O Curso de Especialização em Estudos de Gênero da Universidade Federal de Santa Maria vem a público declarar incondicional apoio ao Professor Gustavo Duarte, que foi vítima de homofobia por parte de um colega docente nas dependências da Universidade. O professor Gustavo atua nas áreas do Ensino e Didática de Dança, nos Estudos de Gênero e Sexualidade, Corpo, Cultura e Envelhecimento, é pesquisador da ANDA (Associação Nacional dos Pesquisadores em Dança), Coordenador do GEEDAC (Grupo de Estudos em Educação, Dança e Cultura) e do LICOR (Laboratório de Improvisação e Coreografia), além de atuar na Especialização em Estudos de Gênero.
Atos como o vivenciado pelo Professor Gustavo não são apenas lamentáveis, mas sobretudo inadmissíveis. Tais situações constituem a realidade social que muitas pessoas LGBTQIA+ enfrentam nos espaços universitários e fora deles, pois o machismo, o masculinismo, a heteronormatividade e o desrespeito à diferença permanecem como estruturas sociais mais amplas que, infelizmente, ainda amparam as relações de poder e privilégio nas instituições e na sociedade e, com isso, transformam a diferença em desigualdade. No entanto, é dever da UFSM, como instituição de ensino superior pública e gratuita, exigir a ética profissional dos agentes públicos do seu quadro de professores e agir pelos valores institucionais que evoca para si, sendo eles: “Comprometer-se com a educação e com o conhecimento, pautada nos seguintes valores: liberdade, democracia, ética, justiça, respeito à identidade e à diversidade, compromisso social, inovação e responsabilidade”.
Dessa forma, o Curso de Especialização em Estudos de Gênero convoca a UFSM, a fim de mobilizar e sensibilizar a comunidade acadêmica e local contra a violência para com as pessoas LGBTQIA+ a partir de ações concretas no contexto de implantação de sua Política de Igualdade de Gênero (Resolução UFSM N. 064/21). Este não é um caso isolado: docentes, estudantes e servidores técnico-administrativos em educação são vítimas de agressões e violência, muitas vezes desconhecidas da ouvidoria, dos setores administrativos e das instâncias responsáveis pelo zelo, segurança e direitos mínimos da comunidade acadêmica. Esse é um problema a ser enfrentado com a ajuda e o comprometimento de toda a nossa comunidade.
A violência, em suas múltiplas dimensões, ampara-se principalmente no ambiente de medo e insegurança sentido pelas vítimas no ato de denunciar, na disparidade das relações de poder, na distribuição desigual de recursos simbólicos e de segurança institucional e na cultura que naturaliza o poder de quem agride – como aquele que pode agir à revelia da ética pública e do convívio social. Nesse quadro, a vítima introjeta um sentimento de desamparo e desalento, por sentir-se como vivendo mais um caso entre tantos outros que provavelmente não terá o devido encaminhamento e atenção. É justamente contra esse pensamento, que alimenta e legitima o circuito de produção das desigualdades, que as/os professoras/es do Curso de Especialização em Estudos de Gênero manifestam solidariedade ao colega e repúdio à homofobia e a quaisquer outras formas de reprodução e práticas da violência, sobretudo no âmbito de nossa universidade.