Neste episódio, falamos com a Leticia Chechi, graduada em 2013 e atualmente professora na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
Conta pra gente um pouco sobre a tua trajetória até aqui?
Atualmente sou professora na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Essa trajetória inicia com a graduação em Engenharia Florestal (UFSM/FW), seguido pelo mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No mestrado trabalhei com a cadeia produtiva da erva-mate nos três estados do Sul do Brasil, e no doutorado, com a temática das políticas públicas e mudanças climáticas, mais especificamente analisando o Plano da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono. Ainda no doutorado me tornei professora substituta na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), no Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), em Lages-SC. Antes de assumir como professora efetiva na UFRB, assumi um concurso na UFPA, em Belém-PA.
Você sempre quis ser professora?
Eu sempre tive vontade de ser professora, inclusive fiz o magistério. No entanto, com a descentralização das Universidades Federais e constituição do campus da UFSM em Frederico Westphalen, resolvi cursar Engenharia Florestal, pensando em atuar na área de fiscalização ambiental, em órgãos como FEPAM ou IBAMA. No entanto, ao chegar na universidade fui observando que eu tinha vários professores jovens, e pensei então que eu poderia ser professora universitária. Eu não conhecia o caminho a ser seguido, então busquei conhecer o processo, a necessidade do mestrado e do doutorado. A partir deste momento, foquei minhas energias nesta missão, e hoje sou professora em uma Universidade Pública, com muito orgulho.
O que mais te marcou em estudar na UFSM-FW?
O que mais me marcou em estudar em Frederico é que se tratava de uma oportunidade única para mim, ensino público, gratuito e de qualidade. Além disso, era uma estrutura nova, com professores(as) empenhados(as) a impulsionar o campus. A atuação em projetos de pesquisa e extensão como bolsista, possibilitou que fizesse minha primeira viagem aérea para apresentar um trabalho. Foi algo bem marcante para mim, porque eu sou do meio rural, e não conhecia outros estados além de Santa Catarina e Paraná. Foi a UFSM e seus projetos que possibilitaram isso, ou seja, ampliação de conhecimentos científicos, pessoais e culturais.
E qual você acha que é o principal diferencial do curso?
Pra mim, o diferencial do curso está na qualidade do ensino e na proximidade com os(as) professores(as), que são extremamente qualificados(as). Eu tenho muito orgulho de ter me formado em Engenharia Florestal na UFSM de Frederico Westphalen, porque eu saí de lá muito preparada.
Na sua opinião, qual o papel do engenheiro florestal no desenvolvimento rural sustentável e na extensão rural?
Eu acredito que exploramos pouco essa área dentro do curso, consequentemente, o mercado também acaba não reconhecendo devidamente o papel da Engenharia Florestal na extensão rural e na promoção do desenvolvimento rural sustentável. Temos no Brasil um número significativo de estabelecimentos da agricultura familiar que poderiam ser um foco importante de atuação dos profissionais da Engenharia Florestal, promovendo manejo florestal sustentável de suas áreas de Reserva Legal, por exemplo, não só de proporcionar a adequação desses estabelecimentos em relação à legislação, mas também de mudar um pouco essa visão de que esse seria um espaço “perdido” da propriedade. Além disso, o(a) engenheiro(a) florestal tem conhecimento amplo para atuar com Sistemas Agroflorestais (SAF’s), Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), recuperação de áreas degradadas, projetos mitigação e adaptação às mudanças climáticas, dentre tantas outras demandas que o rural brasileiro apresenta e que são fundamentais para a promoção do desenvolvimento sustentável.
Gostaria de acrescentar alguma coisa no nosso papo?
O que quero acrescentar é quase uma nota de agradecimento. Me sinto privilegiada, pois tive acesso ao ensino público e de qualidade, muito próximo a cidade dos meus pais, que são de Esperança do Sul. O curso possibilitou uma transformação importante na minha vida. Consegui ampliar meus horizontes, explorar um potencial que eu nem sabia que tinha, sonhar e realizar! Hoje, no papel de docente aqui na Bahia, onde atuo, vejo situações muito similares, que a educação realmente é o elemento transformador, que dá a oportunidade para a pessoa acessar caminhos que possivelmente seriam inacessíveis sem a educação. Eu fico muito feliz de ser consultada para fazer parte desse painel de egressos, e agradeço a oportunidade de contar um pouco da minha história. Sou uma profissional muito feliz e realizada no que faço. Tenho muito orgulho de dizer que me formei em um campus da UFSM, que isso é fruto de uma política de descentralização das universidades e muitos jovens podem explorar e aproveitar essa oportunidade para alcançar seus objetivos.