A proposta curricular utiliza o acervo da Gibiteca Brasileira para o ensino da língua em unidades do Itamaraty no exterior
A Fundação Alexandre Gusmão, órgão do Ministério das Relações Exteriores (MRE), lançou neste ano a “Proposta Curricular para o Ensino de Português como Língua Estrangeira por Meio de Quadrinhos Brasileiros nas Unidades da Rede de Ensino do Itamaraty no Exterior”. Elaborada pela professora Maria Clara Carneiro, do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da UFSM, a proposta é um guia – disponível gratuitamente para download – para a utilização do acervo da Gibiteca Brasileira para o ensino da língua portuguesa nas cerca de 30 unidades do Instituto Guimarães Rosa espalhadas pelo mundo.
Afora promover eventos culturais, acadêmicos e educativos, esses institutos abrigam a rede de ensino do Itamaraty para o ensino do português como língua estrangeira e também das línguas de herança faladas no Brasil. Desde 2022, as bibliotecas dos institutos passaram a comportar o acervo Gibiteca Brasileira, um conjunto de livros de histórias em quadrinhos brasileiros contemporâneos que permite, ao público estrangeiro, o acesso gratuito a obras recentes de uma produção cada vez mais reconhecida internacionalmente, como os premiados Angola Janga, de Marcelo d’Salete, e Escuta, Formosa Márcia, de Marcello Quintanilha.
Integrante do Programa Brasil em Quadrinhos, um projeto da Bienal de Quadrinhos de Curitiba em conjunto com o Itamaraty, a Gibiteca teve a curadoria da professora Maria Clara Carneiro, que na UFSM lidera o grupo de pesquisa “Oficinas de escrita, histórias em quadrinhos e tradução: teoria da literatura e práticas literárias”.
Em sua proposta curricular, a professora da UFSM também apresenta um panorama da produção brasileira de quadrinhos e descreve ainda o acervo da Gibiteca Brasileira. Além disso, a proposta pode servir a educadores da rede básica no Brasil como um panorama geral para a utilização da mídia em sala de aula.
O guia integra o conjunto de propostas curriculares do MRE com orientações para suas unidades do ensino de português, organizadas inicialmente pelo professor Nelson Viana, da Universidade Federal de São Carlos. A proposta de ensino da língua pelos quadrinhos “inaugura nova etapa do programa, que ultrapassa a vertente cultural e estrutura inovador viés educacional. As narrativas gráficas constituem potente vetor de difusão da linguagem social, aquela utilizada na vida cotidiana de uma sociedade, como resultado de práticas elaboradas em determinados contextos histórico-geográficos”, como explica o diplomata Igor Trabuco em sua apresentação.