Um círculo de pessoas sentadas no meio do palco do Centro de Convenções marcou o início da JAI Performativa da tarde desta quarta-feira (27). Ao todo, foram 17 performances apresentadas ao longo do dia.
Realizadas por estudantes dos cursos de Dança, Música e Artes Cênicas, as apresentações buscaram misturar a prática com a pesquisa. “É um espaço muito importante, porque ele representa uma especificidade de pensamento. De como a gente produz conhecimento e como atuamos, tanto na sala de aula quanto nas pesquisas, extensão e ensino”, comentou o professor do Curso de Dança Bacharelado e organizador das apresentações da tarde, Flávio Campos.
O professor também relatou sobre a importância do evento para a valorização das Artes na Universidade e destacou o desejo que em apresentações futuras o público seja mais diverso. “A gente entende que é uma maneira de mostrar para a Universidade como trabalhamos. É uma pena que ficamos entre a gente, que outros cursos não venham nos encontrar, saber, nos ouvir e trocar ideias”.
No período da manhã, sete trabalhos foram apresentados. Entre eles estavam “Pele em Contato (2024): Pesquisa em Práticas Coreográficas”, desenvolvido por Cecília Martins, “(Des)Orientalismos: performando um corpo inventado”, realizado por Giovana Domingos, e “Tríade Mulheres em Movimento”, Rudinara Barcelos.
Durante a tarde, outras 10 pesquisas foram expostas. Luis Hani, estudante de Dança, foi um dos alunos a apresentar e expôs seu trabalho “TRANSmute: uma visão trans junto ao Método BPI”. “Foi um trabalho que surgiu do nada, por uma necessidade de eu conseguir entender o porquê que não me ver nos locais me afetavam tanto”, relata. Durante a apresentação, Hani conversou com a roda e fez uma panqueca doce. Em um diálogo sobre pertencimento, o estudante contou sua trajetória buscando encontrar seu “quintal”, termo comentado pelo professor Flávio Campos. “Depois de um tempo, eu notei que esse quintal não é um pátio, ele é um lugar que eu me sinto livre. Faz um mês que eu entendi que meu quintal é uma cozinha.” Depois, compartilhou a importância dos momentos que passava com sua família e todos eles aconteciam dentro deste “quintal”.
O projeto “Eu adoro purpurina: o caminho brilhante” também foi um dos apresentados. Lucca Adams, bacharel em Dança, narrou sua trajetória como criança no CTG (Centro de Tradições Gaúchas) em transformação para um homem “gaúcho, tradicionalista, gay e que adora purpurina”. Durante a performance, Lucca se vestiu de diferentes roupas, conversou com o público e terminou com um desenho das vestimentas que entrelaçou durante suas falas. Transformações e a possibilidade de se tornar várias pessoas em si mesmo foram abordados por Adams. “É fundamental ter esse espaço na JAI Performativa que provoca a prática como pesquisa, mas que também dá espaço de compartilhamento. Nos projetos que eu trabalho isso é fundamental”, compartilha o artista.
O trabalho de Helena Leimann, “Experimentações do corpo em Dança Moderna: tronco e sua potência em mover-se”, demonstrou a força de movimentos da dança. A apresentação de Luana Furtado, “Feminismos e Criação em Performance: sangue do diabo” narra sobre violências sofridas por mulheres. Combinou o uso da pigmentação rosa, produto da mistura de água, amônia e solução alcoólica de fenolftaleína, em roupas brancas. Assim, lembrou de marcas que, por mais que não sejam vistas, são sentidas.
O dia de performances foi finalizado por apresentações como a de Samuel Theodor Pagani, “Vício” e Polyana Fernandes, “Isso pode ser dramaturgia: Criações a partir de experiências da escutação”.
Após a apresentação dos trabalhos, alguns minutos eram reservados para que o público pudesse compartilhar perspectivas e interpretações.
Texto e fotos: Jessica Mocellin, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Mariana Henriques