O Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Poscom) obteve aprovação de projeto em edital promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) para o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento voltado a desastres climáticos. Sob a liderança da professora Ada Cristina Machado Silveira, o projeto tem como título “Governança e multidimensionalidade dos riscos climáticos: abordagem multidisciplinar em Comunicação de proximidade, Interpretação geopatrimonial e Economia Ecológica aplicada aos Geoparques Unesco no Rio Grande do Sul” e faz parte de uma parceria entre UFSM, Unipampa e UFRGS.
O edital FAPERGS 06/2024 tem como objetivo apoiar projetos que auxiliem na elaboração e aperfeiçoamento de políticas públicas de enfrentamento aos desastres climáticos. A coordenadora do projeto conta que este é o projeto de maior envergadura para o qual já foi contemplada: “Foi uma conquista bastante importante para nós, porque a Comunicação não é considerada prioritária nesses editais temáticos”, afirma Ada. De acordo com a professora, o projeto é caracterizado por ser multidisciplinar e interinstitucional, fomentando uma rede estadual de pesquisadores interessados nas repercussões da Comunicação nos processos de governança dos riscos climáticos. Neste sentido, conta com a integração de seis programas de pós-graduação de três universidades e três geoparques: PPG em Comunicação (POSCOM), PPG em Geografia (PPGGEO) e PPG em Patrimônio Cultural (PPGPC), todos da UFSM, o PPG em Dinâmicas Regionais e Desenvolvimento (PPGREDES) e PPG Desenvolvimento Rural (PGDR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS Litoral), e o PPG em Comunicação e Indústria Criativa (PPGCIC) da Unipampa, junto com os Geoparques Quarta Colônia, Caçapava do Sul e Caminhos dos Cânions do Sul.
O projeto foi organizado em três eixos, o primeiro denominado “Comunicação de proximidade aplicada à governança de Geoparques Mundiais da Unesco no RS face aos riscos climáticos”; o segundo “Interpretação geopatrimonial de Geoparques Mundiais da Unesco no Rio Grande do Sul aplicada à resiliência e adaptação social a riscos climáticos”; e o terceiro “Impactos do desastre climático de 2024 nas comunidades dos territórios dos Geoparques do RS para promoção de capacidades de adaptação e resposta, bem como recomendações de políticas públicas”. O projeto tem como objetivo propor, a partir da experiência da resposta a eventos extremos no Rio Grande do Sul, um modelo de governança para os territórios de Geoparques Mundiais da Unesco que permita uma resposta mais eficaz aos desastres climáticos e o incremento da capacidade de resiliência frente às mudanças climáticas em curso.
Para a professora Ada Silveira, o projeto possui o potencial de expandir o impacto social da pesquisa em Comunicação, superando uma visão da Comunicação “como ferramenta, como um procedimento para divulgar, promover, popularizar a ciência feita por outros”, e destacando sua função estratégica na melhoria dos processos sociais, em particular em processos de governança dos riscos climáticos.
Memória do desastre climático
Em maio de 2024, o Estado foi atingido por enchentes, sendo esta a maior desde 1941. A chuva superou 500 milímetros em 20 cidades do Estados, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Santa Maria teve o mês de maio mais chuvoso desde 1961, tendo um acúmulo de 671,1 milímetros. Os impactos das chuvas e cheias extremas dos rios acarretaram em 478 municípios atingidos, 173 mortes e 4 mil desalojados. As pessoas foram privadas de água, energia elétrica e alimentos, tendo municípios que ficaram completamente isolados. Três municípios da região central do RS declararam estado de calamidade pública, Itaara, Silveira Martins e Dilermando de Aguiar.
Na UFSM foram desenvolvidas ações para ajudar os municípios da Quarta Colônia junto com as campanhas SOS Comunidade Quarta Colônia e Rádio Apoio Comunidade, ambos os projetos tiveram apoio de docentes e alunos do Poscom, que ajudaram na separação de roupas e alimentos e na arrecadação de pilhas para serem enviadas para as cidades.
Essas atividades resultaram no projeto de extensão “Comunicação de proximidade: memória, resiliência e adaptação social a riscos climáticos e catástrofes naturais na Quarta Colônia”, coordenado pela professora Aline Dalmolin (Poscom) e também conta com a parceria do PPG Geografia e faz parte do Edital Proext-PG UFSM/Capes 01/2024, uma chamada para fomento de ações de extensão vinculadas a programas de pós-graduação da UFSM.
Texto: Bruna Piedras – Estagiária do Curso de Jornalismo do Poscom