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Grupo de Astrofísica realizará observações de galáxias com o Telescópio Espacial James Webb



Na última terça-feira, dia 30 de março, o Space Telescope Science Institute anunciou as propostas selecionadas para as observações do ciclo 1 do Telescópio Espacial James Webb (JWST). O Telescópio Espacial é parte do projeto financiado pelos Estados Unidos, através da Nasa (agência espacial americana), por países europeus, através da ESA (agência espacial europeia) e pela CSA (agência espacial canadense) e está aberto ao uso da comunidade astronômica em todo o planeta, mediante aprovação na seleção de propostas.

Dentre as cerca de 250 propostas aprovadas para observação, uma foi liderada pelo Grupo de Astrofísica da UFSM, tendo como investigador principal o professor Rogemar André Riffel, do Departamento de Física da UFSM, em colaboração com a doutoranda em Física pela UFSM Marina Bianchin e com os pesquisadores Thaisa Storchi-Bergmann e Rogério Riffel, ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e também com a pesquisadora Nadia Zakamska, da Johns Hopkins University, dos Estados Unidos.

A proposta se encontra na seção Buracos Negros Supermassivos e Núcleos Ativos de Galáxias (AGN), com o título Blowing Star Formation Away: Unraveling Molecular Winds in AGN (“Suprimindo a formação estelar: desvendando ventos moleculares em núcleos ativos de galáxias”) e tem como objetivo estudar o papel de ventos de gás molecular e da radiação, produzidos no disco de acreção (acumulação de matéria na superfície de um astro pela ação da gravidade) no entorno de  buracos negros supermassivos no centro de galáxias próximas, na evolução de galáxias, o chamado feedback de núcleos ativos de galáxias. Com o Telescópio Espacial James Webb, será possível mapear a cinemática do gás molecular morno (com temperaturas de centenas de Kelvins), quente (aproximadamente 2.000 K) e ionizado em detalhes sem precedentes. A cinemática do gás molecular morno será estudada a partir da emissão da molécula do hidrogênio no infravermelho médio, região espectral que somente é acessível por telescópios espaciais, já que a atmosfera terrestre bloqueia a maior parte da radiação nessas frequências.

A proposta prevê observações de três galáxias próximas (NGC3884, CGCG012-070 e UGC08782), cujos buracos negros centrais estão capturando matéria ativamente. Estes objetos foram selecionados por serem candidatos a apresentarem ventos de gás molecular potentes, como indicado por estudos anteriores do grupo de pesquisa. O lançamento do telescópio espacial está planejado para o dia 31 de outubro de 2021, e as observações do ciclo 1 devem iniciar em maio de 2022.  Foram programadas cerca de 16,2 horas de telescópio para as observações planejadas.

Além da proposta liderada pelo Grupo de Astrofísica, os pesquisadores Rogemar Riffel e Marina Bianchin também são colaboradores de outra proposta aprovada pela comissão de alocação de tempo. A proposta foi liderada pelo pesquisador Vincenzo Mainieri, do Observatório Europeu do Sul (ESO/Alemanha), e tem como objetivo detectar ventos de gás molecular em núcleos ativos de galáxias mais distantes e mais luminosos do que os alvos da primeira proposta. Listada na mesma seção, com Nº 2.177, essa segunda proposta intitula-se A Missing Piece of the Puzzle: The Warm Molecular Phase of AGN-driven Outflows at Cosmic Noon (“Uma peça perdida do quebra-cabeça: a fase molecular quente de ventos emitidos por núcleos ativos de galáxias potentes”).

O investimento estimado para a construção e lançamento do telescópio James Webb é de US$ 10 bilhões e o tempo de operação previsto é de cinco anos, ou seja, em média foram investidos US$ 2 bilhões por ano de observação. A proposta do Grupo de Astrofísica da UFSM corresponde a um investimento de cerca de US$ 3,7 milhões. A análise dos dados obtidos pelo projeto será realizada pelo próprio grupo da UFSM, utilizando técnicas e ferramentas desenvolvidas pela equipe responsável pelo telescópio, e também pelo grupo e colaboradores.

O Programa de Pós-Graduação em Física cumprimenta o Grupo de Astrofísica pela dedicação e parabeniza especialmente o Prof. Rogemar André Riffel, docente permanente do PPGFÍS, e a discente do Doutorado em Física, Marina Bianchin, pela aprovação da proposta e pelo trabalho que vêm desenvolvendo.

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