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Dia da Consciência Negra é celebrado pela primeira vez em Frederico Westphalen

Instituições comprometidas com a promoção da diversidade e inclusão promovem evento cultural público e gratuito



Quando pesquisar sobre a cidadezinha de Frederico ou perguntar aos seus habitantes sobre a cultura local, certamente ouvirá sobre as influências italiana, polonesa, alemã e gaúcha. A história dos imigrantes que colonizaram Frederico Westphalen permanece viva até hoje, seja por meio de festivais ou no imaginário popular da população. Pela primeira vez, o município contou com uma celebração pública e gratuita que, além de promover a cultura, também destacou a importância da reflexão sobre a presença de outras etnias na cidade.

Foto: Maria Luísa Lima

Este evento foi o primeiro realizado em Frederico Westphalen no contexto do novo feriado nacional do Dia da Consciência Negra, decretado pelo presidente Lula no início de seu mandato. O aprendizado cultural foi o grande marco da celebração, realizada na praça da Matriz, em frente à catedral, um grande símbolo do município, durante toda a tarde do dia 20 de novembro. 

Com destaque e valorização das contribuições da cultura afro-brasileira, esta importante iniciativa só foi possível graças ao esforço conjunto de diversas instituições comprometidas com a promoção da diversidade, inclusão e igualdade, envolvendo a comunidade local e proporcionando um espaço de reflexão e celebração.

O Instituto Federal Farroupilha (IFFar/FW), a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/FW), a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), a Universidade Regional Integrada (URI/FW), a Associação da Diversidade de FW, a Associação Cultural Atena, o Grupo de Capoeira Oxosse e representantes de religiões afro-brasileiras e de matriz africana foram peças-chave na realização do evento. Cada uma dessas entidades contribuiu com atrações culturais e educativas.

O evento também contou com o apoio de parceiros locais, como a Prefeitura Municipal, o SESC, O Boticário, Creluz, Sicredi e o Salão de Beleza Empoderadas, que contribuíram com recursos para a infraestrutura e a distribuição de brindes, garantindo que o evento fosse acessível a todos. A colaboração dessas organizações foi essencial para a realização do evento, alcançando pessoas de todas as idades.

Foto: Mariana Marçal

A programação foi cuidadosamente elaborada para oferecer uma experiência rica e diversificada, combinando diversão e aprendizado. Para as crianças, a contação de histórias trouxe narrativas africanas, com contos e lendas que resgatam aspectos fundamentais da cultura ancestral. Oficinas de tranças permitiram que os participantes vivenciassem a estética e as tradições afro-brasileiras, enquanto exposições de arte destacaram a representatividade negra, mencionando personalidades e mostrando rostos de grandes contribuintes da evolução humana e intelectual. Além disso, uma aula aberta abordou as inovações e influências africanas na formação da cultura brasileira.

A programação também incluiu apresentação de capoeira, uma expressão da luta e resistência afro-brasileira, e, para encerrar, uma roda de samba, que trouxe à tona a alegria, o ritmo e a beleza das tradições musicais e de dança da cultura afro-brasileira.

A UFSM/FW apresentou no evento a exposição “Parece branco, mas é negro”, promovida pelo Núcleo de Assistência Estudantil e inspirada em uma atividade desenvolvida pelo NEABI IFRS Ibirubá. A mostra busca desmascarar o processo de embranquecimento de grandes figuras históricas, como Machado de Assis, Cleópatra, Yemanjá, Jesus Cristo, entre outras.

Foto: Mariana Marçal

O embranquecimento é uma ideologia racista que surgiu após a abolição da escravidão, defendendo que o “problema” étnico-racial poderia ser resolvido por meio da miscigenação. De acordo com essa visão, o sangue “branco” purificaria o sangue “primitivo” africano, resultando na eliminação física dos negros e na formação gradual de um povo “branco” e mais “civilizado”. Essa ideologia contribuiu para o branqueamento de figuras importantes da história, com o objetivo de reforçar o preconceito e marginalizar a população negra, negando-lhe a possibilidade de se enxergar em posições de respeito na sociedade.

A exposição vem para desmentir esse mito, revelando que pessoas negras são e sempre foram de uma potência intelectual gigante.

Texto: Maria Luísa Lima

Fotos: Maria Luísa Lima e Mariana Marçal/Agência Íntegra

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