Discente:Camila Weber
Título da dissertação: “SUCESSÃO GERACIONAL EM PROPRIEDADES RURAIS DE ASSOCIADOS A COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS: UMA ABORDAGEM SOBRE JOVENS MULHERES”
Resumo: As unidades produtivas familiares vivenciam há um bom tempo, momentos de inquietude, frente ao processo acentuado da migração de jovens rurais para os centros urbanos. Esse cenário, condiciona ao entendimento das diferentes decisões tomadas por esses jovens que, repercutem na reprodução social e econômica das propriedades em que estão inseridos. Diferentes abordagens, apresentam significativas distinções entre homens e mulheres no âmbito rural, sendo que a mulher encontra-se num patamar de desvantagem, e por isso, decide quando possível, em migrar para o urbano para com isso obter sua autonomia e renda própria. Entre inúmeros elementos condicionantes a migração das jovens rurais, um dos principais problemas atrelados a ela, está centrado na continuidade do rural através do processo de sucessão geracional, ou seja, trata-se da prática em que as filhas assumem o lugar dos pais na gestão dos negócios, patrimônio e na sequência da propriedade. Diante do exposto, o estudo teve como objetivo principal, analisar a dinâmica sucessória das jovens mulheres em propriedades rurais vinculadas a cooperativas agropecuárias de diferentes segmentos no Rio Grande do Sul. As jovens são associadas ou filhas de associados das cooperativas, com idades entre 18 e 30 anos, pertencentes a duas regiões do Estado, sendo a Noroeste e Centro Oriental. A pesquisa caracteriza-se como qualitativa e quantitativa, utilizando-se do instrumento de coleta de dados a partir de entrevistas semi-estruturadas. O procedimento utilizado para a análise dos dados foi a análise de conteúdo. Foram realizadas 56 entrevistas e a escolha das jovens, deu-se de acordo com a existência das participantes nas condições propostas pelo estudo. Na percepção das respondentes, o protótipo de que a participação das mulheres no meio rural está condicionada a atividades consideradas femininas, menos penosas ou de nenhuma decisão dentro da gestão, já não se faz tão real, frente as atividades que desempenham atualmente nas propriedades. As jovens destacam uma maior participação nas atividades e decisões da propriedade, pois optaram em permanecer no rural, motivadas pela vontade e gosto pelo trabalho agrícola, além da busca por conhecimentos através dos estudos, o que possibilitou que voltassem a propriedade. O fato é que elas possuem a oportunidade de opinar e decidir sobre a gestão da propriedade, mas também apontam que podem até opinar, mas a decisão final é sempre do pai, o que de certa maneira as distancia da gestão e consequentemente do processo sucessório, deixando margem para que a jovem que busca autonomia e renda própria, (uma vez que a maioria delas ainda pede dinheiro aos pais quando precisa), acabe deixando a atividade do rural, morando nele e indo trabalhar na cidade. Embora os dados da pesquisa mostrem que as jovens estão em processo sucessório e na sua maioria em uma atividade na propriedade, observa-se a participação significativa dos seus companheiros/cônjuges que vieram para a propriedade, tornando-se mão de obra e em alguns casos assumindo o papel de sucessores geracionais no lugar das filhas. Contudo o estudo deixa evidente a importância social e econômica que as cooperativas agropecuárias possuem frente a dinâmica sucessória das propriedades rurais, através das suas ações vistas ao desenvolvimento local e regional e perceptíveis pela grande maioria das jovens. De modo geral, as jovens mulheres apontam como tímidas as ações voltadas para elas, atrelando outros elementos como determinantes para que a efetivação de sua condição quanto sucessora geracional ocorra de maneira fluente e planejada.