Ir para o conteúdo UFSM Ir para o menu UFSM Ir para a busca no portal Ir para o rodapé UFSM
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Na UFSM, Jogos Universitários Indígenas da Região Sul engrandecem a cultura de diferentes etnias



Primeira edição dos JUIRS contou com coletivos de Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina

Aconteceu nos últimos sábado (12) e domingo (13) a primeira edição dos Jogos Universitários Indígenas da Região Sul (JUIRS), no Campus Sede da UFSM. O evento reuniu acadêmicos de diversas etnias de instituições de ensino superior de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, como também territórios convidados. As atividades foram realizadas na pista de atletismo e nos ginásios do Centro de Educação Física e Desportos.

A UFSM foi declarada campeã, mas também fizeram parte da disputa coletivos das seguintes instituições, nos dois dias: Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal da Fronteira Sul, Universidade Federal do Pampa, Universidade Federal do Rio Grande, Universidade Federal de Pelotas e Universidade Federal do Rio Grande do Sul. De fora das salas de aula, estiveram presentes as comunidades de Nonoai, Guarita, Kaingang e Guarani.

Os JUIRS foram realizados com o apoio do Gabinete do Reitor e da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), além do Ministério dos Povos Indígenas. O estudante do curso de Enfermagem da UFSM, Leonardo Kaingang, integrou a organização dos JUIRS exercendo a função de diretor-geral e explica: “os Jogos não são simplesmente a prática de esportes, mas sim toda a cultura que a gente traz dos territórios para dentro da universidade”.

Os primeiros JUIRS

Com oito medalhas de ouro conquistadas, time que representou a UFSM foi declarado campeão

A motivação para promover o evento se deu com a participação da delegação da UFSM no Acampamento Terra Livre, considerado a maior Assembleia dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil, em abril deste ano. Em uma roda de conversa, que envolveu acadêmicos situados em Santa Maria e discentes de toda a Região Sul, foi determinada a necessidade de colocar em prática as ideias e, em meados do mês de maio, o processo de fazer com que os jogos acontecessem começaram.

A pró-reitora de Assuntos Estudantis, Gisele Guimarães, revela que, quando o setor recebeu a proposta, seus olhos brilharam. “A PRAE, como grande parceira dos estudantes e, neste caso, especialmente dos estudantes indígenas, se encantou com o projeto. É um orgulho para a nossa Universidade. Somos referência em assistência estudantil no país, com muitos desafios a serem enfrentados, mas com os indígenas protagonizando muito do que acontece aqui”, destacou.

A acadêmica de Medicina da UFSM, Ligea Kaingang, também fez parte da organização dos JUIRS e define a experiência: “é incrível estar participando deste momento que, para nós, estudantes indígenas da Região Sul, é um momento histórico”. Ela não esconde o fato que desenvolver a iniciativa foi desafiador, mas garante que o comprometimento valeu a pena. “Ver todas essas pessoas que atenderam ao nosso chamado, de nos reunirmos, de trazerem suas culturas, suas vestimentas tradicionais, traz muita alegria”.

O reitor da Universidade, Luciano Schuch, também marcou presença na primeira edição do evento e reitera o apoio da instituição às causas indígenas. Em 2018, o Campus Sede recebeu a primeira Casa do Estudante Indígena do país, que hoje é moradia de indígenas de mais de 15 etnias distintas. “Os Jogos Universitários Indígenas têm como objetivo defender a cultura indígena. Essa diversidade é o que mais nos enriquece”, afirmou.

Na pista e nas quadras

Na visão do reitor, Luciano Schuch, a UFSM tem papel importante na luta ao lado das causas indígenas

Entre o sábado e o domingo, foram disputadas nove modalidades nos naipes feminino e masculino: arco e flecha, corrida da tora, corrida do maracá, lançamento de lança, corrida de 100 metros, arremesso de peso, voleibol, futsal e bodoque, como também foi eleita a “atleta mais bela” da edição. Com oito medalhas de ouro, a UFSM foi declarada campeã dos JUIRS de 2024, à frente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que terminou em segundo lugar, com quatro medalhas de ouro.

Leonardo revela que a escolha dos esportes foi uma das partes mais fáceis no processo de organização, visto que foram selecionadas atividades tradicionais dos povos indígenas como também jogos conhecidos no país. Foram reunidas aproximadamente 300 pessoas somando todas as provas. “Inicialmente, pensávamos que se chegássemos a 100 convidados presentes seria um sucesso. Teve gente querendo participar que, infelizmente, não conseguimos comportar”, admitiu.

O estudante do curso de Medicina da UFSM, Albert Silva, foi o primeiro campeão dos JUIRS, na corrida de 100 metros. Ele conta que esta foi sua estreia em competições, mas, em sua aldeia, atividades parecidas acontecem habitualmente. “Esse evento é muito importante para trazer visibilidade para a cultura e para a vivência dos povos indígenas”, assegurou. Já a acadêmica de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, também atleta, Jennifer Vergueiro, diz que as atividades foram um pouco difíceis, embora tenham valido a pena pela experiência, e segue na mesma linha de raciocínio do representante de Santa Maria: “é bem importante porque é uma forma de mostrar um pouco da nossa cultura e mostrar que a gente também está aqui, que estamos vivos”.

Em casa

Diferente dos Jogos Universitários Gaúchos, chancelados pela Confederação Brasileira do Desporto Universitário, os JUIRS não foram disputados apenas por estudantes. O diretor geral do evento explica que o convite a territórios foi feito com a intenção de mostrar aos povos o trabalho que está sendo realizado na UFSM, principalmente pensando nos mais jovens. “A nossa maior alegria aqui foi quando desceram muitas crianças das vans e dos ônibus. Eles estavam praticamente cheios de crianças. Para nós, povos indígenas, a criança é tudo. Não adianta você ter bens materiais, financeiros, ser bem-sucedido, se você não tem pensa nas crianças. Aqui, tudo é passageiro. Temos que deixar um legado para eles”, contou Leonardo.

Schuch reafirma que o papel da instituição é lutar ao lado das causas indígenas: “quando a gente começa a mostrar o nosso campus, também com estudantes de outras universidades, nós mostramos que aqui é o lugar para eles estarem estudando e trazendo suas famílias”. O objetivo do grupo por trás do evento é torná-lo fixo no mês de outubro e sediar outras vezes em Santa Maria para que, no futuro, seja realizada também uma etapa nacional das competições.

Texto: Kemyllin Dutra e Pedro Pereira, estudantes de Jornalismo
Fotos: Taiane Wendland, estudante de Produção Editorial e bolsista da TV Campus
Edição: Mariana Henriques, jornalista

 

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-1-67240

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes