O projeto GuriasTec, idealizado por docentes e técnicas administrativas em educação (TAEs) do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) e do Centro de Tecnologia (CT) da UFSM, foi contemplado na chamada pública Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação (Camada CNPq Nº 31/2023), divulgada no dia 9. A proposta, submetida pela professora Renata Rojas Guerra, conta com 23 colaboradoras em sua elaboração, incluindo servidoras do CCNE, CT, Centro de Educação (CE), Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH) e Coordenadoria de Ações Educacionais (CAED).
A Chamada do CNPq apoia iniciativas que contribuem de modo significativo para o desenvolvimento científico-tecnológico e a inovação no Brasil por meio do estímulo ao ingresso, à formação, à permanência e à ascensão de meninas e mulheres nas carreiras de Ciências Exatas, Engenharias e Computação. O programa tem como objetivo viabilizar experiências construtivas e democratizar a ciência, e se destina a estudantes de escolas públicas, especialmente as que vivem em situação de vulnerabilidade.
Com vigências de três anos, o projeto prevê a oferta de 20 bolsas de Iniciação Científica Júnior (ICJ) para estudantes de Ensinos Fundamental e Médio. Professoras da educação básica e discentes de iniciação científica, pós-doutorado e divulgação científica de escolas também concorrem. A seleção será feita pelas instituições de ensino participantes mediante edital, com critérios a serem estabelecidos conjuntamente. Estão reservadas 40% das vagas para meninas negras ou indígenas.
Para quem já está no Ensino Superior, haverá ações e oportunidades específicas na UFSM, com espaços coletivos de acolhimento e discussão sobre gênero, assédio, racismo, violência, entre outras temáticas. No pós-doutorado, o plano de trabalho abarca o mapeamento da desigualdade de gênero e raça em nível regional. Essas questões serão estudadas e disseminadas pela divulgadora científica escolhida pelo edital.
Estão envolvidos no planejamento, ainda, o Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal de Santa Maria, o Colégio Estadual Professora Edna May Cardoso e as escolas municipais de Ensino Fundamental (EMEF) Diácono João Luiz Pozzobon, Adelmo Simas Genro e Pão dos Pobres Santo Antônio. Para cada escola, serão destinadas cinco bolsas e a tutela de um(a) docente. Além das bolsistas, todas as meninas serão incluídas em atividades a serem desenvolvidas.
Conforme a professora Débora Missio Bayer, integrante do projeto e associada ao Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (DESA) do CT, essa é uma chance de mudar o cenário da ciência e da educação superior. “As áreas das ciências exatas, engenharia e computação possuem minoria feminina, que fica menor ainda se pensarmos em mulheres negras e indígenas. Muito disso se deve a não noção de pertencimento que as meninas têm nesses ambientes”, afirma.
Débora ressalta que essa minoria feminina fica ainda mais destacada quanto às mulheres negras e indígenas e que, nesse contexto, o projeto representa uma vitória significativa para mulheres, docentes e TAEs da UFSM. “Ao criar oportunidades de desenvolver essas habilidades e confiança nas meninas, por meio de uma parceria com escolas públicas, especialmente em regiões de vulnerabilidade social, conseguiremos estimular esses potenciais. Esperamos que, a médio e longo prazo, mais mulheres ocupem e liderem esses espaços, contribuindo para um futuro mais diverso e inclusivo”, conclui.
Texto: Kemyllin Dutra, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Maria Eduarda Pedroso/ Arquivo Pessoal
Edição: Maurício Dias, jornalista