaro. A fala teve como título “Anatomia da polarização e barbárie comunicacional”. Aline discorreu sobre a pesquisa na qual faz uma imersão na chamada midiosfera bolsonarista, investigando a atuação da extrema-direita brasileira, repercussões e contramedidas em relação à disseminação de conteúdos de desinformação. A pesquisadora da UFSM propõe a análise da estrutura da polarização em três níveis: nível estrutural, nível sistêmico e nível das processualidades.
Após as exposições, iniciou-se a etapa de perguntas e apontamentos, partindo do público e de um diálogo entre as próprias integrantes da mesa. O V Seminário – que já teve a realização dos Grupos de Trabalho (GTs) em novembro – tem sua mesa de encerramento ainda nesta quinta-feira, a partir das 14h, com o título “Interações e plataformas”.
Tendo como tema Hipermidiatização, intensificação e aprofundamento da midiatização? Aplicativos, plataformas, datatificação e algoritmos em debate…, o V Seminário de Midiatização e Processos Sociais é uma atividade da Rede Internacional de Pesquisas em Midiatização e Processos Sociais e do grupo Midiaticom, coordenados por Jairo Ferreira (POSCOM-UFSM), com presença proativa de dezenas de pesquisadores (incluindo formandos em mestrado e doutorado) das instituições envolvidas, em diversos níveis de execução e coordenação (organização, comitê científico, coordenadores de GT, comentadores etc.). Pela primeira vez, o Seminário é promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM, em parceria com o PPGCC-Unisinos.
Texto: Igor Mallmann
Fotos: Bruna Luíza Piedras