Fruto de uma pesquisa feita com mais de 40 mil pessoas, o documentário parte da premissa de que entre os homens existe um imenso não-dito. Trata-se das emoções, das inseguranças, da vulnerabilidade. Sons que, não podendo ser abafados, transformam-se em ruídos. As consequências desse condicionamento expressam-se não só na saúde mental masculina e nas relações nocivas que se estabelecem, mas na própria estrutura social tão marcada pela violência.
De acordo com a pesquisa, 6 em cada 10 homens declaram lidar com algum tipo de distúrbio emocional. Os principais são:
- ansiedade
- depressão
- insônia
- vício em pornografia
- e, em seguida, vícios em álcool, drogas, comida, apostas e jogos eletrônicos
Hoje, 83% das mortes por homicídios e acidentes no Brasil são de homens. Homens vivem 7 anos a menos que as mulheres e se suicidam quase 4 vezes mais. 17% lida com algum nível de dependência alcoólica. Quando sofrem um abuso sexual, demoram em média 20 anos até contar isso pra alguém. Cerca de 30% enfrentam ejaculação precoce ou disfunção erétil. Homens são 95% da população prisional no Brasil, sendo que a maior parte dos encarcerados são jovens, periféricos e com ausência de figura paterna.
Tudo isso diretamente relacionado a uma ideia de masculinidade antiga e perene que associa a virtude masculina à virilidade bélica: enrijecimento, tensionamento e abandono da sensibilidade. O cenário político se alterou, mas a identidade masculina segue moldada por referenciais arcaicos que se reafirmam diante da crise das instituições que lhe garantiam um lugar fixo e privilegiado.
O documentário expõe a questão e aponta movimentos de mudança.A discussão do Cine debate será conduzida pelo estudante de filosofia Emiliano Kelm e contará também com a participação da professora Laura Cortez, coordenadora do Fórum de enfrentamento á violência contra as mulheres de Santa Maria