Nos dias 26 e 27 de junho foi realizado um treinamento para a “Operação Acolhida” no 29º Batalhão de Infantaria e Blindados de Santa Maria. O evento contou com a participação de 28 discentes do curso de Relações Internacionais da UFSM e foi crucial para a preparação dos militares que serão deslocados para Roraima para trabalhar na recepção, registro e interiorização de pessoas deslocadas pela crise humanitária na Venezuela.
Segundo Laísa Huber, acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais:
“O nosso papel na simulação foi o de simular as etapas vividas pelos imigrantes venezuelanos quando chegam no Brasil e preparar assim os militares que irão atuar na missão em Roraima. Nós fomos divididos em três grupos e cada grupo simulou uma parte do processo. O objetivo é simular o máximo de situações que possam ocorrer, por exemplo alguém passar mal, brigas na fila ou famílias com crianças. O CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil) é o responsável por conduzir a operação em Roraima, treinar os militares envolvidos e aplicar a simulação. Foi importante ver como eles deixavam claro que a operação era guiada pela ACNUR e que o exército somente seguia o que eles pediam. A experiência é muito válida, e como citado pelo centro, o objetivo é aproximar exército e sociedade civil para que todos possam trabalhar de maneira cada vez mais conjunta.”
Em breve entrevista, o Tenente Coronel Leonardo Santos de Castro Freitas, Chefe da Comunicação Social, do Contingente Encouraçado, respondeu a algumas perguntas para o curso de RI.
No que consiste a Operação Acolhida e qual seu objetivo principal?
O Presidente da República reconheceu a situação de vulnerabilidade no Estado de Roraima, decorrente do intenso fluxo migratório provocado pela crise humanitária na República Bolivariana da Venezuela. Desta forma foi desencadeada a Operação Acolhida sob coordenação do Ministério da Defesa. É uma Operação Conjunta, com caráter humanitário, desenvolvido em um ambiente interagências. O Comando Militar do Sul determinou que a 3ª Divisão de Exército constituísse o 6º Contingente da Força-Tarefa Logística Humanitária e que o General Mauro Sinott Lopes, Comandante da Divisão Encouraçada, fosse o Chefe do Preparo.
O objetivo principal é de receber, identificar, vacinar, facilitar a aquisição de documentos, como CPF, carteira de trabalho e, posteriormente iniciar o processo de interiorização aos diversos municípios do país que se prontificaram em recebê-los, assim como facilitar a inserção no mercado de trabalho.
Quais as estatísticas do treinamento que ocorreu no 29º BIB de Santa Maria?
Participaram do preparo 493 militares, em sua maioria gaúchos, de diversas regiões do Estado. Além de militares de Santa Maria, que atuaram nas simulações dos exercícios, que buscavam retratar a realidade encontrada nos Postos de Triagem em Pacaraima (fronteira com a Venezuela) e abrigos de Pacaraima e Boa Vista. Houve a participação, ainda, de 06 (seis) Oficiais e Sargentos do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), com sede no Rio de Janeiro-RJ, e 28 (vinte e oito) alunos e alunas do Curso de Relações Internacionais da UFSM.
No que consistiu a participação dos alunos de Relações Internacionais no treinamento?
A participação dos alunos foi fundamental. A desenvoltura e fluência no idioma espanhol trouxeram realismo ao exercício. Foi muito bom trabalhar com alunos voluntários e interessados. Eles enfrentaram manhãs de frio intenso e cerca de 16h de muito trabalho. Fica o reconhecimento e gratidão do Exército Brasileiro pelo apoio desses jovens e ao Curso de RI da UFSM, nosso muito obrigado.