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“Imagino uma mudança significativa na qualidade de vida das comunidades a partir da atividade produtiva dessas mulheres”

Time Enactus da UFSM trabalha com capacitação de mulheres e geração de renda para transformar comunidades locais



O fortalecimento das comunidades por meio do empreendedorismo social e da inovação é o foco do Time Enactus, uma iniciativa que integra a rede Enactus e busca promover o espírito de liderança dos estudantes envolvidos e o desenvolvimento de ações sociais sustentáveis. Contemplado pelo Edital Proext-PG UFSM, o projeto de extensão tem como objetivo abordar questões regionais a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Atualmente, a equipe trabalha em um projeto voltado a mulheres que enfrentam dificuldades no acesso à renda, com foco em capacitações e desenvolvimento de competências, promovendo, assim, impacto social e autonomia econômica.

Nesta entrevista, conversamos com Debora Bobsin, professora do Departamento de Ciências Administrativas da UFSM  e coordenadora do projeto, que compartilhou suas reflexões sobre os impactos esperados e a relevância da extensão universitária na formação acadêmica. Confira a seguir:

1) Como o projeto visa impactar a sociedade?

O Time Enactus faz parte de uma rede que busca promover o espírito de liderança voltada para o desenvolvimento do empreendedorismo social, desenvolvendo os nossos estudantes. Trabalhamos por meio de ações que podem ser projetos ou iniciativas sociais na comunidade. Tínhamos uma ação chamada Florescer, que trabalhava com a educação ambiental junto às escolas. Estamos finalizando essa ação com a ideia de construir materiais didáticos para que os professores possam replicar essas atividades, sem necessitar da presença constante da equipe do projeto, ampliando assim o número de escolas impactadas.

Além disso, estamos iniciando um trabalho a partir de um olhar sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), identificando os potenciais e principais problemas da nossa região. Detectamos uma questão ligada à geração de renda e ao acesso ao mercado de trabalho por parte das mulheres. Assim, estamos começando a pensar em um projeto voltado a um grupo de mulheres que enfrentam dificuldades no acesso à renda. A ideia é trabalhar com capacitações, desenvolvimento de competências e também abordar questões específicas do universo feminino.

2) Por que isso é importante?

O que temos observado em Santa Maria são números expressivos, como, por exemplo, gravidez na adolescência. Essas meninas, muitas vezes, não continuam os estudos. Também há um índice elevado de mulheres fora do mercado de trabalho e um número significativo de mães solo. O desafio é grande, tanto para a inserção das mulheres no mercado de trabalho quanto para abordar a realidade de muitas delas que acabam empreendendo por necessidade – e não por oportunidade, pois é o que acaba restando para elas em termos de possibilidade de geração de renda.

Nesse contexto, analisamos os dados e começamos a mapear onde estão essas mulheres em Santa Maria. Nossa ideia é acessá-las e, de alguma forma, auxiliá-las, seja no acesso ao mercado de trabalho ou no desenvolvimento dos seus negócios.

3) Como participar de projetos de extensão influenciou a sua carreira?

Não participei de muitos projetos de extensão durante a graduação, pois não era uma cultura tão presente quanto é hoje. Acabei me envolvendo com a extensão já na docência. Sempre gostei muito de atividades para além daquelas curriculares e isso influenciou a forma como vejo a extensão: como um espaço de aprendizado. Sempre tive um viés prático, e hoje a extensão alimenta minhas reflexões como pesquisadora e eu acho que esse acaba sendo um dos papéis da extensão. Ela alimenta a minha sala de aula e, a partir dela, acabei entrando em um novo campo de estudo e de olhar, que é o empreendedorismo social, com foco em inovação social e tecnologia social. Estou iniciando nesse campo, mas percebo como a extensão tem o poder de transformar o olhar sobre a pesquisa: algumas questões deixam de fazer sentido, enquanto outras passam a ter mais relevância.

4) Qual é a importância de um edital como o Proext-PG para estimular a extensão na pós-graduação?

Primeiramente, é importante pensar que muitos alunos de pós-graduação serão docentes, na sua maioria, no curto ou médio prazo, e vão se deparar com a demanda de realizar extensão, porque hoje, com a curricularização da extensão, é muito difícil um professor não precisar se envolver com isso. Então, eu acho que o edital oportuniza que esses alunos vejam a extensão como um espaço de atuação na sua futura atividade docente.

Além disso, a extensão é uma mola propulsora para os nossos temas de pesquisa, ou uma forma de acessar novos problemas de pesquisa. Quando analisamos os impactos, vejo, institucionalmente, a importância de conectar nossos problemas de pesquisa com as demandas da sociedade. Esse é um aspecto de médio a longo prazo que, acredito, será cada vez mais evidente. Socialmente, acredito que se trata de oferecer ao aluno da pós-graduação uma formação mais contextualizada, que o permita enxergar o contexto ao seu redor. Assim, ele passa a observar a sociedade e a comunidade ao seu redor, questionando como suas atividades influenciam ou são influenciadas por esse entorno. Esse, acredito, é o verdadeiro papel da extensão.

5) Por que graduandos e pós-graduandos deveriam participar de projetos de extensão?

Acredito que a formação deve estar profundamente conectada à realidade local que vivenciamos, sem se isolar em si mesma, mas sendo contextualizada, questionada e reforçada. Isso acontece, em grande parte, por meio da extensão. Por isso, vejo a participação em projetos extensionistas como algo de grande influência tanto na formação acadêmica, do ponto de vista do ensino, quanto na pesquisa.

Do ponto de vista do ensino, temos visto uma maior integração entre extensão e sala de aula, a partir da curricularização da extensão, com atividades extensionistas vinculadas a disciplinas em muitos cursos. Assim, os alunos começam a perceber como os componentes curriculares estão diretamente conectados com problemas reais, sejam eles sociais ou ambientais. Já na pesquisa, como mencionei antes, acredito que ela deve se alimentar da extensão, pois muitos de nossos problemas de pesquisa podem surgir desse contexto. Dessa forma, criamos uma conexão importante e fechamos um ciclo valioso entre ensino, pesquisa e extensão.

6) Em 2026, quando finalizam os meses previstos para a execução do projeto, que mudanças você imagina que terão ocorrido nas comunidades apontadas como os principais públicos-alvo do projeto?

Não é fácil prever um cenário, ainda mais quando trabalhamos com questões como mercado de trabalho, trabalho digno e geração de renda. Mas espero ver essas mulheres, que estamos começando a ter contato, fortalecidas, com suas atividades econômicas estruturadas e uma renda que proporcione melhor qualidade de vida para elas e suas famílias. Que seus filhos possam estar na escola, sem precisar ajudar nas atividades profissionais, para que eles possam também se desenvolver e ter acesso a uma educação de qualidade. Então é isso que eu imagino: uma mudança significativa na qualidade de vida dessas comunidades a partir da atividade produtiva dessas mulheres.

Texto: Luciane Treulieb, jornalista

Ilustração: Evandro Bertol, designer 

Aluata Comunicação e Ciência

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